Jerónimo/Catarina: Primeiro debate para as eleições liderou audiências dos canais

Mundo Lusíada
Com Lusa

RTP_RadioTVMais de 115 mil espectadores seguiram na terça-feira a noite o debate entre Jerónimo de Sousa, do PCP, e Catarina Martins, do Bloco de Esquerda (BE), na RTP Informação.

“O primeiro debate [para as eleições legislativas], que opôs Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, conquistou uma quota de mercado (share) de 2,4% e 1,2% de audiência média, o que se traduz numa plateia de 115 mil e 700 espectadores”, segundo os dados divulgados pela RTP.

A RTP afirma, em comunicado, que “esta é a emissão, não desportiva, mais vista da RTP Informação” este ano, acrescentando que o debate foi líder de audiências dos canais informativos.

O debate entre o secretário-geral comunista e a porta-voz do BE iniciou o ciclo de frente-a-frente, que contará com uma inédita transmissão em simultâneo pelos três canais de televisão do duelo PassosCoelho/António Costa a 9 de setembro.

Na próxima semana, no dia 8 de setembro, será a vez do confronto de Catarina Martins com o presidente do CDS-PP e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, na SIC Notícias.

Costa e Passos voltam a encontrar-se num igualmente inédito debate transmitido pelas rádios Antena Um, TSF e Rádio Renascença, no dia 17. António Costa defrontará ainda Catarina Martins na TVI 24 no dia 14 de setembro.

Outra das inovações dos debates para as eleições legislativas é a participação de Heloísa Apolónia, de “Os Verdes”, que passou a representar a CDU quando a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) anunciou que seria representada por Paulo Portas. Este debate foi adiado do dia 10 de setembro para o dia 18 pela TVI 24.

Debate
No primeiro dos debates televisivos, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins descartam apoio ao governo PS, “trocaram galhardetes”, admitiram convergências passadas e futuras contra a austeridade e condenaram declarações do eurodeputado do PSD Paulo Rangel sobre a atuação da Justiça relativamente ao poder político e econômico.

“Estamos prontos e preparados para assumir uma alternativa. Seremos parte de um governo em conformidade com a vontade o povo português, com a sua expressão de apoio, não será nunca por favor de outros ou em nome de uma estabilidade governativa”, continuou o líder comunista, rejeitando à partida “este ou aquele lugar para fazer uma política extremamente negativa”, pois “o mundo não acaba ou começa no dia 04 de outubro” e “ninguém é dono dos votos dos portugueses”.

A dirigente bloquista asseverou que “o BE nunca quis ficar de fora de governos, que são constituídos de acordo com os votos que as pessoas têm no dia das eleições”, mas reconheceu que “não houve ainda condições para existir um governo de esquerda”.

“Num governo contra a austeridade, o BE nunca faltará e não tenho dúvida de que o PCP faz parte desse campo importante contra a austeridade. Se seria tudo exatamente igual? Claro que não será. Não há ninguém que não saiba que o BE, como o PCP, nunca deixou de fazer as convergências essenciais para mudar a vida das pessoas. Nunca faltaram a essa responsabilidade”, disse Catarina Martins.

Para Jerónimo de Sousa, “a vida tem demonstrado que o PS, em minoria ou em maioria absoluta, sempre, mas sempre, ao longo destes 39 anos, fez uma opção – a política de direita – e a verdade é que os portugueses têm prova de fato, incluindo neste programa eleitoral [do PS]”, que, segundo o deputado do PCP, só se diferencia da coligação PSD/CDS-PP no “ritmo, modo ou grau” de austeridade.

“Os portugueses têm ou não direito a um desenvolvimento e crescimento econômico soberanos, livres dos constrangimentos e da submissão? É irresponsável não o fazer [estudar e preparar saída da moeda única europeia], por decisão do povo português ou de outros”, insistiu Jerónimo de Sousa, sublinhando os “custos por esta aventura”, do “Portugal no pelotão da frente, Portugal na moda”, que ficou “sem aparelho produtivo”.

Catarina Martins concordou que, “se a união monetária não muda, Portugal tem de estar preparado para uma ruptura para sobreviver” e admitiu que o BE aprendeu “muito com o que aconteceu com a Grécia”.

“Neste momento, na Europa, quem não tiver capacidade para ter uma alternativa que pode passar, eventualmente, pelo rompimento com a união monetária, bem pode acabar no Conselho Europeu a ficar com o plano que o ministro das Finanças alemão tiver feito para o seu país”, anteviu, embora acrescentando que “a saída do euro” não é a “saída para a crise em que o país se encontra”.

Relativamente à polêmica sobre as declarações do social-democrata Paulo Rangel, Jerónimo de Sousa disse ser “inaceitável”, pois “colide com a separação de poderes”, tratando-se de “meios pouco claros” de “combate político”, enquanto Catarina Martins classificou a atuação do eurodeputado do PSD como de “política de toca e foge”, que é “muito feia” e “lamentável”.

No sábado, na Universidade de Verão do PSD, Paulo Rangel elogiou o “ataque sério e consistente” feito nos últimos tempos à corrupção e “promiscuidade” e questionou se “alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um primeiro-ministro sob investigação” [José Sócrates] ou “o maior banqueiro estaria sob investigação” [Ricardo Salgado], declarações que já motivaram duras críticas por parte do PS, juízes e magistrados.

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