Guterres anuncia General brasileiro para chefiar missão de apuração dos fatos na Ucrânia

Da Redação com ONU News e agencias

O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz foi escolhido pelas Nações Unidas para liderar uma missão de apuração dos fatos na Ucrânia.

O anúncio do nome do brasileiro Santos Cruz foi feito pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, durante uma conversa com jornalistas ao lado do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, na cidade de Lviv, nesta quinta-feira.

“O general Santos Cruz é um respeitado oficial com mais de 40 anos de experiência militar e em segurança pública nacional e internacional, inclusive como comandante de operações de paz da ONU”, detalhou António Guterres.

De Brasília, Santos Cruz disse em entrevista que se sentiu muito honrado por ter seu nome considerado por Guterres.

“Eu tomei conhecimento agora de que o secretário-geral da ONU considerou o meu nome para cumprir uma tarefa na Ucrânia. Eu fico muito honrado e tenho a certeza de que os companheiros que irão também ser selecionados pelas Nações Unidas são pessoas da mais alta qualidade, e isso é uma grande garantia para o nosso trabalho, para que possamos ter um resultado positivo sobre o assunto que vai ser tratado.”

O general brasileiro já comandou duas missões de paz das Nações Unidas, a Minustah, no Haiti, e a Monusco, na República Democrática do Congo, na África. E também produziu um relatório, conhecido como Santos Cruz Report, sobre o funcionamento de missões de paz pelo mundo.

Guterres afirmou que o que aconteceu no centro de detenção foi inaceitável. Ele lembrou que todos os prisioneiros de guerra têm de ser protegidos sob a Lei Humanitária Internacional. O chefe da ONU também afirmou que a Cruz Vermelha precisa ter acesso aos detentos.

Na manhã de 29 de julho, mais de 50 prisioneiros de guerra ucranianos foram mortos num centro de detenção em Olenivka, na região de Donetsk. Rússia e Ucrânia trocam acusações em relação à responsabilidade do ataque.

A missão de apuração dos fatos, a ser liderada pelo general brasileiro, foi um pedido dos governos da Ucrânia e da Rússia à ONU. Os termos de funcionamento da missão serão compartilhados com ambos os países assim como a configuração da equipe.

Para o secretário-geral, uma missão de apuração dos fatos deve ser livre para encontrar os fatos, e que a equipe tem que poder recolher e analisar a informação necessária. De forma segura e com acesso irrestrito às pessoas e às evidências sem interferência de nenhum lugar.

E segundo Guterres, a ONU continuará cooperando para fazer sua parte.

Guterres chegou na quarta-feira à cidade ucraniana de Lviv para um encontro trilateral com Zelensky e Erdogan, após encontros bilaterais com ambos os chefes de Estado, sobre a exportação de cereais, mas também o estado geral do conflito, a necessidade de uma solução política e outras questões, como a situação na central nuclear de Zaporijia e as tentativas de envio de uma missão de especialistas internacionais para avaliá-la no terreno.

Depois de Lviv (oeste), Guterres seguirá para Odessa (sul), cujo porto está a ser utilizado para a exportação de cereais ucranianos através do acordo impulsionado pela própria ONU e pela Turquia.

Mais tarde, o chefe das Nações Unidas viajará para Istambul, na Turquia para visitar o Centro de Coordenação Conjunta que fiscaliza o cumprimento desse pacto.

A presidência ucraniana anunciou, em comunicado, que Guterres e Zelensky discutiram, no encontro bilateral entre ambos, a missão de averiguação da ONU a Olenivka e que o Presidente ucraniano propôs incluir no mandato da missão a questão do cumprimento, pela Rússia, dos acordos sobre a retirada dos combatentes ucranianos da fábrica Azovstal, em Mariupol (sul).

“Desde a invasão russa da Ucrânia, tenho sido claro: não há solução para a crise alimentar global sem garantir acesso global total aos produtos alimentícios da Ucrânia e alimentos e fertilizantes russos. Quero expressar a minha gratidão a todas as partes pelo apoio” na implementação do acordo de exportação de cereais via Mar Negro, disse Guterres em Lviv, ao lado do chefe de Estado ucraniano, e do Presidente turco.

“Temos visto sinais de que os mercados globais de alimentos estão a começar a estabilizar. Os preços do trigo caíram até 8% após a assinatura dos acordos. O Índice de Preços de Alimentos da FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação] caiu 9% em julho – a maior queda desde 2008. A maioria das ‘commodities’ alimentares está a ser negociada a preços abaixo dos níveis pré-guerra”, salientou Guterres.

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