Candidato a presidência, Bolsonaro diz que “o português nem pisava na África” na escravidão

Mundo Lusíada

Um dos candidatos a presidência da República, que tem aumentado popularidade no Brasil, Jair Bolsonaro participou de entrevista em um dos clássicos programas da televisão brasileira, ‘Roda Viva’ da TV Cultura, na noite de 30 de julho.

O deputado ligado à extrema-direita, que oficializou a sua candidatura e aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião, falou sobre ditadura e escravidão, entre outros temas.

Contra o projeto de quotas para negros em universidades, como uma das propostas para resgatar a dívida da escravidão, o ex-militar citou a ‘culpa’ dos negros no tráfico de escravos da África para o Brasil entre os séculos XVI e XIX.

“O português nem pisava na África, eram os negros que entregavam os escravos”, afirmou Jair Bolsonaro.

O apresentador Ricardo Lessa replicou o assunto, dizendo que o tráfico era feito pelos portugueses. Bolsonaro respondeu que os portugueses “faziam o tráfico, mas não caçavam os negros”, voltando a dizer que eles “eram entregues pelos próprios negros”.

Segundo historiadores, a estimativa é de que mais de 4 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil, um dos principais destinos do tráfico negreiro no período.

Bolsonaro se declarou contra a política de quotas para negros nas universidades, e disse que pretende ao menos diminuir essa porcentagem. “Essa política só visa dividir o Brasil entre brancos e negros.”

“Somos misturados no Brasil, o negro não é melhor do que eu e eu não sou melhor do que o negro, na Academia Militar vários negros formaram-se comigo, alguns abaixo de mim e outros acima de mim, para quê quotas?”.

Sobre a ditadura militar, Bolsonaro acusou a imprensa de falar somente de uma parte da história.

“Esse pessoal que se diz torturado, alguns eu acho até que foram, aconteceu alguma maldade com eles, mas em parte não. É uma forma que eles usavam de dizer que foram torturados exatamente para conseguir indenizações, conseguir piedade por parte da população, conseguir votos e poder”.

Questionado sobre a possibilidade de abrir os documentos sobre o período do regime militar, o candidato declarou que o assunto já foi debatido e deve ficar no passado.

Comparado ao presidente dos Estados Unidos, e chamado de “Trump brasileiro”, Bolsonaro comentou sobre pontos em comum, como a defesa da família. “Trump está fazendo um excelente governo no seu país” disse.

A entrevista liderou o IBOPE entre os presidenciáveis nas entrevistas do programa da TV Cultura, e teve a segunda maior audiência do ano, atrás do programa em que entrevistou o juiz Sergio Moro.

A entrevista na íntegra está disponível aqui:

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