Na solenidade do 05 de Outubro, presidente pede “grandeza de alma para convergências”

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente português pediu “humildade cívica” para reconhecer o que corre bem e mal e insistiu com os protagonistas políticos para que pensem mais a prazo e tenham “grandeza de alma para fazer convergências”.

No seu discurso na sessão solene do 05 de Outubro, 107º aniversário da Implantação da República, Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou, contudo, que “a existência de alternativa quanto à governação é sempre preferível às ambiguidades diluidoras, que só reforçam os radicalismos anti-sistêmicos”, e que é importante os cidadãos saberem que “dispõem de vários caminhos de escolha”.

Quatro dias após as eleições autárquicas, o chefe de Estado afirmou que a democracia política precisa de “protagonistas capazes de olhar para o médio e o longo prazo, ultrapassando o mero apelo dos sucessivos atos eleitorais, sendo certo que não há sucessos eternos nem revezes definitivos”.

Mais à frente, defendeu que a celebração anual da República deve servir para se fazer um balanço daquilo que, “no último ano, construiu ou fortaleceu a democracia, e do que a corroeu ou enfraqueceu”, num “exercício de humildade cívica”, e para se assumir “um compromisso com o futuro”.

Neste contexto, retomou a sua mensagem de apelo a acordos de regime. Segundo o Presidente da República, é essencial assegurar aos cidadãos “que os seus responsáveis políticos e sociais têm a grandeza de alma para fazer convergências no verdadeiramente essencial, mantendo as frontais e salutares divergências naquilo que o não é”.

“Se, ano após ano, e também este ano, mostrarmos a coragem necessária para sublinharmos o que correu bem ou muito bem – mesmo que isso, aparentemente, favoreça outros que não nós -, e para reconhecermos o que correu mal, ou mesmo muito mal – ainda que isso nos apareça como intolerável fragilidade própria, se assim for -, o 05 de Outubro continuará a valer a pena”, considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que, assim, “a República Democrática será mais do que uma conquista histórica, ou umas centenas de artigos da Constituição, ou uma proclamação para sessões solenes”.

“Eu acredito que somos capazes deste exercício de humildade cívica. De afirmar êxitos, sem complexos ou arrogâncias. De confessar fracassos, sem temores ou inibições. E de assumir que, no futuro, teremos de ser igualmente perseverantes no que fizemos de certo, e radicalmente melhores no que fizemos de errado ou de insuficiente – ou, pura e simplesmente, não fizemos. Só assim honraremos uma democracia de mais de quatro décadas, uma República centenária, uma nação com quase nove séculos de história”, concluiu, declarando “Viva a República, viva Portugal”.

Assistiram a cerimônia o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, e o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues. Em representação dos partidos, estiveram, entre outros, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, a presidente do CDS-PP e vereadora eleita em Lisboa, Assunção Cristas, os líderes parlamentares do PCP, João Oliveira, e do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares.

Protestos de Professores

Dezenas de professores manifestaram-se junto às cerimônias, gritando “justiça” e “colocação administrativa, já”, em protesto contra o concurso de professores. O protesto foi audível pouco depois de terminarem os discursos proferidos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

O Primeiro-Ministro António Costa desdramatizou a situação e voltou a garantir que as regras de colocação dos docentes foram cumpridas. Costa considerou que “faz parte da vida democrática”. “Ninguém está colocado numa escola para a qual não tenha concorrido”, salientou, indicando que, no próximo ano letivo, os professores descontentes terão oportunidade de corrigir a situação.

Durante a cerimônia, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou o sociólogo e antigo ministro da Agricultura António Barreto com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Além de condecorar com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, a título póstumo, a antiga primeira-ministra Maria de Lourdes Pintasilgo e o antigo bispo de Setúbal Manuel Martins.

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