Português Abel Ferreira conquista seu nono título pelo Palmeiras, bicampeão brasileiro

[Atualizado]

Da Redação

O Palmeiras, comandado pelo treinador português Abel Ferreira, revalidou o título de campeão brasileiro de futebol nesta quarta-feira, ao empatar 1-1 no reduto do Cruzeiro, na 38 e última rodada.

Endrick abriu placar para o ‘verdão’, aos 21 minutos, apontando o seu 11º gol na prova, e Nikão restabeleceu a igualdade, aos 80.

O Palmeiras, que acabou com mais dois pontos do que o Grêmio e quatro diante do Atlético Mineiro e Flamengo, reforçou a liderança do ranking da competição – mais quatro títulos do que o Santos, que hoje caiu pela primeira vez na Serie B – e somou o nono troféu sob o comando do técnico luso, e terceiro em 2023.

A trajetória do clube ficará marcada pelas reviravoltas no campeonato. Líder por 31 rodadas, o Botafogo encerrou o primeiro turno com 13 pontos de vantagem sobre o Palmeiras, então terceiro colocado. E o time carioca ainda chegou a abrir 14 pontos da equipe paulista, na 15ª e na 27ª rodada (o Verdão estava, respectivamente, em sexto e em quinto lugar). Àquela altura, faltando 11 rodadas para o fim, o Palmeiras perdeu o meio-campista titular Gabriel Menino por grave lesão no tornozelo direito, e desde a 21ª rodada não contava mais com o atacante Dudu, ídolo e referência do time, que rompera os ligamentos do joelho direito.

A Virada Histórica começou a ganhar força na 29ª rodada, quando o Palmeiras atropelou o São Paulo por 5 a 0 (repetindo a maior goleada já aplicada sobre o rival, registrada pela Primeira Academia de 1965) e diminuiu a diferença para nove pontos em relação ao Botafogo, que tinha uma partida a menos. Na 30ª, ainda com um jogo a mais que os cariocas, a desvantagem caiu para seis pontos.

O jogo-chave para o título aconteceu na 31ª rodada. Era o confronto com o próprio Botafogo, no Estádio Nilton Santos lotado. Empolgados, os donos da casa partiram para cima desde os primeiros minutos e foram para o intervalo com 3 a 0 no placar. Foi quando começou a brilhar a estrela de Endrick. A Cria da Academia, com apenas 17 anos, fez o que se acostumou a fazer nos campeonatos de base, quando jogava sempre nas categorias acima da sua idade: chamou o jogo para si, pediu a bola e comandou a remontada alviverde.

Mas ainda havia drama pela frente. Após Endrick marcar o primeiro gol do Verdão, o Botafogo teve um pênalti a seu favor, aos 37 minutos do segundo tempo. Os cariocas, portanto, poderiam fazer 4 a 1 e colocar nove pontos de vantagem na tabela de classificação. E com um jogo a menos! Tiquinho Soares, então artilheiro do campeonato, bateu firme no canto direito, mas Weverton se esticou para fazer uma linda defesa e recolocar o Verdão no jogo. Na sequência, aos 38, Endrick marcou mais um e diminuiu para 3 a 2. Aos 40, o técnico Abel Ferreira abriu mão do esquema com três zagueiros e colocou o atacante Flaco López no lugar de Luan. E foi López, aos 43, quem aproveitou passe de Gustavo Gómez, após cruzamento de Endrick, para deixar tudo igual no placar.

Quando o árbitro sinalizou nove minutos de acréscimo, o Palmeiras já não dava mais respiro para o rival. O empate, dada as circunstâncias, poderia parecer bom. Mas o espírito resiliente dos comandados de Abel Ferreira, que se acostumaram a ter cabeça fria e coração quente para brigar até a última bola, levou a equipe a conquistar a maior virada da história do clube. Gol de Murilo, aos 53 minutos, completando uma cobrança de falta de Raphael Veiga.

Na 32ª rodada, o Palmeiras chegou aos mesmos 59 pontos do Botafogo, números que se mantiveram na 33ª. O time carioca, então, disputou o seu jogo atrasado, empatando e indo a 60 pontos. E na 34ª, definitivamente, o Verdão assumiu a ponta com a goleada por 3 a 0 sobre o Internacional e o empate do Botafogo com o RB Bragantino, que também brigava pela liderança. A primeira colocação quase foi parar na mão do Flamengo na 35ª rodada, mas o Palmeiras, mais uma vez, mostrou que não desiste nunca do resultado e buscou um empate contra o Fortaleza mesmo depois de ficar em desvantagem no placar duas vezes, ambas com um jogador a menos.

A goleada por 4 a 0 sobre o América-MG na 36ª e os tropeços de Flamengo (derrota para o Atlético-MG) e Botafogo (empate com o Coritiba) deixaram o Palmeiras com três pontos de vantagem sobre os concorrentes (no caso, Botafogo, Flamengo e agora Atlético-MG, além do Grêmio, com quatro a menos). Diante do Fluminense, na 37ª, nova vitória, mantendo a distância para o Galo e o Rubro-Negro, agora únicos postulantes ao título, e com vantagem no saldo de gols (respectivamente, 8 e 16). Ou seja, na rodada final, só uma tragédia, com derrota alviverde por goleada e vitória de um dos concorrentes também por goleada, tiraria o troféu do Palestra.

Não foi o que aconteceu. Diante do Cruzeiro, a conquista foi sacramentada com um gol de Endrick, num jogo em que o Verdão foi superior, mas terminou empatado por 1 a 1. O Mineirão, assim, tornou-se o sexto palco diferente de um título brasileiro do Palmeiras, juntando-se a Allianz Parque, Morumbi, Pacaembu e Maracanã.

Vitórias

Abel Ferreira, de 44 anos, que chegou ao Palmeiras no final de outubro de 2020, soma agora duas vitórias na Taça Libertadores (2020 e 2021), uma na Supertaça sul-americana (2022), duas no Brasileirão (2022 e 2023), uma na Taça do Brasil (2020), uma na Supertaça brasileira (2023) e duas no Paulistão (2022 e 2023).

Abel Ferreira se isolou como segundo técnico com mais títulos na história do Palmeiras, seguido de Vanderlei Luxemburgo, com oito taças, e atrás apenas de Oswaldo Brandão, com dez.

É o treinador estrangeiro com mais títulos no futebol brasileiro, seguido do uruguaio Felix Magno, com oito, e único estrangeiro com dois títulos de campeão brasileiro na história da competição.

Independentemente de nacionalidade, é o primeiro treinador na história do futebol brasileiro a conquistar a Libertadores, o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil, o Estadual, a Recopa Sul-Americana e a Supercopa do Brasil.  Apenas Abel Ferreira, Luiz Felipe Scolari e Cuca conseguiram ser campeão estadual, brasileiro, da Copa do Brasil e da Libertadores por um mesmo clube – Felipão atingiu o feito pelo Grêmio, já Cuca realizou pelo Atlético-MG.

O português já é o maior campeão pelo Palmeiras em apenas uma passagem (seguido por Brandão e Luxemburgo, ambos com cinco), o único a conquistar ao menos um campeonato estadual, um nacional e um internacional pelo clube e o único a conquistar três títulos em uma mesma temporada.

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