Presidente vai dissolver o parlamento da Guiné-Bissau, dirigentes criticam

Da Redação com Lusa

O presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, disse nesta sexta-feira que o chefe de Estado Umaro Sissoco Embaló vai dissolver o parlamento.

“Saí de uma audiência com o Presidente da República. Informou-me que vai dissolver o parlamento. Recebeu uma queixas do poder judicial e também, segundo o que compreendi, parece que há uma crise entre os partidos políticos”, afirmou aos jornalistas Cipriano Cassamá.

O presidente do parlamento falava na sequência de um encontro com o Presidente guineense, que vai reunir também com os partidos com assento parlamentar.

“Fui consultado, dei a minha opinião. São os poderes que assistem ao Presidente da República nos termos constitucionais. O parlamento está a fazer o seu trabalho, se o parlamento vier a ser dissolvido, a comissão permanente assume as suas responsabilidades até à realização de eleições”, disse.

Já o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) afirmou que dissolver o parlamento por assuntos fraturantes não é solução, porque a vocação da Assembleia Nacional Popular é promover o debate.

“Acho que a única coisa que nós fizemos foi partilhar o nosso pensamento e que a ideia da dissolução do parlamento porque estamos em face de assuntos que são fraturantes não é uma solução, porque essa é a vocação da Assembleia Nacional Popular, tratar de assuntos fraturantes”, afirmou o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira.

Segundo o dirigente, não se encontram soluções dissolvendo a “única entidade que tem não só competência, mas vocação para promover o debate”.

O líder do PAIGC falava à imprensa na Presidência guineense, após um encontro o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, o primeiro em que Domingos Simões Pereira participa desde que o Presidente iniciou funções.

“Deve promover-se um debate”, disse, salientado que o PAIGC deixou a sugestão ao Presidente de fazer uma intervenção à Nação no parlamento.

“Também falamos de outros indicadores que a nosso ver mostram claramente a responsabilidade dele (parlamento) de forma direta naquilo que é o ambiente securitário que se vive no país”, salientou.

Sobre o seu encontro com o chefe de Estado, o primeiro desde que Umaro Sissoco Embaló tomou posse como Presidente, Domingos Simões Pereira disse que escolheu comparecer porque se está em “vésperas de uma decisão que pode ser trágica” para o país.

“Em face dessa situação, entendi que a minha coerência é menos importante do que cuidar daquilo que deve ser a tranquilidade e a paz na Guiné-Bissau. Entendi que era importante estar cá, partilhar com o Presidente da República, o nosso pensamento, o meu pensamento, a minha preocupação enquanto cidadão com a estabilidade e a tranquilidade dos guineenses”, afirmou o líder do PAIGC.

Domingos Simões Pereira disputou a segunda volta das eleições presidenciais de 2019 com Sissoco Embaló e o contestou os resultados junto do Supremo, mas o atual Presidente tomou posse num hotel da capital sem esperar pela decisão judicial.

O dirigente do PAIGC afirmou Embaló ouviu “todas as análises” do seu partido.

“Se a atual situação pode pôr em causa e vai pôr em causa a própria estabilidade interna e o funcionamento das instituições, nós manifestamos a nossa preocupação até porque na nossa avaliação a Assembleia Nacional Popular será porventura a única instituição que ainda reúne condições para promover o diálogo político interno”, afirmou.

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