Açores, exemplo na política de Migrações

Por Vanessa Sene
Especial de Ponta Delgada, nos Açores para o Mundo Lusíada

Portas da Cidade, Ilha de São Miguel.

A intenção do governo dos Açores em receber a Conferencia Metropolis é sobretudo divulgar as atividades que vem sendo realizadas em prol dos imigrantes, emigrantes e dos chamados retornados. O arquipélago dos Açores conta atualmente com 250 mil habitantes. Na diáspora, são milhões de açorianos espalhados pelo mundo, seis vezes mais do que nas ilhas.

Entre os bons exemplos que o governo tem para contar estão na diáspora. Os açorianos residem em países que souberam integrar muito bem suas comunidades nas sociedades locais. “No Brasil, estamos muito bem integrados. E temos uma dívida histórica com estes países” diz Dra. Graça Castanho, diretora Regional das Comunidades, mencionando ainda destinos como Estados Unidos e Canadá.

No estrangeiro, o governo açoriano suporta suas comunidades através de projetos que o próprio governo idealiza, e também contam com diversas parcerias com organizações locais.

Diáspora elogiada

O presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos Cesar, na abertura oficial do Metropolis fez questão de dizer que faz parte da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, colocando a comunidade açoriana no Brasil como uma das de maior destaque no mundo. Segundo ele, receber tantos pesquisadores sobre o tema, de países diferentes, é muito importante tendo como palco, pela primeira vez, os Açores.

Segundo mencionou em discurso, em 1947 seis mil açorianos migraram para o seu primeiro destino: São Paulo e Rio de Janeiro. “A minha avó nasceu no Brasil, para onde seus pais tinham imigrado” contou.

Cerca de um milhão de açorianos estão nos EUA e Canadá, quatro vezes mais que a população dos Açores. E todas estas migrações afastaram cerca de 200 mil açorianos do arquipélago, segundo ele, pela falta de desenvolvimento na região. “Felizmente esta realidade mudou” afirma.

Carlos César disse que o arquipélago é grato pelos países de acolhimento dos açorianos. “As comunidades açorianas não são apenas consequências da nossa historia, mas a própria historia dos Açores em todo o mundo”. De acordo com ele, as casas açorianas espalhadas em países diversos são a forma de propagar a herança cultural à geração mais jovem, fazendo uma divulgação do arquipélago nas comunidades locais.

E a integração destas comunidades pode ser um desafio, mas é fundamental. Por isso, citou, Açores quer uma integração plena dos imigrantes em suas ilhas, oferecendo qualidade de vida, como tem sabido superar este tema nos países de acolhimento. “Buscamos soluções aos novos desafios na área das migrações”.

Dra. Graça Castanho, durante apresentação dos projetos do governo sobre integração dos imigrantes.

De acordo com a diretora das Comunidades, Dra. Graça Castanho, são atualmente nos Açores 86 nacionalidades diferentes entre as comunidades imigrantes residentes na ilha. Por isso, o governo iniciou um grande trabalho em prol da população residente de outras origens.

Várias Nacionalidades

No arquipélago, para os projetos com os imigrantes, o governo Açoriano sempre mantém contato com embaixadas e consulados de várias nacionalidades para divulgação de seus projetos. Um deles foi a divulgação de histórias de pessoas nas ilhas de nacionalidades variadas, um programa ativo em toda a ilha que culminará na edição de três livros e um programa de tv transmitido nas nove ilhas. Estes programas são divulgados em escolas nos Açores, e passa por temas como diversidade, cidadania, diálogo intercultural e outros.

O governo promove ainda o Dia do Imigrante, que este ano acontece na ilha de Faial, com diplomas de homenagens a alguns imigrantes residentes no arquipélago, durante a festa enfeitada com as 86 bandeiras representativas dos imigrantes nos Açores.

De acordo com Dra. Graça, toda a comunidade na ilha conta com o suporte do governo. “Eles se sentem protegidos” diz ela sobre o tema que discute a imigração ilegal também. Para quem deseja ficar na ilha, em 06 anos é possível conseguir sua legalidade, sendo sempre acompanhado pelo governo. “Tentamos a fazer tudo o que está a nosso alcance”.

O governo açoriano vem sendo cotado como uma referência no campo da imigração, pelo trabalho desenvolvido no arquipélago. Eles querem ser exemplos de políticas públicas para imigrantes e deportados na integração desta comunidade. Por todo trabalho desenvolvido, eles se tornaram referência no assunto, e por isso foram escolhidos para receber a conferencia Metropolis, na discussão destes temas.

O arquipélago conta atualmente com o trabalho da AIPA, uma associação voltada aos imigrantes que tem total apoio do governo açoriano. Entre os 2% de imigrantes nos Açores, a primeira comunidade é a de brasileiros, seguida pelos caboverdianos.

Em meio aos projetos futuros nesta área, o governo dos Açores quer reunir especialistas para discutir temas como educação entre os imigrantes, qualidade de vida no país de acolhimento e deportação, entre outros, em evento a acontecer no Canadá, no próximo mês de Novembro. Neste Simpósio Internacional, participantes dos países de língua portuguesa também estarão representados, e contará ainda com bons exemplos realizados em alguns lugares do mundo, dentre eles os exemplos de referência nos Açores, em Portugal.

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