Obter o passaporte italiano está mais tecnológico, com acompanhamento por aplicativo

Da Redação

Desde o início da pandemia de COVID-19 no mundo, empresas e órgãos públicos têm intensificado a digitalização como forma de agilizar o trabalho e, com isso, tornar mais eficaz os resultados nesse momento de distanciamento social.

Assim como no Brasil, os tribunais na Itália têm utilizado a tecnologia para dar mais celeridade aos processos e, com isso, desafogar o sistema de Justiça no país.

Uma das áreas que tem se beneficiado com a digitalização é a concessão de cidadania italiana para ter direito ao tão desejado passaporte italiano. Renato Lopes, CEO da RSDV & Avv. Domenico Morra e especialista em processos de dupla cidadania para brasileiro, explica que o uso do sistema digital na Itália começou em meados de setembro do ano passado e, desde então, vem sendo fundamental para que os processos judiciais de cidadania tenham uma velocidade maior nas etapas.

“Como qualquer sistema novo, no início tivemos muitas dúvidas se seria um diferencial para os requerentes ao passaporte italiano”, explica Lopes. “Com o passar dos meses e uma melhor adequação dos profissionais dos tribunais italianos, podemos dizer que hoje o sistema digital da Justiça na Itália tem se consolidado cada vez mais e ajudado bastante aqueles que trabalham com os processos judiciais de reconhecimento da cidadania italiana”.

A inovação no reconhecimento da cidadania italiana chegou também aos celulares e tablets. Parte do sistema de uso da tecnologia, o tribunal de Roma também lançou recentemente um aplicativo por onde os requerentes podem acompanhar todas as etapas do processo, desde o protocolar dos documentos até a marcação de data para o julgamento da ação judicial.

“O app é uma ferramenta importante e tem passado constantemente por melhorias para facilitar a navegação dos usuários”, ressalta Lopes.

Mesmo com o uso da tecnologia para agilizar boa parte das etapas do processo de reconhecimento da cidadania, Renato Lopes, CEO da RSDV & Avv. Domenico Morra, ressalta que, ainda, o julgamento das ações judiciais depende da agenda dos juízes no tribunal de Roma.

“Já percebemos uma mudança de comportamento por parte dos juízes, mas a expectativa é de que os magistrados também incorporem no dia a dia a mesma rapidez da tecnologia às decisões transitadas em julgado”, reforça o executivo.

Como reconhecer a cidadania italiana?

Para iniciar o processo pela via judicial, o requerente deve juntar o máximo de documentos (certidões de nascimento, casamento, óbito etc.) do ascendente (parente) italiano da família. “O governo da Itália não exige grau mínimo de parentesco, ou seja, brasileiros que têm avós, bisavós, tataravós ou outros parentes consanguíneos na ‘árvore genealógica’ nascidos na Itália estão aptos a serem considerados cidadãos do país”, explica Lopes.

Porém, há alguns casos que a legislação italiana não permite a cidadania. “Se o parente vindo da Itália para o Brasil tiver obtido naturalização brasileira antes do nascimento do primeiro filho, automaticamente o requerente não poderá ser reconhecido como italiano”, esclarece.

Depois de juntada as certidões do ascendente italiano e do(s) requerente(s), a documentação é protocolada na Itália para a ação judicial no tribunal de Roma. De acordo com o especialista, não existe tempo para a ação ser julgada. “Em média, os processos enviados do Brasil e abertos na Itália têm levado de 12 a 18 meses para a sentença transitada em julgado”, afirma.

No entanto, Lopes faz um alerta: “como qualquer ação judicial, o processo estará baseado nos documentos apresentados pelo requerente para análise do juiz, que poderá deferir ou indeferir o pedido”, ressalta o CEO.

Após a ação constar como transitada em julgado, é necessário esperar de três a quatro meses para que a comune transcreva a decisão homologando o requerente como cidadão italiano. “Pode-se afirmar que o processo todo, da ação judicial ao documento em mãos que permite tirar o passaporte italiano, levará de 21 a 24 meses”, finaliza Lopes.

Benefícios da cidadania italiana

Assim como o português, com o passaporte italiano, o brasileiro tem inúmeras vantagens, desde entrada facilitada para turismo nos países da Comunidade Europeia e EUA, como para estudar, trabalhar ou fixar residência em algum desses países.

Nos Estados Unidos, por exemplo, Renato Lopes destaca que o brasileiro com dupla cidadania pode entrar no país com o visto de negócios E-2, que permite aportes a partir de US$ 100 mil e US$ 150 mil, a depender do tipo de atividade comercial. “É uma grande diferença, uma vez que o Green Card para brasileiros sem cidadania demanda investimento na faixa dos US$ 900 mil ou mais, como ocorre hoje com o visto EB-5”, defende.

Para quem deseja estudar na Comunidade Europeia, algumas universidades têm investimento bastante acessível. “É possível encontrar instituições de ensino superior com anuidade entre 800 e 1,2 mil euros”, afirma.

“Isso abre muitas oportunidades para uma formação excepcional, tendo em vista que o investimento anual na Europa é equivalente ou inferior ao que se paga em universidades brasileiras por mês”, conclui o especialista.

Em 2017, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal concedeu mais de 4 mil novas autorizações de residência para brasileiros, uma comunidade que já passou dos 120 mil residentes no país, e que não contabiliza os muitos brasileiros com passaporte italiano ou imigrantes ilegais, que permanecem além do prazo do visto de turista de 90 dias.

A população estrangeira residente em Portugal aumentou em 2019 pelo quarto ano consecutivo, totalizando 590.348 cidadãos, o valor mais elevado registrado.

Segundo o SEF, os brasileiros mantêm-se como a principal comunidade estrangeira residente no país, representando naquele ano 25,6% do total, o valor mais elevado desde 2012.

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