Presidente português recebido com honras militares no Palácio de Buckingham

Da Redação com Lusa

Neste 15 de junho, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou o Rei Carlos III do Reino Unido, em Londres, com o Grande-Colar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. A distinção foi atribuída ao monarca britânico durante um encontro no Palácio de Buckingham esta manhã.

A mesma condecoração tinha sido atribuída anteriormente à mãe do monarca, a Rainha Isabel II.

Marcelo Rebelo de Sousa foi hoje recebido com honras militares em Buckingham, ao ser recebido pelo Rei Carlos III a propósito do 650.º aniversário da Aliança Luso-Britânica.

O chefe de Estado português chegou ao Palácio pelas 10:20 para ser recebido pelo monarca britânico no pátio interior conhecido por ‘Quadrangle’, segundo fonte da Presidência.

Após a execução do hino nacional de Portugal por uma banda militar da companhia ‘Welsh Guards’, os dois passaram revista à guarda de honra conjunta de militares britânicos e portugueses.

A força nacional foi composta por 18 militares, representando os três ramos (Exército, Marinha e Força Aérea), juntamente com um oficial do exército como porta-estandarte nacional e uma oficial da Marinha como comandante, num total de 20 elementos.

O pelotão britânico da ‘Nijmegen Company’, dos ‘Grenadier Guards’, teve uma dimensão idêntica ao português.

Após o breve encontro, o Rei e o Presidente português viajaram juntos, de automóvel, os cerca de 500 metros até à Capela da Rainha do Palácio de St. James para assistir a uma cerimônia de celebração dos 650 anos da Aliança Luso-Britânica.

A mais antiga relação diplomática entre dois países ainda em vigor remonta ao Tratado de Tagilde, assinado em 10 de julho de 1372, reforçado pelo Tratado de Paz, Amizade e Aliança em 16 de junho de 1373 celebrado pelo rei Eduardo III de Inglaterra e Afonso I de Portugal.

A Capela da Rainha do Palácio de Saint James era usada pela Rainha Catarina de Bragança (1638-1705), casada com o Rei inglês Carlos II.

O serviço religioso anglicano dura cerca de 40 minutos e contar com a presença de representantes oficiais dos dois países, entre os quais os ministros dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho e James Cleverly.

O evento foi promovido pela Portugal-UK 650, uma iniciativa não oficial de caráter voluntário e sem fins lucrativos que organizou as celebrações dos 650 anos da Aliança Luso-Britânica.

O presidente português também convidou o rei para visitar Portugal. “Eu fiz-lhe uma proposta que é quase irrecusável, que é não ser uma visita de Estado porque a visita de Estado o rei faz uma, duas por ano e são muito longas [e] ainda tradicionais”, disse Marcelo aos jornalistas na residência do embaixador de Portugal no Reino Unido, em Londres. O chefe de Estado português sugeriu que a viagem do monarca britânico a Portugal “seja uma visita curta, concentrada naquilo que lhe interessa, que é ver o novo Portugal na energia, no digital, na natureza sustentável, estar com a comunidade britânica”.

Cerimônia em detalhes

O brasão da rainha Catarina, unido ao de Carlos I, em talha, ainda permanece de forma destacada por cima do altar e na galeria, representando os laços próximos entre a família real britânica e Portugal.

No exterior estavam formados dois destacamentos militares e uma banda, incluindo um grupo montado regimento de ‘Household Cavalry’ e um grupo apeado de ‘Welsh Guards of the Household Division’.

A entrada na Capela foi anunciada por quatro trompetistas oficiais, fazendo levantar a assistência de cerca de 100 pessoas.

Presentes estavam os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e do Reino Unido, João Gomes Cravinho e James Cleverly, e o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Portugal, general Nunes da Fonseca.

Entre os convidados estavam o embaixador do Reino Unido em Portugal, Christopher Sainty, a embaixadora de Portugal na UNESCO, Rosa Batoréu, bem como os duques de Bragança e de Wellington.

A cerimônia incluiu leituras em inglês e português e um programa com música de autores ingleses e portugueses, com peças de William Byrd, Thomas Tomkins, Vicente Lusitano, Diogo Dias Melgás e Manuel Rodrigues Coelho.

As composições vocais foram interpretadas pelo Coro do Queen’s College da Universidade de Oxford e o Coro da Capela Royal [Chapel Royal].

O evento de hoje foi o culminar do programa de atividades da Portugal-UK 650, uma iniciativa não oficial sem fins lucrativos que organizou as celebrações dos 650 anos da Aliança Luso-Britânica, que teve o patrocínio dos dois chefes de Estado.

Num breve discurso, a presidente da Portugal-UK 650, Maria João Rodrigues de Araújo, afirmou que o objetivo foi “celebrar e promover a história comum” e “escrever novos capítulos de cooperação”.

“Acredito sinceramente que cumprimos todos os objetivos a que nos propusemos. Estabelecemos projetos e colaborações de longo prazo que irão cimentar os laços de amizade entre os cidadãos de ambas as nossas Nações, assegurando que a Aliança Anglo-Portuguesa, a mais antiga Aliança ainda em existência, continue a prosperar”, vincou.

À saída, o Rei e o Presidente observaram o original do Tratado de Londres de 1373, que normalmente está guardado no Arquivo Nacional britânico, e cumprimentaram algumas das pessoas que estiveram envolvidas nas celebrações.

Antes de partirem, Carlos III e Marcelo Rebelo de Sousa trocaram umas palavras com Alexandre, de 13 anos, um lusodescendente membro do Coro da Capela Royal.

“Perguntei se tinha gostado da peça [de Vicente Lusitano] e ele disse que sim”, contou o jovem à Agência Lusa, que confiou que os pais e toda família na Madeira estavam bastante entusiasmados por ele poder falar com o rei e o Presidente.

O diretor do Coro da Chapel Royal, Joseph McHardy, salientou a ajuda que Alexandre deu para aperfeiçoar a pronúncia do hino nacional português, que foi interpretado, juntamente com o hino nacional do Reino Unido no final da cerimônia.

Além de uma declaração de “amizade verdadeira, fiel, constante, mútua e perpétua”, o texto determina que nenhuma das partes deve fazer amizade ou favorecer e ajudar inimigos ou rivais e deve ajudar os aliados se algum dos territórios de qualquer um dos reis for invadido.

A aliança foi renovada no Tratado de Windsor de 1386 e por vários outros tratados ao longo dos séculos.

 

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