Compra do BankBoston por Itaú pode reacender apetite do setor

 

Da redação

 

A investida do Itaú sobre o BankBoston, que conforme fontes que acompanham a negociação está para ser selada, tem potencial para reacender o processo de consolidação no sistema financeiro brasileiro.

 

"Não duvido que o Bradesco vá com tudo para cima do Unibanco se isso fechar", disse um executivo que já participou de algumas operações de fusão ou aquisição entre bancos. Para o executivo, que preferiu não ser identificado, essa competitividade acirrada está evidente na tentativa do Itaú em comprar o BankBoston. A operação, na opinião dele, teria muito mais sentido para o Bradesco. Mas por isso mesmo ficou tão interessante para o concorrente.

 

Com essa tacada, o Itaú ficaria emparelhado na primeira posição do varejo nacional com o Bradesco, entre os bancos privados.

 

Relatividade – Para o analista do setor financeiro no Banco Pactual, Pedro Guimarães, o preço da liderança, no entanto, é muito relativo. "Acho que tem um grau de sobreposição muito grande, os principais pontos do Itaú são também os do BankBoston. Tem uma complementaridade maior no Bradesco que no Itaú", disse o analista, que vê poucas vantagens também nas operações do Uruguai e do Chile, que estariam sendo negociadas no pacote.

 

"Ganharia mais se comprasse, por exemplo, o Banorte, no México", disse Guimarães, citando o último banco independente no varejo de grande porte mexicano. Segundo ele, o banco brasileiro tem cacife para expandir no exterior, graças à valorização recente de suas ações.

 

Mesmo que use essas ações para comprar o BankBoston, o preço pode sair caro para o Itaú, de acordo com Erivelto Rodrigues, sócio da consultoria Austin Ratings, especializada no setor financeiro. Uma fonte informou à Reuters na última quinta-feira que o negócio deve movimentar cerca de US$ 2 bilhões.

 

Investida defensiva – Rodrigues também acredita que, do ponto de vista do Itaú, a investida sobre o BankBoston parece mais defensiva que ofensiva. "Não vejo expertise que o Boston possa agregar ao Itaú", disse ele, que após essa negociação acredita que verá de volta a velha corrida entre os bancos privados pela liderança do varejo por meio de aquisições. "Pode voltar aquela competitividade, aquele processo de concentração bancária", disse o consultor.

 

A negociação do BankBoston é o segundo evento de consolidação do setor bancário no Brasil este ano. No primeiro, o vencedor foi o Bradesco. Há um mês, em entrevista concedida na Reuters, em São Paulo, o presidente do Itaú, Roberto Setubal, lamentou a derrota. "Perdemos a primeira (oportunidade), que foi a American Express", disse ele. A operação brasileira da Amex foi vendida em março por US$ 490 milhões. Intermanagers

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