Presidente alerta que pandemia tem criado novos sem-abrigo por Portugal

Arquivo Lusa: Presidente distribuiu refeições em Lisboa.

Da Redação
Com Lusa

O Presidente português distribuiu refeições a pessoas carenciadas em Coimbra, nesta sexta-feira, alertando que, por todo o país, tem encontrado novos sem-abrigo, muitos deles jovens que ficaram sem teto por causa da crise provocada pela pandemia.

Na Associação das Cozinhas Econômicas Rainha Santa Isabel (ACERSI), Marcelo Rebelo de Sousa distribuiu cumprimentos com os cotovelos mas também refeições a pessoas carenciadas que se deslocam todos os dias até àquele espaço social na Baixa de Coimbra.

Com a crise econômica e social que se vai instalando, o número de pessoas que ali vão tem aumentado e o Presidente da República, em declarações aos jornalistas, fez questão de alertar para as vítimas indiretas desta pandemia.

“O que é facto é que, olhando para as filas que aqui passaram, e o mesmo no Porto e em Lisboa, encontramos, além dos antigos sem-abrigo, muita gente, portugueses e estrangeiros, que são os novos sem-abrigo e muito novinhos”, notou Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo o chefe de Estado, a grande diferença passa pelo aumento de “gente muito nova” a recorrer a estes apoios, tendo encontrado trabalhadores precários assim como estudantes.

“Eram da classe média e, de repente, por causa da crise, foram atiradas para uma situação de sem-abrigo sem teto ou com teto mas sem dinheiro”, salientou.

A diretora técnica da ACERSI, Ana Maria Cristóvão, explicou aos jornalistas que houve um aumento de 200 pessoas que estão a ser apoiadas pela instituição desde o início da pandemia, prestando agora apoio a um total de cerca de 550 pessoas, com mais de 800 refeições diárias.

“Pelos atendimentos que fazemos, pelas pessoas que seguimos e encaminhamos, não me parece que se possa resolver esta crise com a velocidade com que se instalou”, referiu, contando que alguns dos que recorrem à ACERSI perderam o seu emprego, outros retomaram-no e outros retomaram-no mas acabaram por perdê-lo.

Ana Maria Cristóvão salientou que a instituição conta com vários casos de pessoas que, sem emprego e sem rede de suporte familiar, passaram a ter muitas dificuldades em “conseguir pagar coisas indispensáveis”.

“Não tenho grande esperança que tudo corra pelo melhor”, admitiu.

Casos

Neste dia 10, Portugal regista mais dois óbitos relacionados com a covid-19, em relação a quinta-feira, e mais 402 casos de infecção, dos quais 342 na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o boletim epidemiológico diário da DGS, o total de mortos desde o início da pandemia é agora de 1.646 e o total de casos confirmados é de 45.679.

Em termos percentuais, o aumento do número de óbitos foi de 0,12% (passou de 1.644 para 1.646) e o aumento do número de infetados foi de 0,88% (de 45.277 para 45.679).

Os dois óbitos registados nas últimas 24 horas foram ambos na região centro, que registou até agora 250 mortes.

A DGS regista menos 16 pessoas internadas nas últimas 24 horas, sendo agora 471. Nos cuidados intensivos há menos sete pessoas internadas, sendo agora 66.

Lisboa e Vale do Tejo, com 21.926 infeções, permanece como a região onde se regista o maior número de novos casos, 342 nas últimas 24 horas.

O boletim volta a referir que cerca de 200 casos continuam ainda por incluir no total na Região de Lisboa e Vale do Tejo, referentes a testes realizados por um laboratório privado que em três dias da semana passada não os registou no sistema para o efeito, estando a sua distribuição ainda a ser analisada pelas autoridades de saúde.

Depois de Lisboa e Vale do Tejo surge a Região Norte (18.001 casos), a Região Centro (4.254 casos), o Algarve (688 casos)e o Alentejo (562 casos). Os Açores têm 153 infetados e a Madeira 95.

Há no país 11 concelhos com mais de 1.000 casos de doentes infetados, uma lista liderada por Lisboa (3.645), seguida de Sintra (2.850) e de Loures (1.910).

Os números relativos aos concelhos não sofreram alterações esta semana, uma situação explicada no boletim de hoje que indica que ainda não foi feita a atualização, porque a DGS está a verificar “todos os dados com as autoridades locais e regionais de saúde” e espera ter esta tarefa “concluída nos próximos dias”.

Quanto aos óbitos, a região com maior número continua a ser o Norte (821, sem alterações), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (527, sem alterações), da região Centro (250, mais dois casos), do Alentejo (18, sem alterações) e do Algarve e Açores, com os mesmos 15 mortos cada em também sem alterações.

Por faixas etárias, o maior número de óbitos concentra-se nas pessoas com mais de 80 anos (1.104, no boletim de quinta-feira eram 1.102), seguidas das que tinham entre 70 e 79 anos (315) e entre os 60 e 69 anos (148). Há 55 óbitos entre os 50 e 59 anos, 20 entre os 40 e 49, dois entre os 30 e os 39 e outros dois entre os 20 e os 29 anos.

As autoridades de saúde mantêm sob vigilância 34.082 contatos de pessoas infetadas – menos 20 do que na quinta-feira – e há 1.626 pessoas que aguardam resultados laboratoriais.

O número de doentes dados como recuperados também registrou um aumento, havendo hoje mais 301 pessoas recuperadas, registando-se agora um total de 30.350 casos nessa situação.

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