Roberto Leal encanta a Casa de Viseu no Rio

Casa de Viseu estuda junção com outra casa tradicional do Rio de Janeiro, a Casa de Espinho. “As festas são cada dia mais difíceis de se fazer, uma vez que a nossa comunidade está terminando”, diz o presidente.

Por Ígor Lopes

Do Rio de Janeiro para Mundo Lusíada

Foto: Ígor Lopes

Imagine um almoço de domingo em família, regado a muita sardinha, azeite e tradição. No fundo, a música inconfundível de Roberto Leal. Agora, imagine reviver momentos descontraídos e de muita animação com amigos e parceiros do dia-a-dia. Foi assim a festa do último dia 16 de Abril na Casa de Viseu, na Penha Circular, zona Norte do Rio de Janeiro.

O evento reuniu várias personalidades da comunidade portuguesa, numa autêntica festa com muita alegria e música. Para falar sobre a casa, a nossa reportagem encontrou José Antônio Marinho Nunes, presidente da Casa da Viseu. A entrevista foi realizada na Cave Viriato, um dos refúgios mais imponentes daquela instituição. Em pauta, a atualidade da Casa de Viseu e sua provável junção com outra casa tradicional do Rio de Janeiro.

Segundo Marinho Nunes, o objetivo da presidência neste momento é “voltar a encher a casa”. Para ele, “a comunidade portuguesa tem decrescido e a casa de Viseu, como outras, está sentindo isso”.

“Temos procurado adaptar um pouco as programações. A comunidade precisa de grandes eventos aqui no Rio também. Estamos trabalhando com ações de infra-estrutura da casa. É aquela obra que não aparece, mas que é necessária”, conta Marinho.

A Casa de Viseu foi fundada em 1966 e, em 15 de Julho deste ano, completa 45 anos. O local conta com piscina, quadra poliesportiva e salão social, além de sala de troféus. A casa tem dois ranchos folclóricos: um adulto e um mirim, comandados por Flávio Martins, vice-presidente da Casa de Viseu. Os cursos ministrados são responsáveis por manter a casa funcionando financeiramente, já que, apesar de ter três mil sócios inscritos, não há cobrança de taxa de manutenção.

“Abrimos o mês sabendo que temos uma certa despesa. As festas são cada dia mais difíceis de se fazer, uma vez que a nossa comunidade está terminando”, sublinha Marinho.

No dia da nossa reportagem, Roberto Leal saiu do palco por volta das 18 horas. Nesse momento, um grupo de colaboradores entrou em ação para limpar o local e transformá-lo, em pouco mais de duas horas, num recinto dedicado à música flashback. No salão social houve espaço ainda para um baile dedicado à terceira idade. Durante a semana, o pagode, um ritmo especialmente brasileiro, invade a casa. Tudo isso com o intuito de “gerar receita”.

O importante, segundo o presidente, é promover as tradições portuguesas e atrair novos frequentadores. “Quando alguém visita a Casa de Viseu nós vendemos o nosso produto, que são as tradições e também conseguimos atrair a atenção de pessoas para integrar o nosso rancho folclórico. Estamos diversificando o tipo de atividade na casa, mas claro que não fugimos do principal que é atrair a família”, revela Marinho.

Sobre o futuro das casas portuguesas, esse responsável acredita que elas devem virar “pólos de interatividade entre Portugal e Brasil”.

Quando o assunto é o apoio recebido, o clima fica menos alegre. Marinho revela que só recebe ajuda de algumas Câmaras Municipais da região de Viseu, em Portugal, maioritariamente da parte de Fernando Ruas, atual autarca de Viseu. “Fora isso, temos algumas contribuições esporádicas”, afirma.

Um dos projetos da Casa de Viseu, e que está ainda em fase de estudos, é a fusão com a Casa de Espinho. Segundo Marinho, “o futuro das casas portuguesas é se juntarem. Antigamente eram fundadas várias casas e havia frequentadores para todas elas. Hoje não”.

“É um projeto bem viável. Seria uma forma de preservar uma das mais belas histórias da comunidade no Rio de Janeiro: a casa de Espinho. O interessante é você juntar algumas casas, não só Viseu e Espinho. Pois duas casas fortes juntas fazem uma casa muito mais forte”, conta Marinho.

O coordenador da área de Emigração / Não Residentes do banco Millennium BCP no Brasil, Miguel Coelho da Silva, esteve presente no evento e confirmou que o banco apoia atividades de várias casas portuguesas com “o intuito de fortalecer a presença dessas instituições junto da comunidade, bem como promover aquela instituição financeira no Brasil, em especial junto dos milhares de cidadãos luso-descendentes”, para quem o banco tem uma “oferta de produtos e serviços completa”.

“Estar junto da comunidade representa a possibilidade dos nossos clientes se sentirem mais perto do seu banco e da sua terra”, finaliza Miguel Coelho.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: