Da Redação com Lusa
Os emigrantes açorianos que regressam ao arquipélago aposentados sentem a falta dos amigos e familiares, que já partiram, e dos convívios com os conterrâneos que tinham na diáspora, por isso a associação que os representa pretende promover no arquipélago.
Recém-empossada como presidente da AEAzores – Associação dos Emigrantes Açorianos, Andrea Moniz-DeSouza elege o acompanhamento destes emigrantes regressados como uma das prioridades do seu mandato, consciente que, para muitos, o sonhado regresso nem sempre é fácil.
“É mais fácil voltar para Portugal com o dinheiro que conseguiram juntar durante uma vida e é também o seu sonho, para aproveitarem o resto da vida no país de origem, mas quando regressam são poucas as pessoas que conhecem. Muitos dos amigos e familiares morreram e até os Açores estão hoje muito diferentes”, disse à agência Lusa.
As dificuldades são maiores para quem não tem carta de condução nem facilidade de mobilidade entre as ilhas, referiu.
Um fator que contribui para este “sentimento de solidão” é a ausência de encontros entre açorianos, o que “é muito frequente na diáspora, onde a comunidade açoriana é bastante ativa”.
“Eu gostava de promover esse tipo de ajuda, de ajuntamentos”, que são “fundamentais, principalmente numa altura em que as pessoas têm mais tempo porque já não trabalham e têm algum conforto econômico”, adiantou.
De acordo com a responsável, “as pessoas [emigrantes portugueses] juntam-se mais nos locais de emigração do que propriamente em Portugal”.
Segundo Andrea Moniz-DeSouza, que é cônsul honorária de Portugal nas Bermudas, o regresso dos açorianos começa agora a ser cada vez mais frequente, mas também o interesse dos lusodescendentes em viverem no arquipélago.
“O mundo está mais global e com a possibilidade do teletrabalho, muitos lusodescendentes estão a equacionar irem viver para os Açores e trabalhar a partir de lá, onde conseguem mais tranquilidade”, observou.
Por outro lado, o arquipélago sofreu um desenvolvimento que o torna quase irreconhecível para quem de lá partiu há décadas.
Os emigrantes que regressam, afirmou Andrea Moniz-DeSouza, gostam do desenvolvimento e de verem a sua terra tão procurada por turistas do mundo inteiro, não sem lamentarem a confusão, principalmente no verão.
E se são cada vez mais os que regressam, continuam também muitos a partir e, segundo a presidente da AEAzores, pelos mesmos motivos de sempre: “A vida está difícil, não há muito trabalho nos Açores e os que lá trabalham não ganham muito”.
Natural dos Arrifes, Ponta Delgada, Andrea Moniz-DeSouza emigrou para a Bermuda (território britânico) com os pais.
“Desde a minha infância como uma criança emigrante, sempre tive muito orgulho de ser açoriana e uma paixão por promover a nossa cultura nas Bermudas e nas comunidades de emigrantes”, contou.
A advogada desempenhou várias funções em organizações dos emigrantes açorianos nas Bermudas, como o Clube Vasco da Gama, fundado em 1935, e a Casa dos Açores da Bermuda.
Enquanto presidente da AEAzores, pretende criar um gabinete de apoio para emigrantes que desejem investir nos Açores e organizar intercâmbios com jovens da diáspora para que estes recebam formação para futuros embaixadores dos Açores nas suas comunidades da diáspora.