Partidos portugueses comentam resultado do primeiro turno das eleições brasileiras

Da Redação com Lusa

Está confirmado o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, segundo dados oficiais com 99% de urnas apuradas, Lula da Silva obteve 48,43% dos votos enquanto presidente Jair Bolsonaro, em exercício, teve 43,20%.

Desde a noite de domingo que a eleição está “matematicamente definida” e obriga a uma segunda volta, informou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na divulgação dos resultados parciais. Concorreram 11 candidatos: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D’Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Padre Kelmon, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.

PSD

Em Portugal, o presidente do PSD saudou o povo brasileiro pela participação nas eleições de domingo e desejou que a segunda volta “decorra em clima de mobilização cívica e paz democrática”, sem se referir diretamente aos resultados.

“Saúdo o povo brasileiro, e em particular a comunidade residente em Portugal, pela sua participação nas eleições de ontem. Nesta fase, desejo que a 2.ª volta decorra em clima de mobilização cívica e paz democrática”, escreveu Luís Montenegro, numa publicação na rede social Twitter.

Mais de 156 milhões de eleitores brasileiros foram no domingo chamados às secções de voto até às 17:00 de Brasília (21:00 em Lisboa), nas 577.125 urnas eletrônicas espalhadas por 5.570 cidades do país.

A segunda volta das eleições presidenciais do Brasil está marcada para o dia 30 de outubro.

PS

Já o PS saudou a vitória do ex-Presidente Lula da Silva na primeira volta das eleições presidenciais brasileiras, considerando que o seu triunfo representará na segunda volta a vitória dos valores progressistas e democráticos contra derivas autoritárias.

Numa nota enviada à agência Lusa, o PS sustenta que, no domingo, “os brasileiros deram um sinal expressivo e importante para o seu futuro”.

“O PS saúda Lula da Silva, o candidato mais votado na primeira volta das eleições presidenciais, e formula votos para que o Brasil rejeite as derivas autoritárias e antidemocráticas. A vitória de Lula será a vitória dos valores progressistas e democráticos”, salienta-se na mesma nota.

O presidente do PS, Caros César, numa nota em rede social, defende que a vitória de Lula da Silva, “por enquanto, só no primeiro turno, é uma esperança efetiva para a respiração democrática no Brasil”.

“Está, assim se espera, reaberto o caminho para uma governação que trabalhe para a atenuação das desigualdades internas, que são enormes no Brasil, para o relançamento econômico e a sustentabilidade ambiental, para a afirmação do seu melhor lugar na comunidade internacional. Agora, são mais quatro semanas em campanha em que Lula procurará acentuar a sua assertividade nesses domínios, como afirmou no seu discurso em São Paulo depois dos resultados, e ganhar mais apoios, mas, infelizmente, a dureza do que se irá passar ainda não tem medida certa”, adverte.

Carlos César advoga depois que “o mundo necessita de políticos que, com maior clareza e com mais poder em mais países, promovam o bem-estar nas sociedades, defendam os regimes democráticos e não contribuam para estimular os conflitos e fragilizar ainda mais a paz”.

“Bolsonaro é tudo quanto as relações internacionais e os Estados de Direito democrático não precisam”, acrescentou.

Já no plano diplomático, segundo o presidente do PS, “entre o Brasil e Portugal, sejam quais forem os protagonistas vencedores, só restará uma alternativa: Manter uma relação bilateral com benefício para portugueses e brasileiros”.

BE

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, saudou a vitória do ex-Presidente Lula da Silva na primeira volta das eleições presidenciais no Brasil e disse estar “muito convencida” de que vai ganhar também no segundo turno.

“Lula ganhou as eleições, Bolsonaro perdeu. Vamos agora a um segundo turno e eu estou em crer que Bolsonaro, sim, será derrotado e a sua política desastrosa de violência, genocida até, e que Lula possa ganhar as eleições neste segundo turno, como já ganhou no primeiro”, afirmou.

“Nestes anos de presidência Bolsonaro, nós tivemos um aumento enorme da violência no Brasil, todos os tipos de violência, tivemos um desmatamento na Amazónia que põe a vida de todo o planeta em causa, tivermos uma verdadeira ação genocida, retirando às pessoas até a possibilidade de terem oxigênio, quando estivemos com covid-19”, disse Catarina Martins.

A coordenadora do Bloco de Esquerda sublinhou que Bolsonaro tenha obtido “muito menos votos” do que na anterior eleição, quando foi eleito Presidente do Brasil, vincando que Lula da Silva “vai vencer” a segunda volta.

“Eu percebo que, quando nós vemos tudo o que Bolsonaro representa, gostássemos que as coisas fossem todas muito diferentes [em termos de percentagens], mas na verdade Bolsonaro perdeu votos e Lula ganhou o primeiro turno das eleições”, disse.

PCP

Também o PCP considerou que mais votos a Lula na primeira volta das presidenciais demonstra que os brasileiros “querem uma mudança” e aponta para um reequilíbrio na geopolítica internacional.

A eurodeputada comunista Sandra Pereira, que acompanhou as eleições a partir de São Paulo, disse que houve uma “vitória clara da coligação do PT e dos outros nove partidos, que não só tem quase os 50% para passar à primeira volta, como tem quase mais 5% do que o seu adversário, Jair Bolsonaro”.

“Há aqui um sinal de os brasileiros querem uma mudança e aproveitaram esta oportunidade para afirmar a vontade de retomar um caminho de progresso social, de desenvolvimento e progresso […] que foi interrompido em 2016 com aquele escabroso golpe para destituir a Presidente Dilma Rousseff”, completou.

A confirmação de uma viragem à esquerda do Brasil vai estar, na opinião da eurodeputada, em linha com o que aconteceu em outros países da América Latina, como é caso do Chile, Colômbia e Honduras.

Também haveria um novo “equilíbrio na geopolítica da América Latina” e “outra ordem internacional mais justa, equilibrada, sem imposição de domínios hegemônicos”, numa altura em que vários países estão a virar à direita, inclusive à extrema-direita.

A acompanhar as eleições ‘in loco’, Sandra Pereira referiu que viu “muitos brasileiros a votar pacificamente em São Paulo” e “com maturidade, contrastando com a expectativa que havia de insurreição ou de atos de violência em grande escala em função do resultado.

Chega

Também o líder do partido Chega, que declarou seu apoio a Bolsonaro antes das eleições, tinha mencionado pelas redes sociais “o que está em causa no Brasil é a escolha entre um ex-presidiário amigo do Sócrates e a defesa dos valores da Nação, da Família e da Segurança. Da minha parte não tenho dúvidas!”.

No dia 01 outubro, um dos vídeos partilhados por Bolsonaro nas suas redes sociais foi o do deputado português André Ventura. “Em Portugal não temos dúvidas: Jair Bolsonaro é o melhor presidente para os brasileiros. O regresso de Lula da Silva é uma tragédia para os brasileiros, para a América Latina e para os países de língua portuguesa”, disse presidente do partido Chega.

Bolsonaro também agradeceu, ainda antes da eleição, apoio de outros líderes da direita como ex-presidente Donald Trump, primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, ou deputado espanhol Santiago Abascal, presidente do Vox.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: