Na sessão de abertura, presidência da CPLP é passada ao Brasil que quer uma comunidade moderna

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Mundo Lusíada
Com agencias

Já aconteceu em Brasília a sessão de abertura da XI conferência de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com discursos os representantes de Timor-Leste e Brasil, a quem preside a organização no próximo biênio.

Discursando em Brasília a convite do Brasil, o futuro secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu que a CPLP pode desempenhar “um enorme papel de união na vida internacional”.

“As Nações Unidas contam com a CPLP para que esse papel possa ser exercido com grande empenhamento e com grande eficácia”, declarou António Guterres, em intervenção na sessão solene de abertura da comunidade lusófona.

António Guterres também transmitiu a Angola o seu “profundo reconhecimento pela solidariedade” que deu à sua candidatura, que considerou ter sido “decisiva” para a sua escolha na ONU.

Na sua intervenção, Guterres deixou uma “palavra de especial agradecimento ao país-membro que no Conselho de Segurança das Nações Unidas pôde ser um pilar essencial” da sua candidatura.

“Peço ao senhor vice-presidente de Angola que transmita ao Presidente José Eduardo dos Santos o meu profundo reconhecimento pela solidariedade que Angola sempre testemunhou e que foi, eu diria, decisiva em relação à minha eleição”, sublinhou, dirigindo-se a Manuel Vicente, que representa na cimeira as autoridades angolanas.

O secretário-geral designado agradeceu também aos governos e aos povos da CPLP “a enorme solidariedade” que disse sentir na sua candidatura a secretário-geral das Nações Unidas.

“Todos os países da CPLP participaram nesse momento, inesquecível para mim, em que a Assembleia-Geral decidiu, por aclamação, a minha eleição”, recordou.

Timor
O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, defendeu a necessidade de fortalecer a CPLP, mediante o “compromisso profundo” de todos os Estados-membros para tornar a comunidade “mais relevante e credível”.

“É altura de fortalecermos a nossa comunidade, de afetos, mediante o compromisso profundo de cada um de nós para tornar a CPLP mais unida e forte no seio da comunidade internacional”, declarou Taur Matan Ruak, no início da sessão solene de abertura.

No final do seu discurso, o Presidente timorense passou a presidência da CPLP ao chefe de Estado brasileiro, Michel Temer, que assumiu, a partir daí, a condução dos trabalhos da cimeira.

“É altura de fortalecermos a nossa comunidade, de afetos, mediante o compromisso profundo de cada um dos nossos Estados-membros para tornar a CPLP mais unida e forte no seio da comunidade internacional”, disse o Presidente timorense.

“Unidos e fortes transformamos a CPLP, uma CPLP cada vez mais relevante, credível a nível internacional, falando a uma só voz, escutada porque merecedora de respeito graças aos princípios e valores por que se pauta”, afirmou Taur Matan Ruak.

O chefe de Estado de Timor-Leste argumentou que a cooperação entre os nove países da CPLP “não só é possível como absolutamente necessária”.

O chefe de Estado timorense destacou ainda a sua “especial satisfação” por ter sido durante a presidência timorense da CPLP que a comunidade foi alargada – com a entrada da Guiné Equatorial na cimeira de Díli, em 2014 – e acolheu novos membros associados.

Taur Matan Ruak assinalou ainda progressos a nível de negócios e destacou o papel do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) na promoção internacional do português, mas defendeu a necessidade de reforçar os seus quadros e financiamento.

Brasil
O Presidente do Brasil, Michel Temer, disse que o propósito da presidência rotativa brasileira da CPLP é contribuir para uma comunidade moderna e que responda às necessidades dos cidadãos.

“O propósito da presidência brasileira é contribuir para uma CPLP moderna e afinada com as nossas reais necessidades”, como fez a presidência de Timor-Leste e o secretário-executivo, Murade Murargy, disse o chefe de Estado brasileiro, ao discursar na sessão solene de abertura.

Michel Temer acrescentou que é para essa jornada que convida os países observadores, destacando: “a sua confiança na nossa capacidade jurídica e administrativa de produzir resultados nos estimula a seguir adiante”.

Hungria, República Checa, Eslováquia e Uruguai foram aceitos, por aclamação, como observadores associados da CPLP, juntando-se assim à ilha Maurícia, Namíbia, Senegal, Turquia, Japão e Geórgia.

O Presidente do maior país da CPLP lembrou que a proposta da “presidência brasileira da comunidade é concentrar-se na Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento sustentável”.

“O seu desenvolvimento pleno nas suas vertentes econômica, social e ambiental é uma exigência da cidadania em cada um dos nossos países”, defendeu.

Michel Temer sublinhou que a população da CPLP quer “prosperidade e empregos, quer serviços públicos de qualidade e quer legar um planeta viável aos seus filhos e netos”, defendendo que é para isso que a CPLP deve trabalhar.

O chefe de Estado do Brasil lembrou palavras da antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher para dizer que “o dinheiro público nasce do dinheiro privado” e que” é preciso muitas vezes conter a despesa pública, porque você só pode gastar aquilo que arrecada”, considerando que estas palavras são atuais nos vários países.

Michel Temer disse ainda que a CPLP congrega cerca de 250 milhões de pessoas “unidas por fortes laços culturais, que trazem ao mesmo tempo símbolo da diversidade”, vincando que essa é a força da CPLP e defendendo a “pluralidade na unidade e a unidade na pluralidade”.

O líder brasileiro falou ainda no “orgulho” para a CPLP de ver António Guterres indigitado para secretário-geral das Nações Unidas e acrescentou que talvez durante o seu mandato seja possível “fazer com que o português consiga ser língua oficial da ONU”, sendo aplaudido.

Antes, o presidente do Senado (câmara alta do Congresso) do Brasil, Renan Calheiros, disse que “as reuniões da CPLP englobam um número cada vez mais significativo” de áreas, desde “saúde e educação, até tecnologia e defesa”, considerando que “é justamente esse escopo tão amplo que constitui o principal desafio da organização”.

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