Primeiro-ministro defende “solução permanente” europeia para enfrentar “crises consecutivas”

Da Redação com Lusa

Neste dia 15, António Costa afirmou no congresso do Partido Socialista Europeu (PSE), em Berlim, que a União Europeia tem enfrentado “crises consecutivas nos últimos 15 anos” e deve trabalhar numa “solução permanente” para os problemas.

O primeiro-ministro português participa neste segundo e último dia do congresso do PSE, com o mote “Com Coragem. Pela Europa”. O encontro tem na agenda a discussão dos novos desafios com que a Europa se debate, contando com a participação de vários líderes partidários, comissários e primeiros-ministros europeus.

“Temos enfrentado consecutivas crises nos últimos 15 anos, crises financeiras, crises climáticas, crises pandêmicas, agora a guerra. Isso significa que precisamos de um permanente e estável mecanismo para fazer frente e resolver estas crises”, sublinhou o primeiro-ministro, acrescentando: “há sempre uma crise à nossa espera”.

O secretário-geral do PS realçou que é necessário “aprender das crises anteriores”, dando alguns exemplos com os quais é possível aprender.

“Há 10 anos, não agimos bem durante a crise financeira, quando deixamos cada estado-membro por sua conta e construímos uma política baseada na austeridade. Mas agimos bem a combater a crise de covid-19, não apenas na procura conjunta de vacinas, mas porque, desta vez, não agimos guiados pela austeridade, mas sim pela solidariedade. Encontramos uma resposta para um problema comum”, realçou.

António Costa participou no primeiro painel “Leading Europe through change” (Liderar a Europa através da mudança), ao lado de Pedro Sánchez, líder do PSOE e primeiro-ministro espanhol, Robert Abela, líder do partido trabalhista o primeiro-ministro de Malta e Magdalena Andersson, líder do Partido Social Democrata e primeira-ministra da Suécia.

Questionado sobre a prioridade no combate à crise climática durante a guerra na Ucrânia, António Costa realçou que este é o momento para acelerar a transição energética, defendendo um maior investimento nas energias renováveis para libertar a dependência da Rússia.

“Precisamos de construir interconexões entre todos os nossos estados para conseguirmos partilhar a melhor energia”, não mencionando diretamente o projeto “Midcat”, um gasoduto que ligue a Península Ibérica e o resto da Europa através dos Pirenéus, apoiado pela Alemanha, Portugal e Espanha, mas sem a luz verde da França.

“Se quisermos vencer esta transição energética, temos de ter o apoio das pessoas. Se quisermos travar o crescimento do populismo, temos de lidar com os preços da energia. Isso é urgente para não perder as pessoas e ganhar esta batalha da transição energética para combater a crise climática”, salientou.

Costa começou a sua intervenção no painel respondendo a uma questão sobre a o status de candidato à adesão outorgado pela União Europeia à Ucrânia e à Moldávia em junho deste ano. O secretário-geral do PS realçou que é necessário “considerar seriamente” a questão do alargamento para “não se frustrarem as grandes expectativas criadas nestes países”.

O secretário-geral do PS assistiu à abertura do congresso do PSE, e ao discurso do seu novo presidente, Stefan Löfven, sentado na primeira fila, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz.

Costa deixou uma mensagem, repetida também pelos restantes membros do painel, apontando a urgência de não deixar Putin vencer a guerra.

“Nós continuamos a apoiar a Ucrânia, ao nível econômico, humanitário e militar. Isto tem de continuar (…) Devemos dar total apoio a António Guterres e aos esforços das Nações Unidas para resolver a crise alimentar. Todo o mundo está a sofrer com esta guerra e devemos ser solidários”, expressou.

O Partido Socialista está representado no Congresso do PSE por uma delegação, que para além do secretário-geral, integra o secretário-geral Adjunto, João Torres, o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, a secretária Nacional para as Relações Internacionais, Jamila Madeira, o secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos, a presidente das MS-ID, Elza Pais, a dirigente, Edite Estrela, o vice-presidente do PSE, Francisco André, e a presidente da Delegação dos Socialistas Portugueses no Parlamento Europeu, Maria Manuel Leitão Marques.

Energia na Europa

Ainda em Berlin, o Primeiro-Ministro António Costa reuniu-se com o Chanceler alemão, e com o Presidente do Governo espanhol, para discutir as principais questões políticas europeias e internacionais, designadamente o Conselho Europeu de 20 e 21 de outubro, a situação na Ucrânia e as interligações energéticas europeias.

No final da reunião, António Costa afirmou que Portugal, Espanha e Alemanha têm “trabalhado para que a França se possa mostrar de novo aberta” à solução do gasoduto entre a Península Ibérica e a Europa Central.

A França, «à volta da mesa do Conselho Europeu não vai, seguramente, querer estar isolada desta posição que é comum», disse, tanto mais que o Governo francês já teve outra posição.

O Primeiro-Ministro acrescentou que existem agora novos argumentos para convencer o Presidente francês, Emmanuel Macron, a apoiar o projeto Midcat, o gasoduto que ligue a Península Ibérica ao resto da Europa através dos Pirenéus.

“A infraestrutura que pode servir para o gás, pode servir também para o hidrogênio verde”, disse, acrescentado que “até agora, parte importante da Europa, por exemplo, a Alemanha, era abastecida através da Rússia” e agora necessita de soluções alternativas que não a deixem «tão dependentes de um só fornecedor».

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