Anvisa reforça monitoramento após coronavírus no Brasil, casos suspeitos sobem para 132

Subiu para 132 o número de casos suspeitos de coronavírus monitorados pelo Ministério da Saúde no Brasil

Da Redação
Com agencias

Após confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acionou medidas de segurança e prevenção. A agência solicitou à companhia aérea a lista de passageiros que estavam no mesmo voo do passageiro com resultado positivo para conoravírus. Além disso, aumentou o monitoramento dos voos internacionais provenientes de países onde há casos confirmados da doença.

A lista dos passageiros será encaminhada para o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) investigar uma possível transmissão do vírus (Covid-19) entre o caso confirmado nesta quarta-feira (26) e os demais passageiros.

O caso foi identificado em São Paulo. Trata-se de um homem de 61 anos que deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, na terça-feira, com histórico de viagem para Itália, região da Lombardia.

A Anvisa pede aos passageiros que estiveram nos países com casos confirmados, e apresentar febre, tosse, dificuldade em respirar ou outros sintomas respiratórios, procure atendimento médico de imediato e informe ao profissional de saúde a viagem feita para o exterior.

Segundo o Ministério da Saúde, subiu para 132 o número de casos suspeitos de coronavírus no Brasil. Os dados demonstram o aumento da vigilância da rede pública de saúde devido à inclusão de 15 países, além da China, que apresentam transmissão ativa do coronavírus. No total, 16 estados informaram o Ministério da Saúde sobre os casos suspeitos.

Com esta mudança, os critérios para a definição de caso suspeito enquadram agora, as pessoas que apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar e tiveram passagem pela Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália, Malásia, Japão, Singapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja, além da China, nos últimos 14 dias.

Até o momento, 60 casos suspeitos de coronavírus já foram descartados em todo o Brasil, que permanece apenas com o registro de um caso confirmado em São Paulo, onde são monitorados ainda 32 casos que tiveram contato com o homem que deu positivo para o vírus.

Controle de fronteiras não recomendável

Para o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, um eventual controle de fronteiras na União Europeia (UE) devido ao novo coronavírus “não é eficaz nem recomendável”, mas admitiu uma “distribuição ampla do contágio”.

“Essa medida não entra nas considerações que fazemos porque, por um lado, consideramos que não é efetiva e, por outro, porque contraria os princípios da UE, como a [livre] circulação e o intercâmbio entre países”, afirmou à Lusa o especialista principal do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, sigla inglesa) em operações de emergência e resposta, Josep Jansa.

De acordo com este especialista, “não é eficaz, nem recomendável” passar a controlar as fronteiras na UE, além de que isso, a seu ver, “não ajudaria a resolver o problema”.

“Atualmente, o vírus já está a circular e quando já existe uma situação de distribuição da doença […] e, a cada dia, se verificam novos países a detetar casos, não se pode conter um vírus através do controlo de fronteiras”, argumentou Josep Jansa.

O especialista recordou que “já se tentou implementar este mecanismo na China” – desde logo por este ser “um país que, pelas suas características sociais e políticas pode fazê-lo até certo ponto” –, mas nem essa “medida drástica” evitou “casos em todo o mundo, em todos os continentes”.

Falando especificamente sobre a situação no continente europeu, Josep Jansa assinalou que “o vírus já está em vários países e agora, […] a cada dia, há mais países com casos detetados”, apesar de Itália ser o país mais afetado.

Segundo o responsável, registrou-se nos últimos dias “uma mudança” na forma como estes casos chegam à Europa: se inicialmente “a maioria de casos tinha relação com alguém” que havia estado na China, Coreia do Sul, Irão, Japão e Singapura, as zonas mais afetadas, hoje já começam a surgir no espaço comunitário sem aparente ligação.

“Cada vez estamos a mover-nos mais para uma situação de distribuição ampla do contágio [na Europa”, antecipou Josep Jansa.

O especialista ressalvou que a Europa ainda não está nesse ponto, já que “o número de casos identificados nos países continua a ser limitado”, mas destacou que “a probabilidade de haver cada vez mais países afetados está a aumentar”.

Também por essa razão, o ECDC atualizou a sua avaliação de risco sobre o contágio no espaço comunitário, que é de moderado a elevado, dado “já ser mais provável que se verifiquem casos na maioria do continente”, referiu o responsável.

Afastando qualquer tipo de alarmismo e comparando este surto com o da gripe tradicional, o especialista exortou as autoridades de saúde a preparem-se para a propagação.

“Estamos já numa situação de pandemia, ainda que a Organização Mundial de Saúde não a tenha declarado oficialmente, porque o vírus está presente em todo o mundo”, considerou Josep Jansa à Lusa.

Sediado em Estocolmo, na Suécia, o ECDC é um dos principais organismos europeus a acompanhar o novo coronavírus.

Números divulgados pelo ECDC referem que, até esta manhã de quinta-feira, havia 82.132 casos em todo o mundo de Covid-19, que já resultaram em 2.801 mortes.

Na Europa existem, atualmente, 477 casos, 400 dos quais em Itália, 21 na Alemanha, 17 em França, 13 no Reino Unido, 12 em Espanha, a Áustria, Croácia, Finlândia, Suécia registaram dois casos cada um, e a Bélgica, Dinamarca, Grécia, Noruega, Romênia e Suíça confirmaram um caso cada.

Ainda na Europa, registraram-se até ao momento 14 mortes, todas na Itália.

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