Árvore de Natal em Moçambique junta sete mil garrafas de água recicladas

Da Redação
Com Lusa

ArvoreNatalMaputoUma árvore de natal ecológica, feita com garrafas recicladas, decora o centro da capital moçambicana, numa iniciativa que visa, além de enaltecer o espírito natalino, consciencializar os cidadãos sobre a importância do reaproveitamento do lixo.

“A nossa intenção com a iniciativa é elevar a consciência das pessoas no que diz respeito à reciclagem”, disse à Lusa Tânia Nhantumbo, responsável de comunicação da Associação Moçambicana de Reciclagem (Amor), organizadora do projeto.

Com mais de seis metros de altura e composta por cerca de sete mil garrafas, a árvore de natal ecológica, sustentada por uma estrutura metálica, é feita e decorada por resíduos recicláveis e foi instalada na praça do Destacamento Feminino, num dos bairros nobres da capital moçambicana, próximo da Presidência da República.

“Queremos mostrar às pessoas que é possível fazer coisas bonitas a partir de resíduos reciclados”, declarou Tânia Nhantumbo, enaltecendo a importância de iniciativas similares no quadro das estratégias de educação cívica em Maputo.

A iniciativa, apoiada pelo Conselho Municipal da Cidade da Maputo, contou com a participação de cerca de 400 crianças na decoração, algumas das quais vindas de orfanatos da capital, sob a orientação de artistas plásticos contratados pela Amor.

“Esta é também uma forma de educar as crianças, mostrando-lhes a importância da reciclagem”, afirmou a responsável de comunicação da Amor, acrescentando que a garrafa “pet”, principal matéria-prima da árvore, é um perigo ambiental, na medida em que leva quase 300 anos para se decompor.

Em Moçambique, observou Tânia Nhantumbo, a reciclagem é um mercado novo e o país ainda não tem mecanismos adequados para aproveitar a maior parte de resíduos, considerando que são necessárias mais fábricas para dinamizar o setor.

Em Maputo, por exemplo, a coleta e reciclagem ocorrem de forma lenta e são projetos que resultam, em muitos casos, de iniciativas não-governamentais.

Por outro lado, a reciclagem é ainda vista como uma marca da pobreza, quando dezenas de pessoas sobrevivem do reaproveitamento de resíduos nas grandes lixeiras a céu aberto dos arredores da capital, como em Hulene, em casos de manifesto desafio à saúde pública.

A incipiência da reciclagem no país dificulta também a obtenção de dados sobre setor, apesar das estratégias da educação cívica promovidas pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo.

“A reciclagem precisa ser levada a sério, é preciso que haja maior compromisso e adoção de políticas que valorizem o ambiente”, afirmou Tânia Nhantumbo, destacando a recente proibição do uso de sacos de plástico reciclado como recipiente de alimentos por parte do Governo como um “bom sinal”.

Além da árvore de Natal ecológica de Maputo, a Amor está levar a cabo o mesmo projeto em Vilanculos, na província de Inhambane, sul de Moçambique, numa iniciativa que também juntou crianças de orfanatos locais.

“Para o caso de Vilanculos, a árvore [com três metros de altura] que nós temos lá está ser leiloada e o dinheiro que vier será destinado aos orfanatos locais”, afirmou a responsável de comunicação da Amor, concluindo que se trata de uma forma de contribuir para o bem-estar dos menores na época festiva, além de uma ação de consciencialização sobre a importância da reciclagem.

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