Cerca de 25 pessoas, a maior parte delas ligada a um grupo teatral do Porto, ocupam há mais 12 horas desta segunda-feira, 16 de outubro, o Teatro Rivoli, em protesto contra o anúncio de privatização da gestão do palco de apresentações municipal. "As pessoas não vão sair do teatro" enquanto o secretário (de Cultura) não vier pessoalmente "dar uma resposta a nossas reivindicações", garantiu Francisco Alves, diretor da companhia local Teatro de Plástico.
Em declarações à Agência Lusa, a ministra portuguesa da Cultura, Isabel Pires de Lima, evitou comentar a situação, mas disse estar acompanhando o caso "com preocupação". "Independentemente de o modelo de gestão ser público ou privado, o que importa neste caso é a garantia de manutenção do serviço público, e de qualidade, porque se trata de algo pago com dinheiro público", avaliou a ministra.
A ocupação do Rivoli por parte dos manifestantes começou na madrugada desta segunda-feira (local), depois da apresentação de uma peça chamada "Curto Circuito", da autora Regina Guimarães, que também aderiu ao protesto. Na ocasião, encontravam-se na sala cerca de 40 pessoas. Algumas delas, no entanto, acabaram deixando o palco durante a madrugada.
"Iremos permanecer nesta sala até sabermos quais as garantias para que este teatro receba um serviço público de qualidade e de diversidade, porque estamos falando de cultura, e não de batatas", concluiu Francisco Alves.
A decisão de privatizar o comando do Rivoli foi anunciada em 25 de julho último por autoridades regionais. Tradição
O Rivoli é uma das mais conhecidas salas de espetáculo da cidade, e foi inaugurado em 1926.
"A receita do Rivoli cobre seis por cento dos gastos", afirmou o presidente do governo regional do Porto, Rui Rio, afirmando que sua administração canaliza 7.500 euros (cerca de R$ 20 mil) por dia para a manutenção do teatro.
Cinco empresas concorrem para assumir o comando do Rivoli, e até o final de outubro será anunciado o nome da futura responsável pela casa de espetáculos.