Portuguesa é curadora de mostra no Rio com grandes nomes da arte de rua

Exposição destaca olhar de artistas estrangeiros sobre Brasil.

 

'Passa para Cá', do português MaisMenos, critica a Copa do Mundo. Foto: Divulgação
‘Passa para Cá’, do português MaisMenos, critica a Copa do Mundo. Foto: Divulgação

Da Redação

A curadora portuguesa Leonor Viegas esteve de passagem no Brasil, em agosto, como curadora da mostra Street Art – Um Panorama Urbano, a convite do produtor brasileiro Luiz Prado. A exposição está aberta ao público até 5 de outubro, na Caixa Cultural Rio. As visitas podem ser feitas de terça a domingo, sempre das 10h às 19h, com entrada franca.

A mostra Street Art tem como destaque o olhar de artistas estrangeiros sobre o Brasil, o que se reflete em algumas instalações. O resultado foi fruto de viagens de alguns deles pelo país. “A maioria dessas obras foi pensada para esse projeto. Não foi uma imposição minha retratar o Brasil embora tenha ficado muito contente com esta decisão dos artistas e, também, com o resultado final”, revela Viegas.

“Não foi trabalho fácil eleger dez artistas para esse evento porque considero que existem coisas ótimas acontecendo nas ruas de todo o mundo”, explica Leonor. Apesar de conviver profissionalmente com nomes expressivos dessa cultura, Viegas revela um carinho especial por Alexandre Farto Vhils e o MaisMenos, portugueses com quem trabalhou de forma mais intensa nos últimos anos.

Sobre os artistas brasileiros, a curadora destacou a linguagem e o estilo próprios, caracterizados pelas cores fortes o que, segundo ela, é uma característica de toda América do Sul. “O grafite e a arte urbana em geral são uma ferramenta expressiva usada não só para deixar as ruas bonitas, mas para exprimir ideias, o que foi bem visível durante a Copa 2014”, comenta Leonor.

Beleza e integração social
Diferente do que muitos imaginam, pintar nas ruas não é uma atividade barata, especialmente no Brasil. Uma latinha de spray, por exemplo, custa em média R$ 20. “Esta não pode ser considerada uma arte para quem tem baixo poder aquisitivo, mas uma iniciativa capaz de juntar jovens de diferentes classes sociais, tal como o skate. Na minha opinião, é um fenômeno forte do ponto de vista social, no qual jovens de camadas mais altas acabam por interagir com menos favorecidos tornando possíveis estas intervenções”, explica Leonor.

Quanto ao preconceito que ainda permeia a arte de rua – confundida muitas vezes com a pichação -, Leonor assegura que os tempos são outros. ”Estamos vivenciando uma fase de aceitação e reconhecimento dessa cultura”, disse.

Prova disso, segundo ela, é que o grafite e a arte urbana seguiram um caminho inverso ao habitual: saíram das ruas para os museus e galerias, conquistando o seu espaço.

“As pessoas começaram a querer ver e adquirir essas obras, levando um pouco dessa linguagem para as suas casas. Acho que é muito interessante ver a adaptação destes artistas das ruas para os museus, em diferentes suportes e técnicas”, comemora Viegas.

Arte em ascensão
Nos últimos anos, a arte urbana ganhou força, sendo vista cada vez mais como uma forma de aproximar as pessoas de comunidades. Leonor tem a convicção de que esse tipo de arte popular será lembrado pelas gerações futuras tal como foi a pop art, nos anos 60.

“A arte urbana dialoga muito bem com o público. O seu crescimento tem sido exponencial e penso que se manterá. Trabalhos como o do inglês Banksy e de outros artistas no muro da Palestina serão eternamente lembrados”, constata.

Com novos planos e projetos, Leonor confessa que adora viajar. Entre seus próximos trabalhos estão uma exposição em Brasília e a preparação de um festival de arte urbana em uma região esquecida, no sul de Portugal.

“Acho superinteressante lembrar lugares que estão quase escondidos no mapa, através da arte urbana, dando lhes uma nova vida. Há inúmeros casos de festivais de arte urbana que se tornaram uma enorme alavanca para a economia local. A arte urbana é um verdadeiro museu a céu aberto”, conclui.

Sobre a exposição
Quem for à galeria conhecerá obras de artistas como os franceses Jef Aerosol e Rero, de Pixel Pancho e a dupla StenLex, da Itália, dos irmãos americanos HowNosm, dos portugueses ±MaisMenos± e Vhils, e dos brasileiros Herbert Baglione e Nunca. Destaca-se, ainda, obra inédita do inglês Banksy, o nome mais conceituado da street art na atualidade. A peça Everyday a Fresh Load of Compromise (2006) foi cedida por um colecionador especialmente para a exposição.

Serviço
Exposição Street Art – Um panorama urbano
Visitação: até 05 de outubro (terça-feira a domingo)
Horário: 10h às 21h
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Galeria 4
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô: Estação Carioca)
Telefone: (21) 3980-3815
Entrada Franca
Acesso para pessoas com deficiência

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: