Evento no Consulado reuniu prefeituras do Grande ABC para oportunidades às empresas portuguesas

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Por Odair Sene
Em 17 de setembro, o Consulado Geral de Portugal em São Paulo realizou em conjunto com a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, um evento empresarial que reuniu as empresas portuguesas, representantes das prefeituras do Grande ABC, os secretários de desenvolvimento econômico das sete cidades, as Associações Comerciais para apresentarem as oportunidades de negócios na região, e ainda o representante do órgão diplomático no Grande ABC, Paulo Freitas.
O diretor da Aicep Carlos Moura abriu o evento para saudar os presentes e passar a palavra ao Cônsul Paulo Lourenço que falou da atual situação econômica e muito das relações bilaterais com Portugal, incentivou os negócios e reforçou seu empenho pessoal no tema, desde que chegou ao Brasil há três anos, revelando que o assunto é um dos seus preferidos.
“Temos feito desde que chegamos há três anos, que é dizer às empresas que estão aqui em São Paulo, e são muitas, que há vida fora do município de São Paulo, que há oportunidades de negócios, e como você sabe, entre as permanências consulares que organizamos, meus deslocamentos às várias cidades do interior de São Paulo, as rodadas de negócios que promovemos nas sequências das permanências consulares, nossa grande aposta foi esta desde o começo, em matéria de oportunidades de negócios e o que fizemos foi juntar o nosso interesse em levar o consulado e os serviços consulares através das permanências para o interior, aproveitar a presença do consulado no interior para dinamizar as oportunidades de mão-dupla entre empresas portuguesas e brasileiras, e é isso que temos feito”.

“Efeito Multiplicador” entre as empresas
O encontro realizado no consulado viabiliza a vinda das empresas portuguesas, onde puderam ver as apresentações de todas as secretarias mostrando todas as peculiaridades da região, isso facilitou em muito por conta da introdução ao tipo de economia que se faz na região como um todo, além das particularidades de cada cidade.
Por outro lado, para as secretarias e para as prefeituras locais, há consciência da importância da presença do empresariado português no Brasil, como também do momento econômico que vive o país, portanto o óbvio é que haja muito interesse pela possibilidade de investimentos dessas empresas na região. Para o cônsul interessa fomentar essa troca, porque da troca entre os dois países nascem os investimentos no Brasil e em Portugal, “é assim que faz sentido, que funciona”, diz Paulo Lourenço.
Neste evento os presentes acompanharam as equipes representantes das prefeituras e associações comerciais e industriais e, segundo o consulado, a expectativa é que nasça deste evento uma geração de encontros empresariais depois com as empresas dos diversos setores que podem servir como multiplicadoras para os contatos com as demais empresas: “Ao invés de darmos um tiro no escuro, nossa intenção é tentarmos encontrar empresas portuguesas que podem dar correspondência com as empresas que aqui estão, como um ponto intermediário para levar até outras empresas. Por outro lado é óbvio que as secretarias, as prefeituras que aqui estão, que já conhecem as oportunidades existentes e que não envolvem outras empresas. Portanto o objetivo, sobretudo, é permitir que as empresas portuguesas tenham uma fotografia da realidade econômica do Grande ABC, foi o que aconteceu hoje com as apresentações das diversas características das cidades aqui representadas”, disse ao Mundo Lusíada o cônsul Paulo Lourenço.
Os organizadores garantem que depois do evento, haverá um efeito multiplicador porque a informação circula muito rapidamente, e como tem empresas a se interessar, e como é a característica das empresas portuguesas falar entre elas, isso será disseminado rapidamente.
Assim, o trabalho primordial do Consulado/Aicep é juntar pessoas que conheçam a região e colocá-las para falar com as empresas portuguesas e o resultado há de ser repassado para todas as empresas que não estiveram presentes naquele momento, exatamente o que o Consulado tem feito há três anos. “A mim me parece que a região do Grande ABC é uma região muito promissora e tem muitas oportunidades de negócios neste momento por conta da contração econômica”, diz Paulo Lourenço.
Paulo Lourenço diz ter insistido muito, que este é um momento muito bom para se investir em Portugal, e também é um momento muito bom para se investir no Brasil. Segundo ele, é preciso entender que é nesses momentos que se encontram as melhores oportunidades. “E eu tenho procurado empresas para Portugal, e os investimentos brasileiros em Portugal está a aumentar, da mesma forma tenho feito com a mesma convicção a persuasão das empresas portuguesas a investir agora no Brasil, porque é nesses momentos que você reserva o melhor lugar”.

O mercado, as oportunidades e a novidade
Como a economia de São Paulo é muito concorrencial, com uma presença estrangeira muito forte, o cônsul diz que faz todo sentido procurar cidades que tenham uma economia grande, com 300/400/500 mil habitantes, que tenha poder de compra apreciável, classes médias, etc; “depois de estarmos lá, vimos como a economia local funciona, e então procuramos sensibilizar as nossas empresas que estão aqui, a encontrarem oportunidades nessas regiões”, diz ele referindo que o evento com representantes do ABC é o seguimento disso tudo, “nós temos ido muito à região, e ainda por cima temos a particularidade de ter um representante nosso no Grande ABC, para esta área de negócios, que é o Paulo Freitas, a razão pela qual nós entendemos nomear uma pessoa como o Paulo para desempenhar essas funções, tem justamente a ver com a importância que a região do ABC tem para nós, porque o ABC está demasiado perto para ter uma presença consular, mas ao mesmo tempo está suficientemente longe para se constituir uma economia à parte da economia do município de São Paulo e ainda se trata de uma economia diferente da economia de São Paulo, com forte presença industrial, tem um componente de serviços à volta desta indústria, portanto fazia todo sentido para nós promovermos este encontro entre as empresas portuguesas e as várias secretarias de desenvolvimento das prefeituras, que aliás estão presentes aqui, como a Associação Comercial, e eu acho que isso acontece porque eles entenderam essa oportunidade.”
A modalidade de representação diplomática voltada aos negócios é uma novidade no mundo diplomático e que vem sendo avaliada pelo Cônsul Paulo Lourenço. O modelo já foi iniciado no Grande ABC através do representante Paulo Freitas (empresário da área de turismo em Santo André), como deverá existir na baixada santista em breve, o cônsul revelou se tratar de uma modalidade informal, mas representante legal, especial para a determinada região.
Não se trata de um cargo institucional, não é remunerado, é um cargo que depende de uma relação de confiança. “E eu acho que ele tem muito respeito na região, e ao mesmo tempo tem o perfil certo para isto, se der resultado vou fazer em outras áreas a mesma coisa”.
Paulo Freitas tem sua autoridade legal, tem uma carta do Cônsul que o credencia como o representante para a área de negócios da região, e trabalha sobretudo em coordenação com a AICEP (Agencia para o Investimento e Comercio Externo de Portugal).
Lourenço disse que há duas razões para a escolha: primeiro pela importância da região, no ponto de vista econômico, obviamente, e em segundo porque ele queria testar esta modalidade de representação para levar para outras regiões, “e o Paulo Freitas tem características que o tornam uma boa escolha para este efeito, se der certo vamos sim levar para outras regiões”.

Valter Moura: “estamos semeando hoje para colhermos os frutos de amanhã”
O presidente da Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo, Valter Moura (foto), que também é vice-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, falou aos presentes representando todas as regiões, dando um panorama geral das potencialidades do Grande ABC em vários níveis e aspectos.
Cada cidade tem sua Associação Comercial e cada Associação representa as empresas de sua cidade, sendo que nesta região do ABC existe um braço político importante que é a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, atuando numa parceria envolvendo a agência, o consórcio, as associações comerciais, o pólo petroquímico, e as universidades instaladas no Grande ABC.
Segundo Valter Moura, a Associação Comercial trabalha para fomentar o desenvolvimento local, como também incentiva investimentos das empresas locais em outras praças do Brasil e exterior. “Para nós este é um evento excepcional, com certeza estamos semeando hoje para colhermos os frutos de amanhã. O momento econômico é para investir, no momento de crise o empresário que tem visão estratégica, ele investe, não fica parado, e é um momento de aproximarmos os empresários portugueses com nossas empresas e principalmente deles investirem numa das regiões mais importantes, mais prosperas do país que é a região do Grande ABC, porque representa um potencial econômico fantástico, que tem mão de obra qualificada, tem espaço aberto para novas indústrias, novas empresas, e eu tenho certeza que os investidores portugueses vão nos visitar e vão implantar suas empresas na nossa região”, disse.

Ponte entre interessados: Carlos Moura, diretor da AICEP
Carlos Moura, diretor da AICEP, um dos organizadores e também responsável pela intermediação entre os interessados, explica como vai fazer chegar às empresas portuguesas as muitas informações apresentadas pelas prefeituras. “Nosso objetivo primeiro é proporcionar que essas informações cheguem ao presentes, para depois fazer chegar por outras vias às empresas que estão no Brasil. Por outro lado o objetivo é essa troca de contatos com os representantes das prefeituras e presidentes das associações, para as empresas saberem a quem se dirigir na busca de novas oportunidades.
O evento é inédito porque conseguiu reunir os secretários das cidades: São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Rio Grande da Serra, Mauá e Ribeirão Pires. Além das Associações Comerciais dessas cidades.
“Isto foi uma ação que tem sido desenvolvida pelo interesse de descentralizar o negócio aqui da cidade de São Paulo e também mostrar que há vida para além da região central de São Paulo, porque em todas as regiões-limite tem vários setores de grande interesse para muitas das empresas, agora, cada empresa vai analisar essas oportunidades e vai tentar desenvolver os contatos num futuro”.
Carlos Moura acredita que muitas empresas já instaladas no Brasil, muitas já em São Paulo, terão interesse especialmente nas áreas de infra-estrutura, tratamento de água, parte ecológica, tecnologias, energia, entre outras áreas, terão interesse em expandir para esta região do ABC, “e agora com os planos que existem para o desenvolvimento dessa região, é as empresas estarem atentas e fazerem os contatos que desejarem”, reforça.
A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal atua exatamente na intermediação entre o que há num mercado, as oportunidades, e as empresas que queiram vir para o mercado que lhe seja de interesse. “Nós apoiamos as empresas para virem ao mercado e a ultrapassar os obstáculos ou barreiras, e atenção às oportunidades também”.

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