Na Madeira, João Jardim sugere independência de Portugal

Mundo Lusíada
Com Agencia Lusa

O Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, durante a inauguração do sistema adutor da Ribeira Brava — Reservatário das Covas, 20 setembro 2011, no Sítio das Covas, Boa Morte, Concelho da Ribeira Brava. Foto: GREGORIO CUNHA/LUSA

O presidente do PSD-Madeira, Alberto João Jardim, afirmou em 23 de setembro que se o Estado português olha a Madeira e o Continente como “dois países”, então que dê a independência ao arquipélago madeirense.

“Se Portugal vai resolver os problemas de todos os portugueses, vai ter que resolver os problemas dos portugueses do Continente e dos portugueses da Madeira, porque se há dois países – a Madeira e o Continente –, então dêem-nos a independência”, disse no jantar/comício do PSD-M realizado na freguesia da Camacha, no concelho de Santa cruz.

Alberto João Jardim atribuiu o “barulho à volta da dívida” da Madeira alegadamente ao fato de “eles” [Continente] quererem “que nós não tivéssemos dívida, para ajudá-los a pagar a dívida deles, que é muito mais grave que a nossa, e queriam também que nós ficássemos sozinhos a aguentar os nossos problemas”.

O cabeça da lista social-democrata às eleições legislativas regionais acusou o que disse ser “aquela cambada em Lisboa das televisões”, porque “fala da Madeira”, o que disse que “serve às mil maravilhas ao PS, porque ninguém fala do Estado a que o PS deixou Portugal”. Ele entende que “enquanto falam da Madeira não estão dando notícias das medidas graves que estão a ser tomadas no nosso País”.

Jardim desafiou ainda o Estado português a fazer o mesmo que o governo regional fez ao divulgar a dívida direta e indireta, avaliada em 5.800 bilhões de euros. “Faço um desafio ao Estado português: Eu apresentei a dívida direta mais a indireta. Agora desafio o Estado português a mostrar aos portugueses a sua dívida indireta”, disse.

Dívida: 5 Bilhões

O líder do PSD-Madeira admitiu que a dívida da região deverá situar-se nos 5 bilhões de euros, um montante idêntico ao passivo do Metro do Porto. Numa entrevista à RTP-Madeira, o cabeça de lista do PSD às eleições legislativas de 09 de outubro anunciou que o secretário regional do Plano e Finanças vai apresentar nos próximos dias “isso tudo, onde o dinheiro foi gasto”.

O governante madeirense reafirmou que a acusação de que ocultou dados sobre a situação financeira às entidades competentes “é uma mentira que foi lançada”, que tem sido aproveitada pela comunicação social, sendo que o ministro da Finanças e primeiro-ministro “acreditaram na versão do INE” [Instituto Nacional de Estatística].

“Não houve ocultação, porque quando ficou pronto foi entregue. Não há ocultação, porque os senhores, pela boca do secretário regional do Plano e Finanças, vão saber o volume total que está a acabar de ser apurado, antes mesmo de Bruxelas ter o volume total de divida, tudo, desde o cesto dos papéis, da Empresa de Eletricidade, tudo” sublinhou.

Jardim voltou a salientou que optou por “aumentar a dívida” para fazer obra e evitar que a economia da região parasse, refutando as críticas de despesismo, realçando que que “o futuro da região estaria comprometido se não tivesse feito” o que fez.

Esclareceu que no comício da Ponta do Sol, disse: “Se por acaso – saiu mal – se o Governo da República apanhava que tínhamos estado ainda a acertar com os bancos e com os credores para então apurar de fato os números que se iam dar, tinha mais um pretexto para o senhor Teixeira dos Santos fazer o que fez uma vez à Madeira, com base de ter também um déficit em qualquer coisa, tirar dinheiro”, um caso que ficou resolvido em tribunal.

O governante insular criticou também os critérios do INE, considerando que este caso não passa de “uma ‘revanche’”, dada forma como divulgou a situação, porque o governo da Madeira já tinha protestado formalmente, porque mudavam “consoante as vontades do Governo Socialista”.

Admitiu ainda estar disponível, num cenário hipotético de perder a maioria nas eleições, a fazer coligação com o CDS na região. “O CDS seria o parceiro ideal, até para ficarmos conjugados, mas está a pôr aqui uma conjuntura que não me passa pela cabeça”, frisou.

Adiantou que “se fosse preciso fazer coligação, o CDS facilitava até a vida da Madeira, porque havia uma comunhão mais forte de interesses e deixava de haver estas histórias do senhor Portas lá ser aliado do PSD e aqui ser adversário do Alberto João”.

Alberto João Jardim declarou novamente “concordar” e “compreender a estratégia” do primeiro-ministro em não vir à campanha eleitoral da Madeira.

Instado a dizer como iria cortar na despesa da região, o líder insular negou que os madeirenses vão ter que pagar mais impostos ou taxas moderadoras na região ou que estejam perspetivados despedimentos, garantindo que “não vai tocar nos direitos adquiridos de ninguém”.

Referiu que pretende formar um governo mais pequeno e que o seu objetivo é continuar a ter a economia em funcionamento, manter o investimento e permitir que a economia privada continue a funcionar com apoios da União Europeia.

Presidência

Alberto João Jardim ainda afirmou que o Presidente da República, Cavaco Silva, devia ter evitado que o Estado fosse instrumentalizado, para prejudicar as eleições nesta região, e a dívida regional “é uma coisinha de nada no meio de todas”.

“Fizeram isto numa altura das eleições para nos encravar e o Presidente da República devia ter evitado que o Estado fosse instrumentalizado, na Madeira, nas eleições da Madeira, contra o PSD. Aí, o Presidente da República devia ter intervido”, disse.

As sociedades secretas foram o alvo das críticas de Alberto João Jardim, a quem atribuiu a razão por existir “ódio contra os madeirenses”, argumentando: “Por detrás dos partidos políticos estão sociedades secretas que têm muita gente de vários partidos. Não é só em Portugal. É por esse mundo fora, e isso explica o desatino em que neste momento está a Europa”.

Essas sociedades, prosseguiu, “procuram ir contra os seus próprios partidos para poderem manobrá-los, o povo, a economia a seu contento e por detrás da cortina, fora da transparência democrática, poderem governar os países e Portugal”, frisou.

“Faço um desafio aos políticos de Lisboa, sejam sinceros com o povo. Sejam honestos os que pertencem a sociedade secretas e tenham a vergonha e honestidade de dar a cara e digam que pertencem a uma sociedade secreta”, declarou.

“Estes 30 anos foram um grande trabalho. Não temos o direito de ser humilhados e agora estar a mercê de mentiras, e a região voltar para a Madeira Velha, ao estatuto colonial que tinha antes do 25 de abril”, disse.

O líder madeirense voltou a salientar que optou por aumentar a dívida da região para “não parar a Madeira”, que estava em dificuldades devido à política do governo do PS de José Sócrates.

O presidente do PSD-M regional destacou que a vitória é importante a 09 de outubro, argumentando que os madeirenses não se podem “deixar humilhar por Lisboa” e estarão a “dar esperança a todos os portugueses, que vão perceber que um pequeno território pode derrotar os grandes interesses de Lisboa”.

Garantiu ainda que não aceita “responsabilizar-me pela dívida de Lisboa, se Lisboa não se responsabilizar pela dívida da Madeira”. Senão, disse, “Lisboa que trate da sua dívida que nós tratamos da nossa”, assegurando: “O que não vai suceder é pagarmos mais só para fazer a vontade a Lisboa”.

O discurso terminou com um pedido de “ajuda” neste momento em que “a dignidade dos madeirenses está a ser alvo de ataques vis de Lisboa”.

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