Muitas pessoas reclamam da taxa de desemprego e da falta de oportunidades de trabalho no Brasil. Mas, o que realmente acontece? Evidente que, por um lado, o Brasil tem muita coisa a fazer para garantir emprego a todos – começando pela educação. Mas, quem acompanha o dia a dia da área de Recursos Humanos, também entende que, muitas vezes, o fato de muitas vagas não serem preenchidas está na falta de mão de obra qualificada.
O mercado de trabalho brasileiro sofre com profissionais que não preenchem o requisito básico para as funções, o que pode representar um ensino defasado ou, simplesmente, o não aproveitamento do período de graduação. Em relação ao setor tributário, essa dificuldade aumenta bastante. Não é difícil observar vagas neste mercado que ficam abertas por meses.
Considerando a complexidade do setor tributário brasileiro e a importância vital que essa área exerce para as empresas, há uma carência considerável de mão de obra, e, ainda por cima, falta de qualificação. O grande desafio para as empresas é achar profissionais que possuam repertório, boa apresentação e postura empreendedora.
É muito comum encontrar candidatos com dificuldades em questões básicas ou que possuam apenas conhecimentos superficiais. Para muitos, também falta intimidade com ferramentas consideradas básicas para funções tributárias, como o Excel, por exemplo.
Mas, ao mesmo tempo, essa carência de mão de obra qualificada reserva boas oportunidades para quem possui o perfil que o mercado exige, pois um bom profissional sempre é valorizado e não fica sem emprego. Além disso, esta área, tradicionalmente, pratica uma remuneração mais expressiva em relação a outras profissões.
Quanto aos atributos técnicos, o mercado procura profissionais formados em contabilidade, economia ou administração. A formação acadêmica, no entanto, é apenas o primeiro passo. Por conta do dinamismo do mercado, o profissional tributário deve se atualizar constantemente por meio de cursos, leitura e participação em eventos especializados. Com a mudança constante da legislação, o não acompanhamento pode gerar prejuízos sérios para a carreira.
Mas não basta apenas ter habilidades técnicas. É preciso que o profissional tributário também exerça uma boa relação interpessoal, tenha boa apresentação e seja persuasivo. No caso de uma consultoria, por exemplo, é constante o contato com executivos de grandes empresas. Por isso, uma postura tímida e retraída inviabiliza argumentações relevantes. Falar bem, se expressar com clareza e ter boa escrita, apesar de parecer algo simples, é um importante diferencial.
Diante da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, as empresas também possuem um papel fundamental para, justamente, valorizar e reter seus talentos.
Não se esqueça: trata-se de um setor que exige muita proatividade, gosto pelo conhecimento e disposição em obter autodesenvolvimento. Existem vagas no mercado. Construir uma carreira de sucesso só depende de quem tenha interesse em cumprir esses requisitos.
Sérgio Gegers
Sócio-diretor da consultoria Actual Brasil e membro da Comissão de Assuntos Tributários da FecomercioSP