Morreu Luciano Pavarotti, "um dos maiores tenores do século XX"

 

Da Agencia Lusa

Cantores líricos, ex-críticos de música e musicólogos enalteceram a carreira do tenor Luciano Pavarotti, considerando a sua morte hoje de madrugada “uma grande perda para o mundo da música clássica”.

O tenor italiano, de 71 anos, morreu em sua casa, em Modena, Itália, após uma longa luta contra um cancro no pâncreas.

Num comentário à morte de Pavarotti, a directora da Orquestra Metropolitana de Lisboa realçou o papel desempenhado pelo tenor na “mundialização da grande música clássica”.

Gabriela Canavilhas distinguiu o “papel importantíssimo que Pavarotti desempenhou na divulgação da ópera, do grande mundo lírico”.

“Foi o maior fenómeno de comunicabilidade na cena lírica mundial. Mais do que um músico era um cantor, com um enorme instinto e um apurado sentido de carreira que o levou sempre a trilhar caminhos de sucesso, escolhendo os papéis mais adequados, indo ao encontro do gosto popular”, comentou.

O director da Companhia Portuguesa de Ópera, Pedro Chaves, disse à Lusa que o tenor “foi uma personagem que conseguiu trazer a ópera para fora do público tradicional da ópera”, encantou multidões e foi “inspiração para muitas pessoas” entre as quais se inclui.

Pedro Chaves recordou, com alguma pena, que Pavarotti só actuou duas vezes em Portugal, no Coliseu de Lisboa e no Algarve.

O tenor Luciano Pavarotti foi uma “figura marcante e um dos melhores tenores do século XX”, comentou à agência Lusa João Pereira Bastos, antigo director da Antena 2 e ex-director de produção e artístico do Teatro Nacional de S. Carlos.

João Pereira Bastos contou à Lusa que teve o privilégio de conhecer Luciano Pavarotti em 1990, considerando-o uma pessoa simpática.

Por seu turno, a cantora lírica Ana Paula Russo classificou a voz de Pavarotti como a “mais bela voz de tenor que se conhece”, numa reacção à morte do cantor de ópera italiano.

Também o director-adjunto da Antena 2, estação dedicada à música erudita e à cultura, lamentou a morte de Luciano Pavarotti, que considerou ser o cantor de ópera mais popular de sempre.

“Morreu sem dúvida o mais popular cantor de ópera de sempre, a sua popularidade foi muito além da fronteira erudita e alcançou uma notoriedade semelhante a cantores como Celine Dion ou Bono dos U2, com quem cantou”, disse João Almeida à Lusa.

O musicólogo e director de música da Fundação Calouste Gulbenkian, Ruy Vieira Nery, disse à Lusa que Pavarotti foi “um dos grandes tenores do século XX”.

“Luciano Pavarotti era um fenómeno de popularidade rara que ultrapassou os limites da música erudita”, afirmou.

O antigo director do Teatro Nacional de S. Carlos e ex-crítico de música, João Pais, lamentou a morte do tenor, “um grande cantor” que tentou trazer por várias vezes a Portugal, mas sem sucesso.

João Pais contou à Lusa que nunca mais esqueceu a primeira vez que ouviu Luciano Pavarotti há mais de 40 anos no Scala de Milão.

“Vi Pavarotti pela primeira vez há mais de 40 anos no Scala de Milão numa interpretação extraordinária do Duque de Mântua, personagem da ópera Rigoletto de Giuseppe Verdi”, salientou.

Luciano Pavarotti, que morreu hoje de madrugada, tinha sido operado em Julho do ano passado a um tumor no pâncreas.

O tenor fora hospitalizado em Agosto, mas nas últimas semanas estava em sua casa, rodeado da família.

Dotado da mais excepcional e cara voz do Mundo, o tenor italiano soube impor-se nos palcos mais prestigiados – do Scala de Milão à Metropolitan Opera de Nova Iorque – com a sua imponente figura, a soberba barba escura e sorriso cativante.

Nascido a 12 de Outubro de 1935 em Modena (norte de Itália) Luciano decidiu-se primeiro pelo ensino, mas optou definitivamente pelo canto em 1961.

“A Boémia” de Puccini – a sua ópera preferida – que interpretou no palco da ópera de Reggio Emília, trouxe-lhe um êxito fulgurante, que depressa ultrapassou as fronteiras de Itália e da Europa.

Donizetti (“A Filha do Regimento”), Bellini (“A Sonâmbula”), Rossini (“Guilherme Tell”), Verdi (“Rigoletto”) estão presentes em mais de 30 anos de digressões mundiais do tenor.

Amante de puro-sangue, das massas frescas e dos bons vinhos, este gigante de 1,90 de altura (para um peso variável de 85 a 120 quilogramas) é pai de quatro filhas e avô.

Casou-se em segundas núpcias em Dezembro de 2003 com a sua ex-colaboradora Nicoletta Mantovani, trinta anos mais nova.

Em Julho de 1998, durante um mega-concerto transmitido a partir da Torre Eiffel (Paris), José Carreras e Plácido Domingo formaram com Pavarotti um formidável trio de tenores.

Á frente de uma das maiores fortunas do Mundo de uma farta discografia, o tenor do século, de 71 anos, empreendeu em Maio de 2004 uma digressão mundial de despedida.

Teve de a interromper em Julho de 2006 para ser operado a um cancro no pâncreas.

Deixe uma resposta