Escolas encerradas e serviços fechados em Portugal devido a greve

FOTO ARQUIVO/LUSA O ministro português da Educação, Tiago Brandão em uma escola portuguesa.

Da Redação
Com Lusa

Cerca de 500 escolas portuguesas estão encerradas devido à greve dos trabalhadores não docentes, segundo um balanço de sindicatos que representam estes profissionais, que aponta para uma adesão entre 80 e 85%.

O balanço foi feito ao final da manhã por Artur Sequeira, da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, que lembrou os principais motivos do protesto: baixos salários, precariedade ou a falta de funcionários nas escolas.

Numa conferência de imprensa realizada à porta da escola secundária Vergílio Ferreira, em Lisboa, esteve também o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que acusou o Governo de ser “tio Patinhas” na forma como está a olhar para as escolas que têm carência de funcionários, o que pode pôr em causa a segurança dos alunos, assim como a qualidade do ensino.

“Parece-me que é uma grande greve. As escolas que conseguiram abrir têm vários setores que não estão a funcionar, desde bibliotecas, bares a pavilhões gimnodesportivos, ou seja, estão a funcionar de forma deficitária”, contou à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima.

No Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Gaia, “três escolas estão encerradas. Só a escola sede abriu, com alguns setores fechados”, disse Filinto Lima, que é também diretor deste agrupamento.

Segundo o presidente da ANDAEP, “em Setúbal só há uma escola aberta em toda a cidade” e as escolas do Agrupamento de Valadares estão hoje de portas fechadas. “Um colega de Viana de Castelo disse-me que a adesão é forte”, acrescentou Filinto Lima, que diz compreender as razões da greve dos funcionários.

Quase metade dos assistentes auxiliares recebe o ordenado mínimo, sendo que muitos deles trabalham há mais de 20 anos nas escolas, segundo um inquérito realizado em abril pelo blogue ComRegras em parceria com a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), ao qual responderam 176 diretores.

O aumento dos salários e o reforço de pessoal são duas das reivindicações destes trabalhadores. “Os motivos são justos para os funcionários e para as escolas, que não têm gente suficiente”, reconhece Filinto Lima.

Também o presidente do Conselho das Escolas, José Eduardo Lemos, critica a falta de funcionários nas escolas: “É necessário mais gente, quer assistentes operacionais quer assistentes técnicos. A situação atual começa a ser preocupante”.

José Eduardo Lemos que é também diretor da Escola Secundária Eça de Queiroz, na Póvoa de Varzim, diz que a greve afetou alguns serviços, tendo sido suspensas as aulas de educação física.

Em Cinfães, os 1.300 alunos do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto não tiveram hoje aulas.

“No meu agrupamento não tenho funcionários. Tive de fechar todas as escolas”, contou à Lusa Manuel Pereira, diretor do agrupamento, acrescentando que, às 08:30, ainda recebeu os alunos mais novos, do 1.º ciclo, mas que teve de organizar meios de transporte para que as crianças pudessem regressar a casa, “porque não havia condições para permanecerem na escola”.

Enquanto presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira diz ainda não ter uma visão nacional dos impactos da greve, mas também sublinhou a importância destes trabalhadores no funcionamento das escolas e lamentou a forma “como têm sido maltratados há muitos anos”.

Em Lisboa, o diretor do Agrupamento de Escolas de Benfica, Manuel Esperança, tinha diferentes situações nas suas três escolas: A secundária José Gomes Ferreira abriu normalmente, a EB23 Pedro Santarém “está a funcionar a meio gás” e a escola de 1.º ciclo Jorge Barradas está encerrada.

Na semana passada, o secretário-geral da Federação Nacional da Educação, João Dias da Silva, alertou para a possibilidade de a greve de hoje ser a “maior de sempre das escolas portuguesas”.

Os trabalhadores não docentes fazem greve contra a falta de pessoal nas escolas, a precariedade, os baixos vencimentos e as condições da carreira, exigindo o regresso de uma carreira especial interrompida há uma década.

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