Nasce o Centro Cultural Português de Santos

Por Odair Sene Mundo Lusíada

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>> Alberto Barreiros, Armênio Mendes, Ernesto Vieira e José Duarte compondo a mesa.

Nasceu o “Centro Cultural Português”. A unificação entre a Sociedade União Portuguesa e o tradicional Centro Português de Santos foi considerada um momento histórico, e aprovada por unanimidade durante assembléia em 23 de outubro, na União Portuguesa em Santos.

Numa sessão histórica, dirigentes luso-santistas consolidaram um sonho antigo: a fusão de entidades na Baixada Santista com objetivo de fortalecer o associativismo.

Agora, a nova entidade deve apresentar, num período de seis meses, um Conselho, uma Comissão Permanente, além de Presidente e Vice para escolha da Diretoria Executiva, e os estatutos prontos, aprovados e registrados em cartório. Após este semestre, perde-se a função dos membros deste conselho de transição, formado por Ernesto Vieira da Silva, Alberto Tavares Barreiros, José Duarte de Almeida Alves e Custódio Tavares Barreiros.

A mesa da sessão, presidida por Ernesto Vieira, divulgou e aprovou em votação a Comissão Especial criada para a nova associação. Foi durante a reunião que Armênio Mendes também confirmou oficialmente a aceitação do convite para o cargo de Cônsul Honorário em Santos (leia abaixo). “Não podemos deixar de registrar, neste momento, para que fique fazendo parte da história” afirmou o presidente da mesa.

Sobre a unificação, Armênio Mendes agradeceu a presença e o apoio dos presentes durante a conclusão da fusão, e fez votos “para que outras entidades venham se integrar a essas duas entidades no sentido de criarmos esta entidade que nós sonhamos e esperamos, que é uma entidade forte na dimensão da comunidade portuguesa e luso-brasileira, e na dimensão da nossa região da Baixada Santista”.

Presentes na reunião estiveram Ademir Pestana, José Rodrigues Liberado, Comendador Vasco Frias Monteiro, José da Costa Teixeira, Mário Bastos, entre outros dirigentes associativos; sendo que todos enalteceram este dia histórico, alguns citaram a falta de interesse pelas novas gerações no comando das atuais entidades, algumas sem expressão suficiente para chamar atenção dos filhos e luso-descendentes, e elogiaram a iniciativa da unificação como forma de manutenção das raízes lusas.

A História “Quando eu presidi o Centro Português, de 1984 à 88, nós já tentamos fazer esta unificação e esbarramos em pessoas mais idosas e conservadoras, que não queriam” conta Ernesto Vieira, quem elogiou a comissão de juristas responsável pela elaboração do estatuto, já feito para absorver outras entidades. “Foi tudo feito num contexto de reconciliar essas entidades”.

Segundo ele, foi em 1895 que o professor João de Deus saiu do Centro Português para iniciar uma outra entidade. “Ele ficou num ‘salãozinho’ no apêndice do Centro Português mas com a Sociedade Musical Colonial Portuguesa, que em 1908 mudou para Sociedade União Musical Portuguesa, e depois em 1913 se tornou este nome até hoje. Mas é dissidente do Centro Português. E hoje, 23 de outubro, coincidentemente aniversário de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, a União Portuguesa faz essa assembléia histórica que dá nome ao Centro Cultural Português”.

Para Ernesto Vieira, a nova associação irá “deixar mais forte” o Rancho Folclórico Verde Gaio – dependente do Centro Português, entidade que sempre manterá seu prédio tombado como “o centro cultural maior da nossa raça”, e contando ainda com uma sede social, no atual prédio da SUP.

“Outras entidades se agregarão. Porque quando éramos 50/80 mil portugueses, nós enchíamos todas as casas. Hoje somos duas dúzias de portugueses, e temos que deixar as entidades com condições (eu tenho 4 filhos) de nossos filhos tocarem as entidades” defende Vieira. “Somos os últimos imigrantes que vieram na metade do século passado, eu cheguei na década de 50. E quero morrer quem sabe daqui 80 anos, meu neto chegar aqui dizendo que certamente um dia o seu avô muito lutou para que esta unificação houvesse. É um dever meu mantê-la com as portas abertas”.

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