Presidente português dá início às comemorações do 10 Junho na África do Sul

Da Redação com Lusa

O Presidente português dá início às comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na África do Sul neste dia 05, junto de portugueses e lusodescendentes residentes na Cidade do Cabo.

Marcelo Rebelo de Sousa, que viajou de Lisboa no domingo, chegará durante a tarde à Cidade do Cabo, onde o primeiro ponto do programa é uma cerimônia a bordo do navio patrulha Setúbal, da Marinha portuguesa, às 17:30 locais (16:30 em Portugal continental).

Na visita a força nacional destacada, que participa na missão “Mar Aberto”, estarão presentes a ministra da Defesa, Helena Carreiras, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general José Nunes da Fonseca, e o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo.

A seguir, o chefe de Estado terá um encontro com a comunidade emigrante local, na Associação Portuguesa do Cabo da Boa Esperança, seguindo de noite para Pretória, de avião.

Na terça, em Pretória, Marcelo Rebelo de Sousa será recebido pelo Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, num dia de visita oficial qualificada como de Estado pelas autoridades sul-africanas.

As comemorações do Dia de Portugal na África do Sul, adiadas há três anos devido à pandemia de covid-19, irão prosseguir em Joanesburgo e Pretória, na quarta-feira, dia em que contarão também com a participação do primeiro-ministro, António Costa, vindo de Angola, juntamente com o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Acompanham o Presidente da República nesta deslocação à África do Sul os deputados Carlos Pereira, do PS, António Maló de Abreu, do PSD, Rui Paulo Sousa, do Chega, Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, e João Dias, do PCP, e o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.

A comitiva desta deslocação à África do Sul inclui ainda o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, de onde são originários muitos dos portugueses e lusodescendentes residentes na África do Sul, o presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, e o presidente da comissão organizadora do 10 de Junho, o enólogo João Nicolau de Almeida.

Desta vez, as comemorações do Dia de Portugal começam no estrangeiro e terminam em Portugal, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, onde terá lugar a cerimônia militar do 10 de Junho.

As inscrições consulares de portugueses na África do Sul são em redor de cem mil, de acordo com o Observatório da Emigração. Quanto ao número total de população portuguesa residente neste país, há estimativas díspares, que variam entre 200 mil e 450 mil, incluindo lusodescendentes.

Muitos portugueses foram das antigas colônias de Angola e Moçambique para a África do Sul.

 A última vez que um Presidente português esteve na África do Sul foi há dez anos, em dezembro de 2013, quando Aníbal Cavaco Silva se deslocou a Joanesburgo para as cerimônias fúnebres do líder histórico anti-apartheid e primeiro Presidente negro do país, Nelson Mandela.

Descolonização

O conselheiro português Vasco Pinto de Abreu admitiu que a comunidade portuguesa na África do Sul é muito marcada pelo processo de descolonização e considerou que Portugal e os movimentos de libertação devem desculpa aos ex-colonos portugueses e seus descendentes.

“Eu sou uma das vítimas dessa descolonização exemplar, e até agora ninguém fez essa tentativa de pedir desculpa por aquilo que aconteceu”, adiantou à Lusa o conselheiro português na áfrica do Sul.

“Devia pelo menos dar uma palavra sobre aquilo que se passou. E pelo menos lamentar aquilo que se passou, houve famílias que foram destroçadas, famílias que foram separadas, que é o meu caso, e até agora nem uma palavra de compreensão, antes pelo contrário, continua-se a falar dos colonialistas disto e daquilo, quando muitos de nós somos já de segunda e terceira geração nascidos nas ex-colônias”, vincou.

Segundo Vasco Pinto de Abreu, conselheiro pela área consular de Joanesburgo, a visão de quem foi obrigado a partir é diferente: “éramos cidadãos de corpo inteiro nesses países e que fomos afastados desses territórios, houve muitos que foram expulsos, e outros em que as condições assim o determinaram de ir para Portugal”.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que visita oficialmente a África do Sul de 5 a 8 de junho, defendeu que Portugal deve desculpa e responsabilização plena pela descolonização, no seu discurso na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República.

Quase cinquenta anos depois da descolonização, aqueles que foram vítimas de violência armada, e forçados a sair e a deixar bens em Moçambique e Angola, continuam à espera de uma compensação do Estado português.

Em dezembro de 1994, deu entrada na Assembleia da República uma petição, com mais de cinco mil assinaturas, que reclamava “o direito dos ex-residentes no Ultramar a uma justa indemnização”. A petição só foi debatida dez anos depois, altura em que o Governo, do PSD, aprovou a criação de um grupo de trabalho interministerial, mas sem qualquer resultado prático.

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