FMI: Todas as economias lusófonas africanas voltam a crescer em 2021

Da Redação
Com Lusa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu nesta quinta-feira num relatório sobre a África subsaariana que todas as economias dos países lusófonos africanos cresçam já em 2021, depois de todas ultrapassarem a recessão antecipada para este ano.

De acordo com o relatório bianual sobre as Perspetivas Econômicas para a África subsaariana, divulgado em Washington, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe vão regressar aos crescimentos positivos, ainda que apenas Angola e Cabo Verde cresçam acima da média regional.

O relatório mostra que o país que mais rapidamente vai recuperar da recessão causada pela pandemia é Cabo Verde, que deverá ver a economia expandir-se 4,5%, mas é também o que mais vai cair este ano (6,8%), fruto das medidas de confinamento e restrições às viagens, que têm um forte impacto neste país altamente dependente do turismo.

No que diz respeito à dívida pública, cujo rácio face ao PIB na África subsaariana quase duplicou face à média entre 2010 e 2016, passando de 32,9% para 56,6% do PIB este ano, Cabo Verde ocupa também uma posição cimeira, sendo um dos países lusófonos onde o FMI prevê uma subida entre 2020 e 2021.

Neste âmbito, um dos que mais preocupa os analistas tendo em conta a quebra das receitas e o aumento da despesas, trazendo para cima da mesa a questão da sustentabilidade da dívida dos países africanos, é a Guiné Equatorial, o único país deste grupo que tem um rácio de dívida face ao PIB que é abaixo da média da região, devendo chegar a 2021 com 48,2%, o que compara com uma média regional de 57,8% no final do próximo ano.

A nível regional, o FMI alerta que “a África subsaariana está a lidar com uma crise econômica e sanitária sem precedentes, que em apenas alguns meses pôs em causa os ganhos de desenvolvimento dos últimos anos e perturbou a vida e os rendimentos de milhões de pessoas”, pelo que “a projeção base assume que, para a maioria dos países, algum distanciamento social vai continuar em 2021 e desvanecer-se a partir do final de 2022, à medida que a cobertura das vacinas se expande e as terapias melhoram”.

O reaparecimento de novos casos em muitas economias avançadas e o espetro de surtos cíclicos na região “sugerem que a pandemia vai provavelmente continuar a ser uma preocupação muito séria durante algum tempo”, dizem os técnicos do FMI, notando que a reabertura das economias está a contribuir para já haver sinais de crescimento no segundo semestre.

“Mesmo com custos econômicos e sociais elevados, os países estão cautelosamente a começar a reabrir as economias e estão à procura de políticas que reiniciem o crescimento; com um abrandamento das medidas de confinamento, preços das matérias-primas mais altos e melhoria das condições financeiras tem havido alguns sinais de recuperação na segunda metade do ano”, lê-se no relatório.

Ainda assim, para o conjunto do ano, o FMI prevê uma recessão de 3% na região, salientando que as economias mais dependentes do turismo, como Cabo Verde, e os países exportadores de matérias primas, como Angola ou a Guiné Equatorial, foram os mais afetados.

“Para 2021 prevemos um crescimento de 3,1%, que é uma expansão menor do que a esperada no resto do mundo, refletindo parcialmente o parco espaço de manobra orçamental que os países têm para sustentar uma política expansionista”, razão pela qual o apoio internacional é fundamental.

Os países, alerta o FMI, “vão ter de fazer escolhas difíceis”, mas o potencial de crescimento mantém-se inalterado: “A necessidade de reformas estruturais que promovam a resiliência é mais urgente que nuca, particularmente nas áreas da mobilização de receitas, digitalização, integração comercial, concorrência, transparência e governação, e mitigação das mudanças climáticas”.

A nível mundial, o FMI prevê uma recessão de 4,4% em 2020 e uma recuperação de 5,2% em 2021.

Covid

A propagação da pandemia da covid-19 desacelerou em África na última semana, com o continente a registrar 63.698 novos casos de infecção, menos 10%, e 1.517 mortes, menos 17%, por comparação com a semana anterior.

O Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC) divulgou dia 22 na sua conferência de imprensa semanal que os 55 países do continente registram mais de 1,6 milhões de casos de infecção (1.674.592), o que representa 4,1% do total mundial; mais de 1,3 milhões de recuperados (1.380.448), ou seja, 82% do total de casos reportados em África; e mais de 40 mil mortos (40.493), uma taxa de 2,4% e que representa 3,6% das vítimas mortais em todo o mundo.

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