Novo secretário-geral do PCP diz “até já” a Jerónimo de Sousa

Da Redação com Lusa

Neste dia 13, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, agradeceu a Jerónimo de Sousa o seu “empenho e contributo” e dirigiu-lhe um “até já”, alertando os militantes que “há quem salive e desespere pelo fim do PCP”.

“Porque não esquecemos o papel de cada um no coletivo partidário, em nome do Comité Central, em nome da Conferência Nacional e certamente que em nome de todo o Partido, gostaria de dirigir uma palavra ao camarada Jerónimo de Sousa”, afirmou Paulo Raimundo.

No encerramento da quarta Conferência Nacional do partido, Paulo Raimundo agradeceu ao secretário-geral cessante, Jerónimo de Sousa, o seu “empenho, contributo” e “papel”.

“A alteração das tuas responsabilidades não significa um adeus, é um até já camarada”, disse, num momento em que os delegados e militantes presentes se levantaram para aplaudir Jerónimo de Sousa e entoar “Assim se vê a força do pêcê”.

Dirigindo-se para ‘dentro’, Paulo Raimundo avisou que “há quem salive e desespere pelo fim do PCP”.

“Pois daqui fica o conselho, esperem sentados, porque um partido ligado aos trabalhadores, às populações, aos seus problemas e anseios, determinado em lhes dar esperança, um partido assim e como aqui se reafirmou na Conferência, a única coisa a que está condenado é a crescer e a alargar a sua influência”, defendeu, num dos momentos altos do seu discurso em que foi mais aplaudido.

Com uma camisa azul clara, um ‘blazer’ escuro e calças beges, o novo secretário-geral do PCP deixou apelos “ao coletivo partidário”.

“Em todas as frentes de luta e intervenção seja como eleitos nas autarquias, na Assembleia da República, nas assembleias legislativas regionais, no Parlamento Europeu, seja nos sindicatos e outras estruturas dos trabalhadores, seja na frente de intervenção de organizações de massas das mais diversas áreas, seja na ação de todos os dias, do contributo mais modesto ao mais qualificado, aqui fica o apelo, que todos e cada um dê mais um pouco, faça mais um esforço, ganhe mais confiança nesta luta que travamos pelos trabalhadores, o povo e o País, por uma sociedade e um mundo mais justos”, vincou.

No final da sua intervenção, Paulo Raimundo e Jerónimo de Sousa deram as mãos em conjunto e deram um novo abraço perante uma plateia de punhos erguidos e bandeiras no ar.

 Mais de 900 delegados do PCP discutiram o reenquadramento do partido no panorama político do país na quarta conferência nacional em 100 anos, que também confirmou a eleição de Paulo Raimundo como secretário-geral.

A conferência tem como propósito reafirmar as conclusões do congresso de Loures, em novembro de 2020, reenquadrando-as à realidade de 2022, já que nos últimos dois anos muito se alterou.

O cenário no país é completamente diferente. O PS tem maioria absoluta na Assembleia da República, o PCP perdeu grande parte da influência que conquistou entre 2015 e 2019 junto do Governo de António Costa, a inflação fez aumentar os preços de praticamente tudo e é previsível um aumento também do descontentamento da população, que poderá ir para as ruas, um terreno profícuo para o PCP e para Paulo Raimundo, que não terá o palco do parlamento para se afirmar como líder comunista e oposição ao PS.

Jerónimo de Sousa também o tem manifestado nos últimos anos e se não prescindiu de ter uma palavra na escolha do seu sucessor, também deixou este alerta: o futuro do PCP só se faz com os jovens nas fileiras do partido.

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