“Portugal abriu caminho, holandeses e ingleses seguiram-no” defende historiador

Da Redação
Com Lusa

CulinariaBrasilColonia_CaravelaPortugalRJO livro “Conquistadores. Como Portugal criou o primeiro império global”, do historiador britânico Roger Crowley, segundo o qual “os portugueses iniciaram infindáveis interações mundiais”, chega nesta quinta-feira às livrarias.

“Os portugueses iniciaram infindáveis interações mundiais, tanto benignas como malignas”, escreve o historiador, numa obra publicada pela Editorial Presença, com um amplo aparelho de notas científicas e uma bibliografia de referência.

Na opinião do historiador, “Portugal abriu caminho e os holandeses e os ingleses seguiram-no”.

Sobre as “infindáveis interações mundiais”, promovidas pelos portugueses, Crowley refere que levaram “armas de fogo e pão, para o Japão, e astrolábios e feijão-verde, para China, escravos africanos, para as Américas, chá para Inglaterra, pimenta, para o Mundo Novo, seda chinesa e medicamentos indianos, para todo o continente europeu, e um elefante, para o papa”.

Defende o investigador que, “pela primeira vez, os povos de lados opostos do planeta puderam ver-se, tornando-se alvo de descrições e espanto”.

Influências que se tornaram “profundas e prolongadas”, em áreas como a cultura, a gastronomia, a flora e a arte, assim como nas línguas, na História “e nos genes do planeta”.

A expansão portuguesa, iniciada em 1415 com a conquista da praça marroquina de Ceuta, a que se seguiram as descobertas dos arquipélagos atlânticos da Madeira (1418-19) e Açores (1427) e, “na sua esteia, navios de carga de vários andares atravessam os oceanos, voltando com os bens manufaturados do Oriente”. “A China projeta novas formas de poder brando no oceano Índico e no coração da Ásia”.

Os portugueses dos séculos XV e XVI foram descritos pelos cronistas locais, como “muito brancos e belos”, com os seus chapéus coloridos e calças de balão e botas de ferro.

Segundo as crónicas, ficavam os outros povos “perplexos pela inquietude crónica e pelos hábitos alimentares” dos portugueses, que “comiam uma espécie de pedras brancas [feijão] e bebiam sangue [vinho]”.

“Hoje — remata o historiador — em Belém [em Lisboa], perto do túmulo de Vasco da Gama, da estátua do impaciente Afonso de Albuquerque e da costa da qual os portugueses zarparam, há uma pastelaria e café venerável, a Antiga Confeitaria de Belém. É talvez um altar em homenagem à influência mais benigna de Portugal, na aventura global”.

O historiador, de 64 anos, que estará em abril, em Lisboa, é professor na Universidade de Cambridge e tem centrado a sua investigação na História da Turquia, destacando-se, nesta área, a obra “1453: The holy war for Constantinople and the clash of Islam and the west”.

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