Em Lisboa, Brasil defende acordo internacional para reduzir poluição plástica

Da Redação com agencias

Em Lisboa, o Brasil discursou na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas durante a tarde de terça-feira, com o Ministro do Meio Ambiente defendendo a criação de dois acordos internacionais em prol da vida marinha.

Na Altice Arena, que abriga o evento, Joaquim Leite, falou sobre a importância de um tratado global para reduzir a poluição causada por plásticos, tema que tem ganhado destaque na conferência em Portugal.

“Um acordo juridicamente vinculante sobre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade marinha em áreas além da jurisdição nacional. E um instrumento global para reduzir a poluição plástica, inclusive no ambiente marinho. O lixo no mar, especialmente o plástico, é um grave problema ambiental que a comunidade internacional finalmente começou a reconhecer e a estabelecer mecanismos para enfrentá-lo de forma coordenada.”

O ministro do Meio Ambiente lembrou que o país “tem uma área marinha de 5,7 milhões km2, sendo que 27% da área é protegida”.

Na Conferência dos Oceanos da ONU, Joaquim Leite mencionou vários programas do governo para redução da poluição por plásticos, como o “Lixão Zero”, que segundo ele, já encerrou 20% dos lixões a céu aberto desde 2019. Um outro projeto envolvendo a população e voluntários retirou de praias e manguezais 637 mil itens, sendo 355 mil itens de plásticos.

Segundo ele, o Brasil foi pioneiro na transição elétrica, com índice atual de 85% de energia renovável de diversas fontes, como hidráulica, biomassa, eólicas, solar, entre outras, e que a faixa oceânica brasileira tem potencial para produzir 700 GW de energia eólica.

O representante brasileiro disse que é preciso implementar um acordo juridicamente vinculante sobre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade marinha em áreas além da jurisdição nacional, e um instrumento global para reduzir a poluição plástica, inclusive no ambiente marinho. “As oportunidades na economia azul são inúmeras. Num contexto de desenvolvimento sustentável, a regulação apropriada tanto no nível nacional como no nível internacional deve ser uma prioridade”, destacou.

A Conferência dos Oceanos da ONU segue até sexta-feira, quando deverá ser divulgado o acordo final firmado entre os países-membros em prol da vida marinha, da economia azul e da recuperação do ecossistema marinho.

Marcha pelo clima

Neste dia 29, a Conferência dos Oceanos da ONU de Lisboa prossegue pelo terceiro dia, com uma marcha pelo clima como ação paralela, a partilha de soluções para a poluição marinha e com o surf como “embaixador” da preservação dos mares.

A cimeira, coorganizada por Portugal e Quênia, termina na sexta-feira e visa impulsionar a ação dos países para a proteção dos oceanos.

O programa do terceiro dia de trabalhos inclui, além das regulares sessões plenárias e de debate, uma iniciativa com a participação do surfista norte-americano Garrett McNamara que visa destacar o papel do surf na salvaguarda dos oceanos.

No evento é apresentado um projeto que pretende incentivar a indústria do surf a utilizar pranchas feitas de materiais “amigos” do ambiente até aos Jogos Olímpicos de 2028.

Em outros eventos são partilhadas soluções relativas à poluição marinha e à gestão sustentável dos oceanos e soluções para promover a pesca sustentável e reforçar a aplicação de instrumentos internacionais para prevenir, impedir e eliminar a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada.

Paralelamente haverá iniciativas que abordarão projetos e ações direcionados para a promoção da literacia sobre oceanos e o papel da filantropia na proteção dos mares.

O programa da conferência inclui sessões sobre acidificação, aquecimento e desoxigenação dos oceanos e a pesca sustentável.

Rio Tejo

Ainda, um projeto que começou antes da pandemia de Covid-19 será apresentado na noite desta quarta-feira, em evento paralelo a Conferência: o documentário Rios Urbanos, produzido e dirigido pelo biólogo marinho brasileiro Ricardo Gomes.

O filme apresenta ao telespectador a riqueza da vida marinha que está escondida ao fundo de dois rios portugueses, Tejo e Sado. O diretor fala sobre as maiores surpresas que encontrou ao mergulhar no rio que atravessa a capital de Portugal.

“Mostrar pela primeira vez para as pessoas que embaixo dessa água às vezes turva existe muita vida. E qual foi a minha surpresa, logo no primeiro mergulho, já encontrar uma biodiversidade incrível! Polvos, corais, esponjas com dois metros de altura… cenas que só mesmo a gente vendo para acreditar que existe tanta beleza ao fundo desse rio.” disse a ONU News.

Ricardo Gomes, que fundou o Instituto Mar Urbano, afirma que 80% da poluição marinha tem origem em terra firma. Pai de Nina, de cinco anos, ele espera que o documentário sirva de alerta de que “a grande herança da humanidade é um oceano saudável”.

Brasileiro, Ricardo Gomes é biólogo e dirigiu documentário Rios Urbanos. Foto: ONU News/Leda Letra

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