Renca: Governo revoga decreto que permitia exploração de reserva na Amazônia

Da Redação
Com agencias

Artistas entregam ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, carta de repúdio aos projetos de caráter ambiental no Congresso Nacional e que ameaçam a preservação da Amazônia (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O Decreto nº 9.159, que revoga outro decreto, o de número 9.147, de 28 de agosto de 2017, que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, depois de assinada dia 25 pelo presidente Michel Temer.

A decisão de extinguir a Renca foi questionada por ambientalistas, artistas e repercutiu na mídia internacional. No início deste mês, o governo já havia determinado a suspensão da medida. Para o Planalto, houve falta de clareza sobre os efeitos da extinção. No entanto, o tema continuará na pauta do governo. O próximo passo será a realização de uma consulta pública, ainda sem data prevista.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) disse que as razões que levaram a pasta a pedir a extinção da reserva continuam presentes e defende mais debate sobre o tema. “O país necessita crescer e gerar empregos, atrair investimentos para o setor mineral, inclusive para explorar o potencial econômico da região”, diz o texto divulgado após o anúncio da revogação do decreto pelo Palácio do Planalto.

“O MME reafirma o seu compromisso e de todo o governo com a preservação do meio ambiente, com as salvaguardas previstas na legislação de proteção e preservação ambiental, e que o debate em torno do assunto deve ser retomado em outra oportunidade, mais à frente, e deve ser ampliado para um número maior de pessoas, da forma mais democrática possível.”

A organização de defesa do ambiente Greenpeace congratulou-se com a decisão de Temer, considerando que a revogação “demonstra que, por pior que seja, nenhum governante é absolutamente imune à pressão pública”. “É uma vitória da sociedade sobre quem quer destruir e vender a nossa selva”, declarou o coordenador de Políticas Públicas da Greenpeace, Marcio Astrini, num comunicado.

Mais de 1.8 milhão de pessoas em todo o mundo assinaram o abaixo assinado contra a medida, além de artistas e ambientalistas terem se reunido em defesa da causa em Brasília. “Mais uma vez o mundo mostrou a Temer que a Amazônia é um tesouro brasileiro e que ele não pode entregá-la para seus comparsas ruralistas. Isso é o que acontece quando o povo se une — e nosso movimento de milhões de pessoas não descansará até que o ataque de Temer à Amazônia cesse por completo” declarou Diego Casaes, coordenador de campanhas da Avaaz.

A Renca

A área de proteção foi criada em 1984 pelo governo de João Figueiredo, último presidente do período militar. Na ocasião, foi definida a proteção da área de 47 mil quilômetros quadrados (km²), incrustada em uma região entre os estados do Pará e do Amapá.

Desde então, a pesquisa mineral e atividade econômica na região passaram a ser de responsabilidade da Companhia Brasileira de Recursos Minerais (CPRM – Serviço Geológico Brasileiro) ou de empresas autorizadas pela companhia. Além do cobre, estudos geológicos indicam a ocorrência de ouro, manganês, ferro e outros minérios na área.

Dois dias após o decreto que extinguia a Renca, o Palácio do Planalto divulgou nota afirmando que o objetivo era “coibir a exploração ilegal” e recolocar o Estado como administrador de jazidas minerais da Renca, que atualmente sofre com a existência de garimpos clandestinos de ouro.

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