Migrações exigem reflexão sobre direito de escolha dos migrantes – Arcebispo de Luanda

Da redação com Lusa

No Santuário de Fátima, o arcebispo de Luanda, Filomeno Dias, considerou neste domingo que as migrações “são um fenômeno complexo”, que tornam pertinente a reflexão em torno do direito aos migrantes serem “livres” de escolher o seu futuro.

“O contexto que se vive no mundo torna atual e pertinente a mensagem do Papa (…), sob o título ‘livres de escolher se emigrar se ficar’”, defendeu o prelado angolano na homilia da missa internacional da Missa do Migrante e do Refugiado, no Santuário de Fátima.

Filomeno Dias citou a mensagem de Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, partindo da certeza de que as “migrações são um fenômeno complexo”, o que faz com que, enquanto se trabalha “para que toda a migração possa ser fruto de uma escolha livre”, todos são chamados “a ter o maior respeito pela dignidade de cada migrante”.

Isto significa, segundo o pontífice, “acompanhar e gerir da melhor forma possível os seus fluxos, construindo pontes e não muros, alargando os canais para uma migração segura e regular”.

“Onde quer que decidamos construir o nosso futuro – no país onde nascemos ou fora dele -, o importante é que lá haja sempre uma comunidade pronta a acolher, proteger, promover e integrar a todos, sem distinção, nem deixar ninguém de fora”, continua o Papa Francisco na sua mensagem citada na homilia do arcebispo de Luanda.

Perante milhares de peregrinos presentes no recinto do santuário, Filomeno Dias apontou depois os desafios que se colocam aos cristãos nos dias de hoje.

“Ser cristão é aprender a viver na incerteza. O conhecimento da fé não é exato como o da ciência; aliás, a fé trata de realidades cuja importância é mais decisiva do que tudo o que podemos ver ou tocar. Crer no poder salvífico de Jesus implica correr um risco”, disse o arcebispo angolano, que apontou, também, “o clássico comportamento dos cristãos: exigir de Deus uma prova que garanta que tudo o que Ele propõe (…) seja aceitável, (…) seja credível”.

Depois, comparou a Igreja a uma barca, na qual a presença de Jesus permite que “navegue com fé e segurança em cada época e situação da história humana, não obstante as tribulações e perseguições e os defeitos de alguns dos seus membros”.

A peregrinação que terminou neste dia 13, considerada uma das maiores do ano à Cova da Iria, conta tradicionalmente com muitos emigrantes portugueses que se encontram no país em gozo de férias, bem como com um crescente número de imigrantes radicados em Portugal.

Cumprindo uma tradição iniciada há 83 anos por um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica de 17 paróquias da então diocese de Leiria, o ofertório ainda ficou marcado pela tradicional oferta de trigo ao Santuário de Fátima.

Segundo informação do santuário, em 2022, foram oferecidos 5.727 quilogramas de trigo, mais de 3.300 litros de azeite e 344 quilogramas de farinha.

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