Busca de educação e dados para conter o racismo junta especialistas lusófonas

[Atualizado 29/11/2023]

Dandara Oliveira de Paula, do Brasil, defende contato mais próximo entre organizações e comunidades; portuguesa Ackssana Silva pede conhecimento detalhado sobre etnia e raça para melhorar condições do grupo da população.

 

Da Redação com ONUNews

Promover o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento são metas da Década Internacional dos Afrodescendentes observada até 2024 pelas Nações Unidas. A organização realiza um programa de bolsas sobre estas questões em Genebra.

A brasileira Dandara Oliveira de Paula e a portuguesa Ackssana Silva participam na iniciativa de especialização com foco em organizações internacionais. Elas defendem que continue o investimento e ações para combater o racismo estrutural, a exclusão e outras limitações vividas pelos afrodescendentes.

A ONU incentiva ações em nível nacional, regional e global no Programa de Atividades da Década Internacional de Afrodescendentes. O período foi instituído pela Assembleia Geral para promover e proteger direitos humanos do grupo.

Do Brasil, a especialista de Advocacia e Raça, Dandara Oliveira de Paula, vê um momento para incentivar a educação antiracial de forma ímpar. Ela crê que um contato mais próximo com os afetados traria mais benefícios em nível global.

“Multiplicar isso dentro do meu trabalho organizado e entender como que eu posso fortalecer a agenda de educação antirracista dentro dos mecanismos internacionais. Então, por exemplo, como que eu posso influenciar a nova Declaração dos Afrodescendentes a conter essa perspectiva, mas também voltar para a minha comunidade, para os espaços que eu sei que frequento, levando esse conhecimento, fazendo formação mesmo com juventude, com as organizações aliadas do projeto, à ActionAid e a outras. Em me coloco à disposição pra repassar esse conhecimento.”

A brasileira sugere que entidades multilaterais tenham mais acesso às realidades dos territórios e acompanhem a experiencia da população afrodescendente que deve ser levada aos mecanismos globais.

200 milhões de pessoas
O Brasil tem uma grande proporção da população negra das Américas, região onde cerca de 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes.

Na Europa, Portugal é um dos países que acolhe centenas de milhares de pessoas de ascendência africana. Mas a socióloga e assessora política Ackssana Silva diz faltar ação e dados sobre etnia e raça para melhor conhecer o grupo da população.

“Primeiramente, a reconhecer as pessoas negras, enquanto cidadãs, e procurar conhecer qual é a composição para podermos pensar políticas públicas. E este fellow está a ser bastante importante dando-me ferramentas internacionais e experiências que há em outros países que estão a participar, de poder agregar e de podermos conceber políticas públicas e de conhecimento das pessoas negras, reconhecendo que elas estão em desigualdade, em desvantagem, no acesso à habitação, à saúde e ao ensino.”

A especialista portuguesa destacou que a Década dos Afrodescendentes tem aumentado a visibilidade das ações realizadas para enfrentar o racismo.

Com a proclamação do período, a ONU espera apoiar iniciativas em favor das liberdades fundamentais dos afrodescendentes, como prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 75 anos em 2023.

As ações durante a década incluem promover o patrimônio diversificado dos afrodescendentes, a cultura e a contribuição para o desenvolvimento das sociedades.

Unesco

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, realiza a 3ª edição do Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação até esta sexta-feira em São Paulo.

Segundo dados da ONU, uma em cada seis pessoas sofre discriminação por diferentes motivos globalmente. O evento da Unesco busca catalisar ações coletivas para enfrentar o racismo e a discriminação.

Esta edição, que tem como tema “Rumo ao avanço: a igualdade racial e a justiça no topo das agendas de desenvolvimento”, vai abordar a importância de colocar as questões raciais no centro das estratégias do desenvolvimento socioeconômico.

Ministros de mais de 20 países e outros representantes de governos, formuladores de políticas, profissionais, acadêmicos, membros da sociedade civil e comunidades artísticas estão entre os convidados para discutir estratégias eficazes para combater o racismo sistêmico.

O evento conta com a presença da diretora-geral adjunta da Unesco para Ciências Humanas e Sociais, Gabriela Ramos, e a ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco.

Para Gabriela Ramos, “é hora de transformar palavras em ação”. A diretora-geral adjunta para Ciências Humanas e Sociais da Unesco adiciona que representantes de todo o mundo vão a São Paulo para “aprender, ouvir e apresentar soluções concretas para alcançar sociedades mais pacíficas e inclusivas”.

O fórum também será a plataforma para o lançamento do Panorama Global da Unesco contra o Racismo e a Discriminação, um relatório que apresenta pontos de vista e dados regionais sobre a discriminação racial no campo digital.

A agência ainda deve apresentar outras incitativas sobre igualdade de gênero e antirracismo O fórum ainda deve fazer um balanço das contribuições da Recomendação da Unesco sobre a Ética da Inteligência Artificial no combate aos estereótipos e à discriminação online.

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