Centenas manifestam-se contra eutanásia junto ao Parlamento

Mundo Lusíada
Com Lusa

Centenas de pessoas estiveram concentradas junto à Assembleia da República a lutar contra a despenalização da eutanásia. A concentração foi promovida pelo movimento de cidadãos Stop Eutanásia, que tem promovido várias iniciativas contra a despenalização.

Em declarações à agência Lusa Sofia Guedes, representante do movimento, disse estar fortemente convicta de que “a larga maioria dos portugueses é contra a eutanásia”. Sofia Guedes lembra os deputados que a “sua consciência” representa “boa parte do povo português”.

Pela manhã elementos do movimento estiveram reunidos com o grupo parlamentar do PSD. Sofia Guedes recorda que este foi o partido mais votado nas últimas eleições legislativas e considera que, por isso, tem a responsabilidade de fazer respeitar o desejo dos portugueses.

“Vida sim, eutanásia não” e “exigimos cuidados paliativos para todos” são algumas das principais mensagens gritadas e escritas em cartazes pelos manifestantes, concentrados à porta do parlamento que, no dia 29, debaterá quatro projetos sobre a despenalização da morte medicamente assistida.

O PAN foi o primeiro a apresentar um projeto, ainda em 2017, seguido pelo BE, pelo PS e o Partido Ecologista “Os Verdes”.

Todos os diplomas preveem que só podem pedir, através de um médico, a morte medicamente assistida pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável, sendo necessário confirmar várias vezes essa vontade.

O líder parlamentar do PSD descreveu uma reunião “muito viva” da sua bancada, dedicada ao tema da despenalização da eutanásia, e antecipou uma maioria dos deputados sociais-democratas contra as iniciativas legislativas do PS, BE, PEV e PAN. PCP também já anunciou que irá votar contra.

Religiões unidas

Representantes de oito comunidades religiosas, com “perspectivas distintas” sobre muitas matérias, estiveram nesta quinta-feira reunidos com o Presidente da República, a quem transmitiram estar “absolutamente convergentes” em relação à eutanásia que consideram ser “um retrocesso civilizacional”.

Católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, hindus, ortodoxos, budistas e adventistas pediram para ser recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa para manifestar a sua posição contra a eutanásia, no âmbito dos projetos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal.

“As nossas perspectivas podem ser distintas, como de fato são, mas aqui neste ponto são absolutamente convergentes”, afirmou o cardeal patriarca Manuel Clemente, à saída do encontro no Palácio de Belém, que durou mais de uma hora.

O cardeal patriarca defendeu que Portugal deve seguir o exemplo de “outras sociedades democráticas e evoluídas”, que optaram por desenvolver os cuidados paliativos de forma a “chegar a todos para que possam ter uma base sólida para o futuro”.

Já o pastor Jorge Humberto, da Aliança Evangélica Portuguesa, classificou a eutanásia de “retrocesso civilizacional”, defendendo também que a solução deve passar por “cuidados paliativos ao alcance de todos os cidadãos em Portugal”.

O pastor acrescentou que o tema “não pode ser um assunto de algumas pessoas apenas: As religiões têm um sério contributo a dar no sentido da dignificação e dignidade da vida”.

Os 16 representantes das oito religiões mostraram-se unidos: “Estamos juntos para ter a mesma voz”, acrescentou o sheik David Munir, líder da Mesquita Islâmica Central de Lisboa.

“Espero que cuidemos mais das pessoas que precisam dos nossos cuidados do que os abandonemos”, acrescentou o sheik Munir, sublinhando também a necessidade de “valorizar a vida e dar mais ênfase aos cuidados paliativos”.

O rabino Natan Peres, da Comunidade Israelita de Lisboa, saudou o fato de a eutanásia ter conseguido juntar diferentes religiões e mostrar que “as religiões em Portugal podem unir-se” e trabalhar juntas.

Pela voz do pastor Jorge Humberto foi ainda transmitida a posição em relação à realização de um referendo: “Seria uma excelente opção”, resumiu.

“Sempre que o povo se pronuncia, com certeza que é um ato de democracia e com certeza que é uma forma de perceber claramente, sem qualquer tipo de manipulação aquilo que vai no sentimento e no coração das pessoas. O referendo seria uma excelente opção”, concluiu o pastor da Aliança Evangélica Portuguesa.

Também a Ordem médica já se pronunciou sobre a questão da eutanásia em audiência com o presidente português.

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