Mais de 70 países em Lisboa comprometem-se a adotar a “economia azul”

D Redação

Representantes de 72 países e oito organizações ligadas aos portos e navegação assumiram em Lisboa o compromisso de começar a praticar “economia azul”, reduzindo desperdício e deixando de poluir os mares.

A declaração final do Oceans Meeting, que juntou em Lisboa centenas de representantes do setor esta semana, deixa “preto no branco” que o caminho é o tráfego marítimo ser “mais amigo do ambiente, mais eficiente e reduzir o desperdício”, segundo a ministra do Mar portuguesa, Ana Paula Vitorino.

“Temos soluções concretas em cima da mesa que transformaremos em planos de ação. Portugal já está avançado na matéria, outros países não. O que é preciso não é mais leis, é cumprirmos o que já temos e é imposto pelas Nações Unidas, pela Organização Marítima Internacional e pela União Europeia”, afirmou à Lusa.

Ir à procura de novos combustíveis, reduzir as emissões poluentes dos navios, cujo combustível contêm enxofre, reduzir o lixo marinho e ter portos virados para a ciência e defesa de oceanos sãos constam entre os compromissos assumidos entre delegações ministeriais, organizações internacionais e a Comissão Europeia.

Na economia circular azul para a qual os signatários se querem virar, “reduz-se o desperdício, cria-se mais eficiência e novas indústrias, para fechar o ciclo, utilizando os desperdícios e transformando-os em matérias-primas”, indicou Ana Paula Vitorino.

Por exemplo, no caso da pesca, o desperdício pode ser transformado em alimento para criação de marisco e algas.

“São avanços quase civilizacionais”, considerou Ana Vitorino, que reconhece que Portugal, como anfitrião e com “planos de ação já aprovados em Conselho de Ministros”, tem uma responsabilidade acrescida.

“Temos mais responsabilidade porque temos mais liderança”, afirmou.

Os compromissos da declaração assentam em três eixos principais: a economia circular azul, a “navegação verde” com redução das emissões poluentes e lixo marinho e os portos como centros de empresas inovadoras e organismos de investigação científica.

Dos portos, espera-se que dinamizem “comportamentos novos” nas indústrias assentes na navegação, acrescentou Ana Paula Vitorino.

Circum-navegação

Durante o evento, Portugal também apresentou um plano de iniciativas que visa celebrar o V Centenário da Circum-Navegação do navegador português Fernão de Magalhães. A tarefa de conduzir as celebrações durante os próximos quatro anos cabe à Estrutura de Missão, na dependência da área do Mar, criada com esse objetivo.

A missão foi apresentada no contexto do Oceans Meeting 2018, encontro internacional sobre oceanos. É a primeira iniciativa oficial da Estrutura de Missão, sendo que outras iniciativas irão completar a divulgação pública do plano.

As celebrações acontecerão entre 2019 e 2022, com iniciativas estruturadas de forma participada e aberta, com o envolvimento de entidades públicas e privadas dos vários setores da sociedade. Por outro lado, espera-se que tenham um alcance global, em particular nos países da Rota de Magalhães, potenciando contatos entre países, bilaterais ou multilaterais, e redes existentes sobre o tema.

Em 20 de setembro de 1519, Fernão de Magalhães, acompanhado por 260 homens e com uma frota de cinco navios, iniciou a viagem que acabaria por provar a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico e que o mundo era esférico. A odisseia modificou para sempre o conhecimento do planeta e a sua importância é mundialmente reconhecida.

As comemorações são uma oportunidade para assinalar a importância deste evento, bem como para uma reflexão alargada sobre a atual globalização, a diversidade cultural, as alterações climáticas e a sustentabilidade ambiental, a exploração além das fronteiras terrestres, entre outros domínios.

Até ao momento estão já estruturados mais de 70 projetos e ações da responsabilidade de diferentes Ministérios, instituições e sociedade civil, num programa aberto ao longo dos próximos quarto anos.

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