Dom Cláudio é indicado para comando mundial do clero

No cargo de prefeito da Congregação para o Clero, Hummes chefiará cerca de 400 mil padres mundo afora. Também terá de enfrentar questões complicadas, como os casos de pedofilia e a laicização (processo pelo qual os padres abandonam o sacerdócio).

-Vejo a perspectiva simbólica de Hummes influenciar as raízes da Igreja. Isso é um reconhecimento para o Brasil, onde vive um em cada dez católicos (do mundo) e onde a Igreja é muito ligada à classe pobre – disse Fernando Altemeyer, professor de Teologia e ouvidor da PUC-SP.

É também um reconhecimento por parte do papa Bento XVI do fato de que Hummes foi progressivamente se distanciando dos movimentos de esquerda, embora sem abandonar as questões sociais, e se voltando para os dogmas católicos tradicionais. Nas décadas de 1970 e 1980, Hummes ajudou os sindicatos de esquerda na luta contra a ditadura e, quando era bispo de Santo André (São Paulo), chegou a abrigar reuniões de grevistas em sua paróquia.

Na época, a ação foi saudada pelo então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, a quem dom Cláudio veio defender décadas depois, já na Presidência, quando foi descrito pelo cardeal do Rio de Janeiro, dom Eusébio Scheid, como "caótico" e não "católico". De acordo com dom Cláudio, o presidente, seu amigo pessoal, já comungou com ele diversas vezes e "é católico a seu modo".

Mesmo tornando-se mais moderado com o passar do tempo, ele continua defendendo o MST, os sem-teto e os movimentos de moradores de favelas. Hummes também é conservador. Opõe-se ao uso de preservativos e à sua distribuição pelo governo, condena o aborto e as pesquisas com células-tronco, mas defende o diálogo em vez do confronto.

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