Moçambique consolida parceria estratégica com Brasil

Na segunda visita ao Brasil, o presidente moçambicano Armando Emílio Guebuza falou sobre as carências do país nas áreas agrícola e de infraestrutura. Moçambique um "parceiro estratégico e prioritário" das relações Brasil-África, diz Lula.

Mundo Lusíada Com agencias

Roosewelt Pinheiro/Abr

>> Presidente Lula recebe, no Palácio Itamaraty, o presidente de Moçambique, Armando Guebuza

A visita ao Brasil do presidente moçambicano, Armando Guebuza, permitiu estreitar laços de amizade e terminou com a concessão de uma linha de crédito de US$ 300 milhões a Maputo.

A parceria entre os dois governos na área da saúde foi também consolidada com a visita de Guebuza à sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. A instituição representa uma das maiores iniciativas em cooperação, graças à sua fábrica de antiretrovirais, que deverá iniciar suas operações em 2010.

Logo na primeira noite em que esteve no Brasil, Guebuza reuniu-se com empresários brasileiros num jantar promovido por Roger Agnelli, presidente da mineradora Vale. Ele também aproveitou a ocasião para convidar a classe empresarial para visitar e conhecer as potencialidades do mercado moçambicano.

Já o presidente Lula anunciou, após o encontro entre os dois chefes de Estado, em Brasília, que a nova missão empresarial ao país africano acontecerá ainda neste ano, em outubro.

Brasília estabeleceu uma linha de crédito de US$ 300 milhões através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principalmente para projetos de apoio às infra-estruturas do país. Em contrapartida, as obras terão que ser executadas por empresas brasileiras.

Os esforços estão concentrados na exploração do carvão, com início previsto para 2011, na produção de energia elétrica, assim como na construção de ferrovias e de instalações portuárias. A previsão de gastos é da ordem dos US$ 2 bilhões na exploração da mina pela Vale, no norte do país, em Moatize, e ainda na recuperação de uma ferrovia.

Parceria estratégica Lula considerou Moçambique um "parceiro estratégico e prioritário" das relações Brasil-África e ressaltou que o compromisso do Brasil com os "irmãos moçambicanos" ainda se dá no âmbito dos programas sociais.

A experiência brasileira na área social está sendo estudada, com o Bolsa Família. Durante a visita, Armando Guebuza disse que quer acabar com a pobreza no seu país e que vê os investimentos brasileiros como uma estratégia para combater a miséria. "Aquilo do Brasil que puder adequar-se à nossa realidade será adotado", afirmou.

O encontro entre os dois estadistas ainda gerou resultados com a assinatura de acordos de serviços nas áreas da educação técnica, no sistema penitenciário e na área de florestas.

A visita de quatro dias do chefe de Estado moçambicano abriu portas para futuras iniciativas no setor aéreo, de tecnologia social, além de formação de militares moçambicanos para integrarem missões de paz.

Os dois países deverão avançar bilateralmente em matéria de biocombustíveis e, nos próximos meses, o Brasil vai contribuir para a elaboração de um plano de ação de desenvolvimento da matriz energética de Moçambique.

Antes de regressar a Moçambique, Armando Guebuza teve agendada uma visita à maior mina de ferro a céu aberto do mundo, explorada pela companhia Vale, o Projeto Carajás, no sul do Pará.

Segundo o presidente, há muitos empresários brasileiros interessados em investir em Moçambique. Além de citar a Vale, que investiu em uma mina de carvão que entrará em funcionamento em breve e já está empregando 3 mil pessoas, afirmou que “com ela, vêm a Odebrecht, a Camargo Correa e outras empresas, que querem dar sua contribuição na área de infraestrutura e noutras áreas que forem necessárias”.

Outra frente prioritária para o governo moçambicano é o desenvolvimento do turismo. Há um esforço no sentido de fechar acordos aéreos e atrair investimentos para infraestrutura em hotelaria e restaurantes e para melhoria dos aeroportos. “Para termos maior capacidade de receber aviões e ter um ambiente mais apropriado para atrair os turistas. O Brasil irá construir um aeroporto”, revelou.

Gambuza veio ao Brasil acompanhado dos ministros de Negócios Estrangeiros, da Indústria e Comércio, da Energia, e dos Transportes e Comunicações. No Rio de Janeiro, ainda reuniu-se com o governador Sérgio Cabral e com o prefeito Eduardo Paes, além de dirigentes do BNDES.

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