PS diz que continuará a fazer oposição “construtiva” após “vitória histórica” nas autárquicas

Mundo Lusíada
Com agencias

Autárquicas 2013: António Costa do PS festeja vitória em Lisboa, 29 de Setembro. Foto: ANDRE KOSTERS/LUSA
Autárquicas 2013: António Costa do PS festeja vitória em Lisboa, 29 de Setembro. Foto: ANDRE KOSTERS/LUSA

O Partido Socialista (PS) considerou em 30 de setembro que obteve uma vitória “histórica” nas eleições autárquicas de domingo, sustentando que nunca uma só força política tinha antes conquistado 150 câmaras, e salientou que “continuará” a fazer oposição “construtiva”.

Estas posições foram assumidas por Miguel Laranjeiro a meio de uma reunião do Secretariado Nacional do PS, destinada a analisar os resultados das eleições autárquicas do dia 29.

“Tratou-se de uma vitória histórica do PS, os melhores resultados do PS desde sempre, conquistando 150 câmaras, mais freguesias e mais mandatos. Houve claramente um reforço da confiança dos portugueses no PS e uma recusa inequívoca das políticas do Governo”, declarou o dirigente socialista.

De acordo com Miguel Laranjeiro, “nunca antes nenhum partido tinha vencido em tantas câmaras municipais na história da democracia portuguesa”.

Interrogado sobre se o PS poderá apresentar uma segunda moção de censura ao Governo nesta nova sessão legislativa, o dirigente socialista respondeu que esse tema não foi analisado na reunião do Secretariado Nacional.

“O PS já apresentou uma moção de censura no parlamento e, nessa altura, ficou clara a posição do partido. O que agora interessa são as propostas que o PS vai levar a debate já nesta semana” na Assembleia da República, referiu, numa alusão aos diplomas apresentados pelos socialistas que pretendem estimular o crescimento econômico.

Já sobre a ideia de o PS voltar a defender a realização de eleições antecipadas, Miguel Laranjeiro disse que o PS “continuará a fazer uma oposição de propostas, uma oposição construtiva, mas denunciando as políticas erradas de austeridade do Governo”.

Vitória castiga Governo e troika

A vice-secretária-geral do espanhol PSOE, Elena Valenciano, congratulou o PS pela vitória, que disse representar “um duro castigo” à política do Governo português e da troika.

“É um sinal muito contundente dos portugueses, que não estão dispostos a mais sacrifícios sem sentido e que querem dirigentes sensíveis às suas necessidades, conscientes de que o país requer políticas de crescimento que gerem emprego”, refere o PSOE, em comunicado enviado aos seus “irmãos” portugueses.

O PSOE destaca o fato do PS “se ter convertido, com 36,3% dos votos, na força com maior apoio e mais câmaras”, presidindo também à Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

Resultados que, segundo o partido espanhol, “representam um duro castigo à política de cortes e austeridade do Governo conservador de Passos Coelho, que, sob ordens da troika, meteu o país num beco no qual não se vislumbra nenhuma saída”.

Estes resultados representam “uma vontade de mudança e um voto de confiança dos portugueses às forças progressistas e ao projeto alternativo que o PS lidera para retirar o país desta situação antes que os danos sejam irreversíveis”, adianta o PSOE.

Valenciano congratulou expressamente o secretário-geral do PS, António José Seguro, manifestando-se convencida de que o seu trabalho o “conduzirá à vitória nas próximas eleições gerais de Portugal” e também António Costa “pela sua histórica vitória com maioria absoluta, que representa o seu terceiro mandato na cidade de Lisboa”.

CDS-PP volta a ser relevante

O presidente centrista, Paulo Portas, declarou que, com a conquista da presidência de cinco câmaras municipais, o CDS-PP voltou a ser “um partido relevante nas autarquias”, com quem terão que contar na Associação Nacional de Municípios.

“Conseguimos esta noite voltar a ser um partido relevante nas autarquias locais”, afirmou Paulo Portas, numa declaração na sede do CDS-PP, em Lisboa, em que não respondeu a perguntas dos jornalistas.

O CDS-PP manteve a liderança da autarquia de Ponte de Lima, continuando em maioria absoluta, e conquistou, por maioria absoluta, a presidência das câmaras municipais de Albergaria-a-Velha, Vale de Cambra, Velas e Santana.

“Terão que contar conosco na Associação Nacional de Municípios Portugueses”, declarou o também vice-primeiro-ministro.

Passos assume derrota

O Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho assumiu que o seu partido teve “um dos piores resultados” nestas eleições autárquicas.

Passos Coelho admitiu que sempre “há leituras nacionais” destas eleições autárquicas, que foram ganhas com uma “vitória expressiva do PS”, um “resultado claramente negativo para o PSD”, classificou.

“Sabemos evidentemente que há sempre um preço a pagar pela forma como estamos na política. O facto de esta campanha ter mostrado que as candidaturas que suportávamos não cediam ao populismo e, antes pelo contrário, se mantinham com os pés bem assentes na terra acaba sempre por trazer consequências eleitorais, não tenho dúvida”, afirmou Pedro Passos Coelho à imprensa.

Além do PS ter sido o partido com mais presidentes de Câmara eleitos nas autárquicas, 150, e incluindo uma em coligação, no Funchal, o PSD, sozinho ou em coligação, conseguiu 106 câmaras: 86 em listas próprias e outras 20 em coligações (16 com o CDS-PP, duas com CDS-PP e o PPM, uma com o PPM e uma com CDS-PP, PPM e MPT).

A CDU, com um total de 34 câmaras, reconquistou alguns municípios, como Loures, Évora, Beja, Grândola e Cuba. O CDS conseguiu vencer cinco câmaras. O BE perdeu o único concelho que governava, Salvaterra de Magos. Os independentes conseguiram a presidência de 13 municípios.

A abstenção foi a mais alta de sempre nas autárquicas, nos 47,4%. Foram quase 190 mil votos brancos (3,87%) e 145 mil votos nulos (2,95%).

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