Localidades ribeirinhas em protesto contra a poluição do Tejo

Da Redação
Com Lusa

Ponte 25 de Abril, Lisboa. Foto: Mundo Lusíada
Lisboa. Foto: Mundo Lusíada

Mais de vinte localidades ribeirinhas do Tejo de Portugal e Espanha unem-se, no sábado, para manifestações em defesa de um “rio vivo” e contra a poluição do Tejo e seus afluentes.

“As populações ribeirinhas estão unidas na sua indignação pelos recorrentes casos de poluição do Tejo, crimes que alguém pratica contra um bem que é de todos”, disse à Lusa o porta-voz do movimento ProTejo, que coordena a iniciativa em Portugal.

“É hora de dizer basta e, por isso, estamos a apelar aos cidadãos para que se manifestem nos cais fluviais, nas praias fluviais e nos parques ribeirinhos das suas terras”, acrescentou Paulo Constantino.

A iniciativa é organizada pela Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água do Tejo de Portugal e Espanha.

“A situação de todo o rio Tejo é insustentável e resulta de muitos anos de gestão irracional”, defendeu o dirigente, tendo exemplificado com as “descargas de águas residuais, extrações de irrigação e abastecimento, explorações hidroelétricas e nucleares, extrações e descargas ilegais, a ocupação do domínio público hidráulico, e a colonização de espécies invasoras”, entre outras.

A manifestação, que se espalha em concentrações marcadas para 14 localidades ribeirinhas portuguesas e espanholas, conta também com o apoio de entidades autárquicas e ambientalistas.

Residente na aldeia ribeirinha de Ortiga, em Mação, Sebastião Matos, um dos apoiantes da iniciativa, criou o “Observatório Ambiental” do rio Tejo nas redes sociais, onde conta com mais de 2 mil adesões.

Em declarações à Lusa, Sebastião Matos referiu que a criação deste grupo de apoio ao Tejo “advém da revolta por assistir a tantas descargas poluentes no rio e da necessidade de dizer às empresas que não podem transformar um recurso natural num esgoto a céu aberto”.

Todas as autarquias contatadas pela Lusa defenderam “a pertinência” da iniciativa.

“Todos somos poucos para defender o Tejo e encontrar soluções para os vários problemas que enfrenta. Está na hora de falar do rio Tejo por bons motivos e não sempre por casos de poluição ou má gestão dos seus caudais”, defendeu à Lusa o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela (PSD).

Também a autarca de Constância, Júlia Amorim (CDU) confirmou a sua presença na iniciativa de sábado, tendo destacado a sua “pertinência, pela temática que envolve” e as “preocupações comuns em termos de poluição, gestão dos caudais, transvases e as questões ambientais e ecológicas”.

Contatado pela Lusa, o autarca de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire (PS), afirmou “não compreender como é que, por razões economicistas, se esquece uma questão que é de direito europeu, com metas definidas para a questão ambiental, como os cursos de água e a sua sustentabilidade, a qualidade e a própria alimentação do homem”.

O autarca disse “acreditar” que, “com ponderação e bom senso, é possível ter os caudais diários razoáveis e regulares necessários a uma boa gestão do Tejo, conjugando o interesse econômico com o ambiental”.

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