UE apóia adesão da Rússia na OMS

A cúpula UE-Russia aconteceu na sexta-feira, 26 de outubro no Palácio-convento de Mafra em Portugal, com a participação também do primeiro-ministro português, José Sócrates, atual líder do principal órgão da União Européia (UE), e o presidente da Comissão Européia, Durão Barroso.

Durante a abertura da sessão plenária da Cimeira UE/Rússia, nos arredores da capital portuguesa, Sócrates defendeu que uma "relação estável" entre a União Européia e a Rússia é considerada essencial para a paz no Mundo. "Os políticos têm que saber responder às incertezas e às tensões do mundo atual. Nada contribuirá mais para a paz no Mundo do que uma boa relação estável e duradoura entre União Européia e Rússia", declarou Sócrates, como presidente em exercício do Conselho Europeu de líderes da UE.

Na sua curta declaração, o primeiro-ministro português dirigiu-se diretamente ao chefe de Estado russo, Vladimir Putin, para lhe deixar a mensagem de que a delegação européia partia para a Cimeira de Mafra com "espírito construtivo". "Neste ambiente tão inspirador como o de Mafra, a delegação européia parte para a cimeira com uma vontade muito construtiva e positiva. Este é o espírito que nos anima", frisou.

Antonio Cotrim/Lusa Presidente russo, Vladimir Putin, durante a imprensa Conferência no final da Cimeira UE – Rússia, em Mafra Palace 26 de Outubro de 2007.

Putin Durante a abertura da cúpula de Mafra, o presidente russo afirmou que as negociações para um novo acordo de parceria União Européia-Rússia, bloqueadas há um ano pela Polônia, poderão começar em breve. "Esperamos poder não só começar em breve as negociações para um novo acordo, como também ter um projeto de acordo num futuro próximo".

Em declarações à imprensa antes da reunião de Mafra, a comissária européia para as Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner, disse que as negociações com a Rússia podem começar já na próxima cúpula euro-russa, marcada para maio de 2008. As negociações entre Bruxelas e Moscou para um novo Acordo de Parceria Estratégica UE-Rússia encontram-se em um impasse desde a penúltima cúpula entre os dois blocos, em Helsinque, em 24 de novembro de 2006.

O novo acordo de parceria UE-Rússia deve incluir um capítulo decisivo sobre as questões energéticas, que os europeus querem ver tratadas com maior transparência e reciprocidade e nas quais os russos querem consagrada a sua possibilidade de investir nas redes de distribuição da Europa. Por enquanto, apenas dois acordos devem ser assinados, um sobre o combate ao tráfico de droga, e outro relacionado com as importações de produtos em aço.

Na sua intervenção, o presidente russo apelou aos europeus para que deixem de lado as reservas quanto à presença de empresas russas em seus mercados. "A idéia de que os russos chegam com o seu dinheiro assustador, os seus horríveis investimentos, e que querem comprar tudo, é no mínimo cômica", disse Putin.

Durante conferência de imprensa, o presidente da Rússia afirmou que, caso o seu país mantenha a atual trajetória de crescimento, "ficará à frente da França" em termos de peso na economia mundial. "Neste momento, a Rússia já está à frente da Itália". De acordo com Vladimir Putin, os fatores da origem deste crescimento econômico, especificamente, “dois terços do crescimento russo provêm da sua indústria transformadora e não dos seus recursos naturais".

Rússia na OMC Para o ministro-português, José Sócrates, após a realização da cúpula UE-Rússia, em Portugal, ficou "mais próxima" a adesão russa à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Durante a conferência de imprensa, Sócrates, na condição de atual presidente do Conselho Europeu, chefiou a delegação da UE, afirmou que UE e Rússia travaram "uma longa discussão sobre o processo de adesão russo à OMC" , durante a cúpula de Mafra (arredores de Lisboa). "O presidente russo, Vladimir Putin, teve a ocasião de referir detalhadamente as dificuldades que ainda existem sobre a adesão do seu país à OMC, mas na cimeira de Mafra registraram-se progressos", afirmou.

José Sócrates sublinhou depois que a UE encara a adesão da Rússia à OMC como “vantajosa para todos", destacando que “uma grande economia como a Rússia” deveria fazer parte da OMC. "Os problemas técnicos que ainda subsistem são pequenos e podem ser resolvidos. Pela parte da UE, foi oferecida toda a colaboração e todo o empenho para que esses problemas técnicos possam ser solucionados", disse.

O presidente da Comissão Européia (braço executivo da UE), Durão Barroso, também realçou a confiança na solução da questão, e disse que o bloco apóia adesão da Rússia. "A UE foi o primeiro e continua a ser o mais forte apoio da adesão da Rússia à OMC”, disse.

Paulo Carrico/Lusa Presidente russo, Vladimir Putin, cumprimenta Cavaco Silva, chega a Jerônimo Monastery, em Lisboa. Vladimir Putin está em um período de dois dias Visita oficial a assistir à próxima cimeira UE – Rússia.

No Palácio da Ajuda O presidente russo, Vladimir Putin, considerou a relação bilateral com o bloco com “confiança” e “amizade” e assegurou que Rússia e Portugal partilham os mesmos valores e têm posições próximas sobre os problemas da atualidade. “As negociações que tivemos em Lisboa deram mais uma vez o sinal de que entre ambas as partes existe amizade e confiança”, disse Putin num breve improviso, durante o banquete oficial oferecido em sua honra pelo presidente português, Aníbal Cavaco Silva, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. Em sua segunda visita oficial, Putin manifestou o “prazer” de estar novamente em Portugal.

O presidente português defendeu um diálogo entre ambos numa “base sólida” com confiança e “respeito mútuo”.

A delegação da EU contou também com o Alto Representante para a Política Externa da UE; Javier Solana, o chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado; a comissária européia para as Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner; e o comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson. Entre os russos, estiveram presentes no encontro Serguei Lavrov, ministro russo das Relações Exteriores; Serguei Iastrmjembski, assessor do Kremlin para as relações com a União Européia; Victor Jristenko, ministro da Indústria e Energia, e Andrei Fursenko, ministro da Educação e da Ciência da Rússia.