Depois de passaportes falsos, TAP suspende operação para Guiné-Bissau

Mundo Lusíada
Com Lusa

Guine-BissauA TAP anunciou em 11 de dezembro a suspensão da operação para Bissau “perante a grave quebra de segurança ocorrida” no embarque de um voo para Lisboa na terça-feira, que implicou o transporte de 74 passageiros sírios com passaportes falsos.

Em Portugal, o ministério dos Negócios Estrangeiros transmitiu ao encarregado de negócios da Guiné-Bissau em Lisboa “a gravidade” do embarque de sírios com documentos falsos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Delfim da Silva, lamentou o incidente com as autoridades portuguesas sobre. “Lamentamos o sucedido, vamos apurar responsabilidades e tirar consequências”, disse o chefe da diplomacia guineense, após um encontro com o encarregado de negócios da embaixada de Portugal, Teles Fazendeiro.

“O que aconteceu não é do interesse da Guiné-Bissau, não ajuda ninguém, não ajuda (…) as relações com Portugal, nem os nossos compatriotas em Portugal. Nem ajuda às relações com a Europa”, disse Delfim da Silva.

Em causa está o embarque, na madrugada de terça-feira, de 74 passageiros “com documentos comprovadamente falsos no voo TP202 de Bissau para Lisboa”, apesar “dos alertas das competentes autoridades portuguesas e da companhia aérea”, naquilo que, para o MNE, configura “mais uma grave quebra de segurança no aeroporto de Bissau”.

Os 74 imigrantes ilegais pediram asilo a Portugal e foi-lhes concedido um visto especial de entrada no país por razões humanitárias, aguardando a conclusão do processo em centros de acolhimento fornecidos pela Segurança Social.

O governo de transição da Guiné-Bissau anunciou entretanto que vai abrir um processo de averiguações, tendo sido pedidos relatórios aos ministros do Interior e dos Negócios Estrangeiros. O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Abdu Mané, classificou como um “acontecimento vergonhoso” para o país o incidente.

Também a União Europeia coordena uma posição sobre o embarque, segundo um porta-voz da Comissão Europeia. Olivier Bailly indicou que haverá “provavelmente uma resposta consolidada” à questão levantada por um caso bastante invulgar e que envolve “vários ângulos”, pelo que exige uma coordenação de posições entre serviços da Comissão e do Serviço Europeu de Ação Externa.

O serviço de porta-voz de Catherine Ashton lembrou apenas que, “em conformidade com as conclusões do Conselho de Negócios Estrangeiros de 23 de abril de 2012, a UE não reconhece as autoridades de transição da Guiné-Bissau”, dado estas terem resultado de um golpe de Estado, nesse mesmo mês, tendo sido aplicadas medidas restritivas, designadamente a cessão de apoio prestado pela UE às autoridades de Bissau.

De acordo com informações do jornal Público, o grupo de 74 sírios teria sido trazido por uma rede de imigração ilegal, e guiado o grupo da Turquia, a Marrocos e depois até à Guiné-Bissau. Ainda não se sabe o valor pago à rede. Mas a notícia diz que o método é utilizado há alguns meses por outro grupo de árabes, que saíram de Bissau, rumaram a Lisboa e, depois, seguiram para outros países europeus.

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