Quase 40% dos incêndios em Portugal deflagraram durante a noite

Da Redação
Com agencias

Dos 951 incêndios que ocorreram entre os dias 22 e 28 de agosto, 353 deflagraram durante a noite, tal como já tinha acontecido na semana anterior, segundo o comandante operacional de proteção civil.

No encontro semanal com jornalistas sobre a situação dos incêndios florestais, Rui Esteves disse que, mais uma vez, 37% dos incêndios deflagraram à noite, sendo que essa percentagem aumentou para 42% nos dias 25 e 26.

Os 951 incêndios florestais foram combatidos por 25.581 operacionais, apoiados por 6.582 veículos. Os distritos onde foram registradas mais ocorrências de fogo foram Porto, Viseu e Aveiro, e os que tiveram mais área ardida foram Castelo Branco e Guarda.

Rui Esteves ressalvou que, na última semana, registrou-se uma diminuição de 25% das ocorrências, isto é, houve menos 325 incêndios.

Desde o início deste ano até segunda-feira já arderam em Portugal 188 mil hectares, resultado de 12.347 ocorrências de fogo, mais 3.400 do que em igual período do ano passado, durante o qual arderam 116 mil hectares.

Quanto à previsão meteorológica para os próximos dias, está prevista a ocorrência de aguaceiros e trovadas e humidade relativa do ar com tendência para subir em todo o território.

“Há um desagravamento do risco de incêndio em todo o território nacional. Porém, no dia 31 voltamos a ter situações um pouco mais graves, nomeadamente em Castelo Branco e no Algarve com índice de risco de incêndio elevado”, sublinhou Rui Esteves.

Financial Times

Nesta semana, o jornal norte-americano Financial Times, em artigo abordando os incêndios florestais em Portugal, culpa a “centralização”, o “êxodo rural” e o “abandono do interior”, particularmente no caso do grande incêndio que matou 64 pessoas em junho.

“As feridas expostas pelo desastre e infligidas por décadas de negligência, o exôdo rural e o afastamento do poder político não podem ser curadas apenas com ajuda e solidariedade” que surgiu após a tragédia, escreve o jornal britânico, traduzido pelo Notícias ao Minuto.

Segundo o jornal, o autarca de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, fala num “sentimento de abandono” por parte do Estado em relação ao interior, partilhado por Manuel Machado, presidente da câmara de Coimbra que sublinhou que “a marginalização e a desertificação criaram um desequilíbrio que tem de ser corrigido”.

Ainda, para o ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, “séculos de poder hierárquico focados só em Lisboa e enraizados pelo regime autoritário de António Salazar e Marcelo Caetano, entre 1928 e 1974, tornaram Portugal um dos países mais centralizados do continente europeu”, sublinhando que é difícil a economia crescer localmente num país tão centralizado.

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