Economia portuguesa acumula déficit externo de 2.204 ME até setembro

Da Redação com Lusa

A economia portuguesa registrou um déficit externo de 2.204 milhões de euros até setembro, que compara com um excedente de 1.042 milhões de euros em igual período de 2021, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).

Segundo o BdP, no mês de setembro as balanças corrente e de capital atingiram um excedente de 285 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 326 milhões de euros relativamente ao mesmo mês de 2021.

Na balança de bens, verificou-se um aumento do défice, de 764 milhões de euros, “explicado por um crescimento das importações superior ao das exportações em relação a setembro de 2021 (taxas de variação homólogas de 29,8% e 24,3%, respetivamente)”.

Esta redução do saldo da balança de bens em setembro “foi mais do que compensada pela evolução da balança de serviços, com destaque para os aumentos das exportações e das importações, de, respectivamente, 46,8% e 14,2% relativamente a setembro de 2021”, nota o BdP.

Para estas subidas contribuiu, sobretudo, a rubrica de viagens e turismo, na qual as exportações e as importações cresceram, em termos homólogos, respetivamente, 72,2% e 29,6%. O excedente desta rubrica aumentou 857 milhões de euros, para 1.762 milhões de euros.

Já as restantes componentes das balanças corrente e de capital apresentaram evoluções “menos expressivas” no mês de setembro, destacando-se a diminuição do excedente da balança de rendimento secundário, de 114 milhões de euros, e o aumento do excedente da balança de capital, de 98 milhões de euros.

No acumulado até setembro, em que a economia portuguesa apresentou um défice externo de 2.204 milhões de euros, o INE destaca o aumento do défice da balança de bens, tendo as importações crescido mais do que as exportações (35,9% e 24,3%, respetivamente) e a subida do excedente da balança de serviços, sobretudo devido ao crescimento da rubrica de viagens e turismo.

Já o déficit da balança de rendimento primário aumentou, devido ao incremento de pagamentos líquidos de rendimentos de investimento, nomeadamente sob a forma de dividendos.

Nos primeiros nove meses do ano, segundo o BdP, “a menor atribuição de fundos europeus aos beneficiários finais determinou a redução do excedente da balança de rendimento secundário e da balança de capital”.

“A acentuada redução do excedente da balança de capital deveu-se ainda ao recebimento excecional, em julho de 2021, da devolução da margem financeira relacionada com o Programa de Assistência Econômica e Financeira”, acrescenta.

No que se refere à balança financeira, até setembro de 2022 registou até setembro um saldo negativo de 1.500 milhões de euros, “refletindo um aumento dos passivos perante o exterior (10.900 milhões de euros) superior ao incremento dos ativos (9.300 milhões de euros)”.

De acordo com o BdP, a variação dos passivos neste período é justificada essencialmente pelo crescimento do investimento direto do exterior em Portugal, com destaque para o investimento imobiliário; por aumentos relacionados com o investimento de não residentes em dívida pública portuguesa e em títulos de dívida emitidos por sociedades não financeiras; por aumentos dos depósitos de não residentes junto de bancos residentes; e por reduções dos passivos do Banco de Portugal junto do Eurossistema.

Já o aumento dos ativos “deveu-se, em grande medida, aos investimentos realizados por bancos e sociedades de seguros em dívida titulada de longo prazo emitida por entidades não residentes”.

No mês de setembro de 2022, o saldo da balança financeira foi de 190 milhões de euros, em resultado de um aumento de ativos, de 3.100 milhões de euros, superior ao crescimento dos passivos, de 2.900 milhões de euros.

“O aumento de ativos é explicado principalmente pelo investimento de residentes em títulos de dívida emitidos pelo resto do mundo e pelo aumento dos depósitos de residentes no exterior”, explica o banco central.

Quanto aos passivos, o crescimento deveu-se sobretudo ao aumento dos passivos dos TARGET e ao investimento direto realizado em Portugal, com destaque para a dívida titulada.

Segundo BdP, estas subidas foram parcialmente compensadas pela redução de empréstimos obtidos pelo banco central.

As estatísticas da balança de pagamentos são atualizadas pelo banco central em 20 de dezembro.

Clima econômico

O indicador da atividade econômica “desacelerou significativamente” em setembro, para a taxa mais baixa desde março de 2021, e o indicador do clima económico diminuiu para o mínimo desde abril de 2021, anunciou hoje o INE.

Na ‘Síntese de Conjuntura’ divulgada, o Instituto Nacional de Estatística (INE) avança ainda que o indicador quantitativo de consumo privado “desacelerou em agosto e setembro, após ter acelerado no mês precedente”, enquanto o indicador de confiança dos consumidores “diminuiu em setembro e outubro, atingindo um valor próximo do registado em abril de 2020 no início da pandemia”.

Segundo o instituto estatístico, “o indicador de atividade econômica, que sintetiza um conjunto de indicadores quantitativos que refletem a evolução da economia, desacelerou significativamente em setembro, após ter acelerado em agosto, retomando o perfil de abrandamento registado entre março e julho e registando a taxa mais baixa desde março de 2021”.

“Por sua vez, o indicador de clima econômico, que sintetiza os saldos de respostas extremas das questões relativas aos inquéritos qualitativos às empresas, diminuiu entre agosto e outubro, reforçando o movimento descendente iniciado em março e atingindo o mínimo desde abril de 2021”, refere.

O INE avança também que “os indicadores de curto prazo (ICP) relativos à atividade econômica na perspectiva da produção, disponíveis para setembro, apontam para uma desaceleração da atividade económica”.

Em termos nominais, o índice de volume de negócios na indústria desacelerou em setembro, aumentando 22,3% em termos homólogos (variação de 29,1% em agosto), “significativamente influenciado pelo expressivo aumento de preços na indústria (19,6% em setembro)”. Excluindo o agrupamento de ‘energia’, as vendas na indústria cresceram 18,7% (24,3% em agosto).

No terceiro trimestre, o índice de volume de negócios da indústria aumentou 25,0%, desacelerando face à variação de 26,4% do trimestre anterior.

Já nos serviços (incluindo comércio a retalho), o índice de volume de negócios apresentou uma variação homóloga de 19,2% em setembro (22,1% no mês anterior).

O índice de volume de negócios no comércio a retalho (deflacionado) desacelerou para uma taxa de variação homóloga de 2,1% em setembro, após ter aumentado 5,6% no mês precedente, refletindo “sobretudo a desaceleração do índice relativo aos produtos não alimentares, que apresentaram um crescimento de 3,8% (10,2% no mês anterior), tendo os produtos alimentares apresentado uma diminuição homóloga de 0,2% (variação de -0,1% em agosto)”.

No terceiro trimestre, as vendas no comércio a retalho cresceram 4,3% em termos homólogos (3,6% no segundo trimestre).

Quanto ao índice de produção na construção, desacelerou em setembro para uma variação homóloga de 0,8%, após ter acelerado nos quatro meses precedentes (variação de 3,0% em agosto).

No terceiro trimestre, este índice apresentou uma variação de 2,1%, 0,6 pontos percentuais superior à variação do trimestre anterior.

Relativamente à atividade turística, em setembro o número de dormidas aumentou 37,4% (taxa de 32,3% em agosto) em termos homólogos, aumentando 0,7% face a setembro de 2019.

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