Governadores de estados da Amazônia criticam política de Bolsonaro

Da Redação
Com Lusa

Os governadores dos estados brasileiros da Amazônia criticaram as iniciativas do governo do Presidente Jair Bolsonaro, que levaram Noruega e Alemanha a suspender as suas contribuições para o Fundo Amazônia, noticiou a agência France-Presse.

O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, do qual fazem parte nove dos 27 estados brasileiros, defende que estas contribuições permitem financiar a preservação da floresta Amazônia e, num texto publicado no domingo, propõem “dialogar diretamente” com os países que financiam o Fundo Amazônia.

“O bloco amazônico lamenta que as posições do governo brasileiro tenham provocado a suspensão dos recursos. Nós, governadores da Amazônia Legal, somos defensores incondicionais do Fundo Amazônia”, refere a nota, assinada em nome do governador do Amapá, Waldez Góes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal.

Na nota, o consórcio diz ser “radicalmente contra qualquer prática ilegal de atividades econômicas na região” e refere que os governadores contactaram o governo federal brasileiro e as embaixadas dos países financiadores no sentido de iniciar conversas multilaterais com Estados estrangeiros.

Os governadores defendem também a criação de uma instituição regional, o Banco da Amazônia, que se encarregaria da gestão financeira do fundo, substituindo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Criado em 2008, o Fundo Amazônia é mantido, maioritariamente, com doações da Noruega e Alemanha, e é gerido pelo BNDES.

A captação de recursos para o Fundo Amazônia é condicionada pela redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas da desflorestação, calculados por um comité técnico, ou seja, é preciso comprovar a redução da desflorestação na Amazônia para viabilizar a captação de verbas.

Na semana passada, Alemanha e Noruega suspenderam o envio de verbas para o Fundo Amazônia, justificando a decisão com o aumento da desflorestação daquela que é a maior floresta tropical do mundo.

A ministra alemã do Ambiente, Svenja Schulze, anunciou no passado dia 10, em entrevista ao jornal alemão Tagesspiegel, a suspensão do financiamento de projetos para a proteção da floresta e da biodiversidade na Amazônia, no valor de 35 milhões de euros, devido ao aumento da desflorestação na região.

“Apoiamos a região amazônica para que haja muito menos desflorestação. Se o Presidente [Bolsonaro] não quer isso por agora, então precisamos de conversar. Eu não posso simplesmente continuar a dar dinheiro enquanto continuam a desflorestar”, acrescentou a ministra ao jornal alemão Deutsche Welle.

Da mesma forma, também a Noruega bloqueou a transferência de 30 milhões de euros para o Fundo Amazônia, considerando que Brasília “já não quer parar a desflorestação” e acusa-a de ter “rompido o acordo”.

“O Brasil rompeu o acordo com a Noruega e com a Alemanha desde que suspendeu o conselho de administração e o comitê técnico do Fundo Amazônia”, afirmou o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, ao jornal norueguês Dagens Naeringsliv (DN), também durante a semana passada.

Desde que foi criado, em 2008, o fundo recebeu 828 milhões de euros oriundos da Noruega.

As recentes divulgações do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais brasileiro apontam que a desflorestação da Amazônia cresceu 88% em junho e 278% em julho, comparativamente com o mesmo período do ano passado. No entanto, o Governo brasileiro nega esses dados e o sistema de análise monitorado pelo órgão.

Neste domingo, o presidente brasileiro publicou uma mensagem afirmando que a verba destinada do Fundo Amazônia seguia para ONGs no território. E um vídeo de caça à baleia para atacar a Noruega, país que suspendeu os apoios, mas as imagens utilizadas são das Ilhas Faroé (Dinamarca).

Após críticas sobre sua política, Bolsonaro reagiu recordando que a Noruega é “o país que mata baleias e que lá em cima, no Polo Norte, também explora petróleo”. “Este não é um exemplo para nós. Deixe-os enviar seu dinheiro para ajudar Angela Merkel a reflorestar a Alemanha“, divulgou anteriormente o Presidente brasileiro em rede social.

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registrada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilômetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).

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