Web Summit: Talento português é essencial para organizar edição no Rio de Janeiro

Mundo Lusíada com Lusa

Neste 03 maio, o fundador da Web Summit Paddy Cosgrave declarou que o talento português ‘atrás do palco’ tem sido essencial na organização da conferência que se realiza pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro.

“Tem sido incrível termos falantes de português, temos uma equipe de portugueses incrível”, disse Paddy Cosgrave, em entrevista à agência Lusa, na Web Summit Rio, acrescentando que “dezenas e dezenas de pessoas que trabalham na Web Summit são portugueses”.

“A comunidade empresarial fala inglês, mas muitos dos 2.000 que trabalham na Web Summit aqui não falam inglês, só falam português”, disse. “Ter esta quantidade de staff português ‘atrás do palco’ é essencial”,frisou Paddy Cosgrave.

Além do staff, Portugal está representado na Web Summit Rio por 25 ‘startups’ ligadas a áreas como ‘software’, educação ou inteligência artificial, sendo o segundo maior contingente internacional nesta edição.

BlockBee, Blue Insight Technologies, Deeploy.me, Dizconto, Enline, Frontfiles, Go Beesiness, Hoopers, IDE Social Hub, Infinite Foundry, ITERCARE, Knok Healthcare, LEADZAI, Mentorise, Modatta e Move, assim como a My Data Manager, MyCareforce, ndBIM, Neroes, Sensei, SheerME, Swood, Vawlt Technologies e Wallstreeters são os representantes portugueses.

A cofundadora do movimento Black Lives Matter, Ayọ Tometi, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, responsáveis máximos de bancos e empresas brasileiras, a presidente executiva da plataforma Onlyfans, Amrapali Gan, e o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva, juntam se aos mais de 300 oradores, às cerca de 900 ‘startups’, investidores e jornalistas, de mais de 100 países, numa cimeira na qual são discutidos temas como tecnologia, sociedade, inteligência artificial, alterações climáticas, entre outros.

Entre os vários oradores estão ainda o secretário de Estado da Internacionalização português, Bernardo Ivo Cruz, vários atores e apresentadores brasileiros, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, o ex-jogador da seleção portuguesa de futebol Deco e a apresentadora portuguesa Cristina Ferreira.

O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações, em Lisboa, em 2016, e vai manter-se na capital portuguesa até 2028. A empresa anunciou recentemente a expansão para o Médio Oriente, com a Web Summit Qatar prevista para o início de 2024.

Sobre a próxima edição que se realiza em novembro em Lisboa, Paddy Cosgrave disse à Lusa que apesar do aumento dos preços dos bilhetes “pela primeira vez em Lisboa” não existiu diminuição de procura.

Língua portuguesa

Já na terça-feira, o secretário de Estado da Internacionalização afirmou, ao enaltecer o fato de a Web Summit se realizar em Lisboa e no Rio de Janeiro, que a língua portuguesa é uma “língua de tecnologia e de negócios modernos”.

“A língua portuguesa começa a ser um instrumento” e “não é por acaso que a maior montra de tecnologia do mundo anda de países de língua portuguesa”, disse aos jornalistas Bernardo Ivo Cruz, na Web Summit Rio.

O responsável português, um dos oradores numa palestra sobre internacionalismo, destacou ainda que “onde a Web Summit se instala é nos países dos países de língua portuguesa, que é a língua mais falada no hemisfério sul”.

“Começa a ser também uma língua de tecnologia e de negócios modernos, e isso também é muito importante para nós, a capacidade que a nossa língua tem de se modernizar e de se adaptar”, disse.

“Quando queremos falar de tecnologia, falamos de Lisboa ou do Rio”, sublinhou.

Sobre o contigente português presente na primeira edição da Web Summit na América do Sul, disse que “Portugal está muito bem posicionado, a economia da inteligência, do talento, do turismo tecnológica, da inovação, da modernidade”, disse Bernardo Ivo Cruz.

“Portugal tem vindo a ganhar espaço nesta economia do saber”, frisou, acrescentando que as empresas portuguesas não se assustam, antes abraçam “este modelo econômico”.

Cabo Verde
Representantes de duas startups cabo-verdianas presentes na primeira edição do evento, no Rio de Janeiro, disseram hoje à Lusa que superaram as expectativas e que se sentem capazes de competir no mercado brasileiro.

“O balanço é ótimo, até ao momento está superando as nossas expectativas”, afirmou à Lusa, na quarta-feira, penúltimo dia de uma das maiores conferências tecnológicas do mundo, o responsável pela AZ Inovação e Tecnologia, Anísio Gonçalves.

Até agora, disse, a sua empresa ligada a prestação de serviço, venda de software, está a cumprir todos os objetivos a que se propôs.

“É um evento de envergadura mundial onde encontramos imensas soluções, imensas oportunidades”, afirmou.

Já o responsável pela Cvbuy.cv, Amilson Garcia, uma startup de marketplace e ecommerce, disse à Lusa acreditar que este evento mostrou que as startups de Cabo Verde demonstraram que conseguem competir” nesse mercado mais avançado”

“[Este evento é] muito importante porque nos ajuda a ter uma visão mais clara do que está a ser feito aqui neste mercado que já está mais avançado e que nos permite levar todo esse conhecimento para o nosso mercado e inovar o nosso mercado”, explicou.

“Estando aqui e vendo as startups existentes aqui nos ajuda a ver com clareza a vantagem e a importância da nossa própria startup”, disse, acrescentando que comparando com o que existe aqui, a sua startup é muito semelhante e avançada.

“Eu acredito que conseguimos competir nesse mercado mais avançado e ter a capacidade de angariar bons investimentos com bons investidores internacionais”, sublinhou.

Além da presença de duas ‘startups’, através do programa “GoGlobal”, operacionalizado pela Cabo Verde Digital, o evento contou na terça-feira com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, que procurou mostrar o país ao mercado brasileiro na Web Summit Rio, como um lugar para investimentos.

“No Brasil nós precisamos de estar presentes. Mostrar que Cabo Verde existe”, afirmou Ulisses Correia e Silva, em conferência de imprensa, depois de ter participado numa palestra na Web Summit, no Rio de Janeiro, em que procurou demonstrar as qualidades do país para investidores e nômades digitais que queiram se instalar na ilha.

“O Brasil conhece Cabo Verde por outras coisas, não conhece Cabo Verde por causa do digital”, disse Correia e Silva, frisando que a intenção do país “é atrair o interesse do investidor brasileiro para Cabo Verde”.

“Nós estamos próximos, três horas e meia Fortaleza-Praia”, afirmou, piscando o olho ao turismo do gigante sul-americano. Ulisses Correia e Silva disse ainda que o objetivo é estar cada vez mais presente no Brasil.

“Estamos a ver se preparamos um fórum de Cabo Verde no Brasil para pôr em contacto investidores cabo-verdianos e investidores brasileiros e apresentar o país”, anunciou o primeiro-ministro de Cabo Verde.

O objetivo, frisou, passa por alterar a percepção do que é Cabo Verde, um país que, na sua opinião, evoluiu muito nos últimos 30 anos em áreas importantes como a tecnológica.

Procurando cativar nómadas digitais brasileiros para Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva afirmou que “é já uma realidade que existe em Cabo Verde”, mas que ainda existe “muito por explorar” de forma a “aumentar o nível da participação do Brasil em todas as áreas da economia, comércio, na área da indústria, na área das tecnologias, economia azul”.

Sobre o uso tecnológico nas mudanças climáticas, o primeiro-ministro de Cabo Verde disse ser uma matéria de “dimensão muito importante”.

O país, apontou, tem sol, vento e mar, sendo que o objetivo passa agora por “transformar esse recurso em energia, utilizando mais investigação” para serem “muito mais eficientes nessa transformação de transição energética”.

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