PCP será oposição sem hesitações e avisa que Governo não terá a vida facilitada

Mundo Lusíada com Lusa

O secretário-geral dos comunistas afirmou neste dia 07 que o PCP é “a oposição ao Governo” que não tem quaisquer dúvidas, hesitações nem ilusões e avisou que o executivo chefiado por Luís Montenegro não terá a vida facilitada.

Paulo Raimundo discursava no encerramento de uma sessão do PCP sobre o 25 de Abril, na Academia Almadense, em Almada, no distrito de Setúbal, em que apelou à mobilização popular para celebrar o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos e sustentou que “é no caminho de Abril” que estão as respostas aos problemas do país.

“O novo Governo PSD/CDS, com os seus 17 ministros, os seus 41 secretários de Estado e toda a bateria de apoiantes bem posicionados em vários pontos relevantes da vida nacional, por mais que seja a sua tentativa de enganar o povo com esta ou aquela entrada a pezinhos de lã, com esta ou aquela medida avulsa, não vai ter a vida facilitada”, declarou.

Em seguida, Paulo Raimundo defendeu a iniciativa do PCP de apresentar no parlamento uma moção de rejeição ao Programa do Governo: “Nós não precisamos de mais apresentações, o que conhecemos desde já confirma a justeza da nossa moção”.

Segundo o secretário-geral do PCP, será certamente um programa “de passos atrás, de retrocessos, marcadamente contrarrevolucionário”, com “opções da política de direita reacionária, do seu compromisso com os grandes grupos econômicos”.

“Sabemos bem o que dali virá. Não temos a memória curta e o povo e os trabalhadores saberão dar firme resposta a todos os ataques de que sejam alvo e tomarão nas suas mãos o seu destino e a exigência das respostas concretas aos seus problemas”, acrescentou.

Paulo Raimundo manifestou-se espantado por haver “quem tenha aparente expectativa do que deste Governo possa vir”.

“Da nossa parte, estamos aqui determinados, convictos e não temos nenhuma dúvida e não alimentamos nenhuma ilusão. Nós somos a oposição ao Governo e à sua política e projeto reacionário, e assim somos sem hesitação e desde o primeiro minuto”, afirmou.

Paulo Raimundo não se referiu ao PS, mas o dirigente do Secretariado do Comité Central do PCP Francisco Lopes, que discursou antes, criticou não só o atual posicionamento do maior partido da oposição como o anterior Governo chefiado por António Costa.

Segundo Francisco Lopes, “há quem diga que se iniciou um novo ciclo”, mas “não é assim, porque verdadeiramente a política em curso com o Governo PSD/CDS, da AD atual, envolvido pela maioria de direita completada com o Chega e a Iniciativa Liberal, e contando com um prometida afago da convergência do PS, é a continuação e aprofundamento da política de direita e antinacional ao serviço do grande capital que o Governo PS desenvolveu nomeadamente nestes anos de maioria absoluta”.

Estabilidade política

Também na sexta-feira, o dirigente socialista João Torres desafiou os partidos da Aliança Democrática, PSD, CDS-PP e PPM, a esclarecerem como será assegurada “a estabilidade política”, defendendo que essa é “a questão de fundo” que “tem de ser resolvida”.

“Há uma resposta que ainda não foi dada por parte do PSD, do CDS-PP ou mesmo do PPM, portanto por parte da AD, que é como pretende assegurar a estabilidade política do nosso país”, afirmou o membro do Secretariado Nacional do PS.

João Torres, que falava aos jornalistas no final da tomada de posse dos secretários de Estado do XXIV Governo Constitucional, liderado por Luís Montenegro, defendeu que “essa é a questão de fundo que tem de ser resolvida” porque hoje se vive um “tempo diferente” e a “composição da Assembleia da República ilustra também isso mesmo”.

O deputado assinalou que o PS se fez representar nesta cerimônia no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, tal como tinha acontecido na tomada de posse do primeiro-ministro e dos ministros, na terça-feira.

João Torres recusou “fazer uma avaliação individual” sobre os membros do Governo e defendeu que o que “é importante é que a orgânica funcione” e “como será feita a articulação das diferentes delegações de responsabilidades”.

O líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio elogiou o elenco do executivo que -ficou completo, considerando que será “composto por políticos experientes e por quadros qualificados da sociedade civil e da academia” e que agora “está na hora de ir trabalhar e de governar”.

“O CDS terá dois excelentes secretários de Estado que representam dois dos nossos melhores quadros”, enfatizou, considerando que a Defesa, área tutelada pelo ministro centrista Nuno Melo, presidente do CDS, e a Administração Interna são “duas áreas fundamentais da soberania”.

Pelo Chega, o dirigente e deputado Pedro Pinto voltou a criticar a dimensão do Governo e defendeu que executivos grandes “não são bons para o país”, criticando o PSD por ter “continuado na senda do PS”.

Pedro Pinto apontou de novo a ausência do PCP e do BE na cerimônia da tomada de posse dos secretários de Estado – tal como tinha acontecido na dos ministros – considerando que se comunistas e bloquistas “não querem falar com este Governo” não se deve andar atrás deles porque “estão fora”.

O deputado do Livre Paulo Muacho assinalou o aumento das preocupações do partido à medida que a orgânica do XXIV Governo Constitucional se vai conhecendo, destacando pela negativa o “super Ministério da Educação” ou o regresso das Florestas à Agricultura.

“Vamos aguardar pelo programa do Governo e pelas políticas, mas estes primeiros sinais não nos deixam descansados”, disse.

Pelo PAN, a porta-voz e deputada única também viu “sinais negativos” na estrutura do executivo, mas considerou que o fundamental será “o país e a oposição conhecerem a visão de Luís Montenegro para o país”.

“Recordo que Luís Montenegro não tem um Governo de maioria, tem um Governo de minoria e para que haja estabilidade governativa e capacidade da Assembleia da República se pronunciar sobre decisões do Governo é fundamental que haja diálogo, sob pena de os portugueses serem os grandes penalizados”, disse Inês de Sousa Real.

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