50% dos residentes em Portugal estão em 31 dos 308 municípios – Censos

Mundo Lusíada com Lusa

Cerca de 50% da população residente em Portugal concentra-se em 31 dos 308 municípios, localizados maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, segundo os resultados preliminares dos Censos 2021, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

“Nos últimos 10 anos, dos 308 municípios portugueses, 257 registraram decréscimos populacionais e apenas 51 registraram um aumento. Na década anterior tinham assistido a quebras populacionais 198 municípios”, indicou o INE.

Segundo os dados preliminares dos Censos 2021, o padrão de litoralização e o movimento de concentração da população junto da capital portuguesa foram acentuados e reforçados durante a última década.

De acordo com o INE, da análise por município conclui-se que “os territórios localizados no interior do país perdem população” e os municípios que assistiram a um crescimento populacional se situam predominantemente no litoral, “com uma clara concentração em torno da capital do país e na região do Algarve”.

Com base nos dados dos Censos 2021, dos 31 municípios que concentram cerca de 50% da população residente em Portugal, os 10 mais populosos são Lisboa, com 544.851 habitantes, Sintra (385.954), Vila Nova de Gaia (304.149), Porto (231.962), Cascais (214.134), Loures (201.646), Braga (193.333), Almada (177.400), Matosinhos (172.669) e Oeiras (171.802).

Os outros 21 concelhos mais populosos são Amadora (171.719), Seixal (166.693), Gondomar (164.255), Guimarães (156.852), Odivelas (148.156), Coimbra (140.796), Vila Franca de Xira (137.659), Santa Maria da Feira (136.720), Maia (134.959), Vila Nova de Famalicão (133.590), Leiria (128.640), Setúbal (123.684), Barcelos (116.777), Funchal (105.919), Viseu (99.693), Valongo (94.795), Mafra (86.523), Viana do Castelo (85.864), Paredes (84.414), Torres Vedras (83.130) e Vila do Conde (80.921).

A maioria destes 31 concelhos estão localizados nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.

Portugal tem hoje 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, segundos os resultados preliminares dos Censos 2021.

Em números absolutos, segundo os Censos de 2021, o Norte tem 3.588.701 habitantes, o Centro 3.588.701, a Área Metropolitana de Lisboa 2.871.133, o Alentejo 704.934 e o Algarve 467.495.

Lisboa: 49 mil a mais 

A Área Metropolitana de Lisboa tem mais 49.257 habitantes do que há dez anos e apenas quatro dos 18 municípios da região perderam população (Amadora, Lisboa, Barreiro e Oeiras).

A população residente na área passou de 2.821.876 pessoas em 2011, ano dos censos anteriores, para 2.871.133 em 2021, um aumento de 1,7%, revelam os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A AML e o Algarve foram as únicas regiões NUTS II (Unidades Territoriais para Fins Estatísticos de nível II) que registraram um crescimento da população desde 2011.

A população cresceu em 14 dos 18 municípios que integram a AML nestes dez anos, com os maiores aumentos a registarem-se em Mafra (+12,8%), Palmela (+9,6%), Alcochete (+9%) e Montijo (+8,8%). Seguem-se os municípios de Sesimbra (+6%), Seixal (+5,3%), Cascais (+3,7%) e Sintra, Odivelas e Setúbal, todos com um aumento de 2,1%.

A população aumentou ainda em Almada (+1,9%), Loures (+1,1%), Vila Franca de Xira (+0,6%) e Moita (+0,4%).

Perderam habitantes entre 2011 e 2021, na AML, os municípios da Amadora (-2%), Lisboa (-1,4%), Barreiro (-0,5%) e Oeiras (-0,2%).

O concelho mais populoso da AML continua a ser Lisboa (544.851 pessoas), seguido por Sintra (385.954) e Cascais (214.134).

Os municípios com menos habitantes são, como também já acontecia em 2011, Alcochete (19.148), Sesimbra (52.465) e Montijo (55.732).

Redução no Porto

O distrito do Porto perdeu na última década 30.519 habitantes em 13 dos 18 municípios, sobretudo em Baião, Amarante e Marco de Canaveses, mas também no concelho do Porto, que tem menos 5.629 residentes, indicam os Censos 2021.

Segundo os dados preliminares, o distrito do Porto tem 1.786.656 habitantes, menos 30.519 do que há uma década (-1,7%), quando o número de residentes se cifrava nos 1.817.175.

Baião passou de 20.522 habitantes em 2011 para 17.527 (-14,6%), Amarante reduziu o número de residentes de 56.264 há 10 anos para 52.131 este ano (-7,3%), enquanto o concelho do Marco de Canaveses passou de 53.450 residentes para 49.563 (-7,3%).

Além destes municípios, onde, proporcionalmente, houve uma diminuição de população mais acentuada, o distrito do Porto registrou um decréscimo de habitantes em mais 10 dos concelhos, designadamente Felgueiras (-3,8%), Gondomar (-2,2%), Maia (-0,3%), Matosinhos (-1,6%), Paços de Ferreira (-1,3%), Paredes (-2,8%), Penafiel (-3,6%), Porto (-2,4%), Santo Tirso (-5,2%) e Trofa (-1,0%).

O concelho do Porto, capital de distrito, perdeu 2,4% da população: passou de 237.591 residentes em 2011 para 231.962 em 2021, o que representa uma diminuição de 5.629 habitantes.

A população no distrito do Porto aumentou nos municípios de Vila do Conde (+1,7%), da Póvoa do Varzim (1,4%), de Valongo (+1,0%), de Vila Nova de Gaia (+0,6%) e em Lousada, que passou de 47.387 habitantes em 2011 para 47.401 este ano, mais 14 habitantes (0,0%).

Arquipélagos

Segundo os Censos, a Região Autónoma dos Açores tem 236.657 residentes e a Região Autónoma da Madeira 251.060.

Os Açores registaram uma quebra de população residente de 4,1% desde 2011, segundo os dados preliminares dos Censos 2021 revelados hoje, com o concelho da Madalena, na ilha do Pico, a ser o único a registar crescimento (4,7%).

O arquipélago tinha 246.772 habitantes em 2011 e perdeu 10.115 no espaço de 10 anos, o equivalente a 4,1%, tendo agora 236.657 residentes.

A região foi a quarta no país a perder mais população, a seguir ao Alentejo (6,9%), Madeira (6,2%) e Centro (4,3%).

Os decréscimos mais acentuados de população registaram-se nos concelhos de Santa Cruz das Flores (11,7%), Nordeste, na ilha de São Miguel (11,4%), e Corvo (10,2%), a mais pequena ilha dos Açores.

O presidente da Câmara de Santa Cruz das Flores declarou que a baixa natalidade e dificuldades de fixação de jovens são duas das principais causas do decréscimo acentuado de população, difícil de inverter.

O concelho de Santa Cruz das Flores registou uma perda de 11,7% da população nos últimos 10 anos, de acordo com os resultados preliminares dos Censos de 2021 divulgados hoje.

“Há falta de oportunidades profissionais para os jovens que vão estudar para o exterior, daí que estes estudantes depois não regressam à ilha”, vincou o autarca de Santa Cruz das Flores, José Carlos Mendes, em declarações à agência Lusa, referindo que este “não é um problema só do concelho de Santa Cruz, mas de muitos sítios”.

“Temos a perfeita consciência do envelhecimento da população e da perda de população. E temos também alguns dados que nos dão essas indicações”, afirmou.

O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores indiciou que, no concelho de Santa Cruz, “em média nascem anualmente 12 bebés e os óbitos estão na casa dos 28/29”.

A Região Autónoma da Madeira perdeu 16.725 residentes nos últimos 10 anos, uma quebra de 6,5%, registando uma população de 251.060 pessoas.

“Vamos acreditar que somos menos, mas somos melhores”, declarou o vice-presidente do Governo Regional da Madeira, Pedro Calado, na conferência de imprensa para apresentação dos dados relativos ao arquipélago, no Funchal.

A população é composta por 133.34 mulheres e 117.712 homens.

A Madeira apresenta um aumento dos agregados familiares de 2,21%, passando de 94.990 para 92.936 e uma redução de 0,1% nos edifícios, tendo sido contabilizados 91.961 imóveis.

O Funchal, o principal concelho da Madeira, também sofreu uma redução de 5,34%, tendo perdido quase 6.000 residentes na última década, que são agora 105.919, continuando a ser o único com mais de 100 mil pessoas.

“A redução de residentes acontece em todos os 11 concelhos da Madeira”, salientou o diretor regional de Estatística, Paulo Vieira.

O concelho de Câmara de Lobos, contíguo a oeste do Funchal, após três aumentos sucessivos nos censos anteriores, regista uma diminuição de população, com uma quebra de 9,79%, acolhendo 32.175 pessoas.

Ao nível das 54 freguesias do arquipélago, apenas sete tiveram aumentos de população, tendo o maior crescimento ocorrido na de Água de Pena (Machico), com 12,94% (2.749).

As outras são Calheta e Paul do Mar (Calheta), Caniço (Santa Cruz), Tábua (Porto Moniz), São Martinho e Sé (Funchal).

São Martinho é a freguesia do Funchal com mais residentes, 26.480 pessoas, tendo crescido 1,91%.

O Porto Santo também perdeu 5,93% dos seus habitantes, 225 pessoas, mas mantém uma população residente acima dos 5.000 (5.158).

O concelho da Calheta, na zona oeste da Madeira, é o que tem o maior aumento de alojamentos (4,48%) na região, tendo 7.624 imóveis.

O vice-presidente do executivo madeirense destacou que o “saldo migratório, pessoas oriundas dos centros de emigração”, como as pessoas que regressaram da Venezuela, “não foi suficiente para compensar a redução da população na região”, sendo impossível contabilizar o número que entrou na região nos últimos anos.

Outro aspecto focado foi o índice de envelhecimento na região, que se situa nos 136,4, o que representa que por cada 100 jovens existem 136 idosos.

O saldo natural (diferença entre nascimentos e óbitos) é negativo nos últimos três anos na ordem dos 700, tendo atingido os 853 em 2020.

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