Presidente quer voltar a Timor-Leste “o maior número de vezes”, Ramos-Horta vai visitar Portugal

Da Redação com Lusa

O presidente português Marcelo Rebelo de Sousa afirmou neste sábado que quer voltar a Timor-Leste “o maior número de vezes possível”, como Presidente e depois de cessar funções, e José Ramos-Horta aceitou o seu convite para visitar Portugal.

Os dois chefes de Estado estiveram juntos num encontro com portugueses residentes em Timor-Leste, num hotel de Díli, último ponto do programa da primeira visita oficial de Marcelo Rebelo de Sousa a este país, que juntou centenas de pessoas.

“O que eu posso prometer é o seguinte: farei tudo o que puder como Presidente da República Portuguesa, e depois quando deixar de ser, para vir cá o maior número de vezes possível”, declarou o chefe de Estado português.

O Presidente de Timor-Leste, Ramos-Horta, que foi o convidado especial desta recepção à comunidade portuguesa, comunicou que aceitou o seu convite do seu homólogo português para ir a Portugal neste ano e participar na Web Summit e num fórum empresarial.

Perante uma sala cheia, dirigindo-se para Marcelo Rebelo de Sousa, disse: “Senhor Presidente, é mesmo muito popular. Está toda a gente aqui por sua causa. Um caloroso abraço a si, leve o abraço para Portugal. E aceito o seu convite para visitar Portugal”.

Antes, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu a presença de Ramos-Horta nesta recepção à comunidade portuguesa, realçou o seu papel na resistência timorense contra a ocupação indonésia, premiado com o Nobel da Paz em 1996, e considerou que “é uma justiça” ter sido escolhido pela segunda vez para exercer o cargo de Presidente de Timor-Leste.

“Está já na galeria da História, mas está também ao mesmo tempo a servir o seu povo fazendo ainda mais História. Isto é muito raro, é muito”, assinalou, observando: “É bom que quem está hoje aqui a viver este momento tenha a noção de que é um momento histórico”.

O chefe de Estado português reiterou a ideia de que a luta pela independência de Timor-Leste foi “a causa que mais uniu os portugueses” nas últimas décadas e apontou a democracia timorense como “um sucesso no mundo, como foi um sucesso a persistência de um povo”.

“Normalmente eu ouço estes discursos de elogio num funeral. Eu estava a pensar: espera aí, que estou vivo. Agradeço imenso a sua gentileza, a generosidade de vir até Timor-Leste nos alegrar, nos honrar com a sua presença aqui”, respondeu Ramos-Horta.

O Presidente da República condecorou, na Escola Amigos de Jesus em Díli, o Padre Jesuíta João Felgueiras, com o Grã-Cruz da Ordem de Camões, pelo seu papel na difusão da língua e cultura portuguesa em Timor-Leste.

Professores

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que há vontade política de alargar o projeto Centro de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) com mais professores de português e mais escolas em Timor-Leste.

“Passaram uns anos e o projeto está a caminhar, vai caminhar mais, vai ser mais ambicioso. Queremos ter mais professores e mais escolas e formar mais professores e formadores timorenses”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em Díli.

Em encontro com portugueses residentes em Timor-Leste, entre os quais destacou a presença de “200 professoras e professores que todos os dias em todos os pontos do território de Timor estão a trabalhar pela sua pátria”.

“E saibam, caríssimas e caríssimos compatriotas, que a ideia foi do Presidente Ramos-Horta. O projeto CAFE começou por ser uma ideia dele, há muitos anos”, referiu.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que o atual ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que o acompanhou nesta visita, também teve intervenção na criação deste projeto educativo, quando era secretário de Estado.

“Contra o que é natural, o Presidente teve uma ideia e o governante português executou logo a ideia. Podiam ter hesitado, um ou outro, mas não, deu certo”, salientou.

Por sua vez, José Ramos-Horta disse que alguns dos professores portugueses em Timor-Leste, sobretudo os do CAFE, ensinam “em municípios bem distantes de Díli”, incluindo em “lugares ainda muito isolados” em termos de ligações rodoviárias.

“Esses professores merecem muito mais apoio, muito mais carinho de todos nós, do Governo português e do Estado timorense — sobretudo nosso, que somos os anfitriões desses missionários da educação que vieram de tão longe e estão nalguns lugares muito distantes”, considerou.

Depois, Ramos-Horta enquadrou o seu papel e o de Marcelo Rebelo de Sousa nesta matéria enquanto chefes de Estado: “Temos um mandato e intervenção limitado a decisões que pertencem aos respetivos governos e aos respetivos parlamentos. Nós somos os porta-vozes dos anseios, das aspirações, do que sentimos que é prioridade nacional para falarmos aos respetivos governantes”.

O projeto CAFE tem como objetivos a formação de professores timorenses e o ensino da língua portuguesa através de um protocolo de cooperação bilateral, atualmente com mais de 300 professores, de Portugal e de Timor-Leste, em 13 escolas.

Marcelo Rebelo de Sousa visitou a escola de Díli na quinta-feira.

Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se a Timor-Leste especialmente para as cerimônias oficiais de posse do novo Presidente timorense, José Ramos-Horta, na quinta-feira, e dos 20 anos da restauração da independência, na sexta-feira, nas quais representou o Estado português e as instituições europeias.

O programa desta sua primeira visita oficial à República Democrática de Timor-Leste, centrada na capital, Díli, termina hoje e o chefe de Estado regressa a Lisboa no domingo.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa discursou no Parlamento Nacional de Timor-Leste durante a sessão plenária, que marcou a comemoração do 20.º aniversário da Constituição da República Democrática de Timor-Leste.

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