Presidente – Inflação na Europa “vai no bom caminho”

Da Redação com Lusa

O Presidente português considerou hoje que a inflação “vai no bom caminho” na Europa e apelou aos economistas que tenham um raciocínio mais aberto, em alusão à possibilidade de baixar as taxas de juro.

Falando aos jornalistas em Faro, à margem do Encontro Nacional da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, Marcelo Rebelo de Sousa destacou as descidas da taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor e da taxa de inflação homóloga da zona euro anunciadas hoje.

“A Europa, já não falo de Portugal – nós descemos, mas um bocadinho, 0,1%, em termos de inflação –, mas na Europa foi mais de um ponto, 1,3%. Quer dizer que a Europa, em geral, mesmo os países que estavam muito elevados, os bálticos, da Europa de leste, e que pesavam muito na média europeia, estão a conhecer essa evolução. Isso mostra que é um fenômeno que está em curso, ninguém acha que foi consequência da última decisão do Banco Central Europeu, não produz efeitos assim em 15 dias”, disse.

O Presidente da República afirmou que “há uma tendência” e que espera que, “à medida que a tendência seja mais visível”, haja mais abertura dos economistas, numa referência à possível redução das taxas de juro.

“[Que] os mais rígidos dos economistas comecem a ter, já não é um coração um bocadinho mais mole, é que comecem a ter um raciocínio mais aberto para a compreensão de que a inflação vai no bom caminho, [mas] a situação de muitas famílias, por causa dos juros, continua no mau caminho”, sustentou.

No seu discurso, proferido minutos antes, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha abordado a “boa notícia” de hoje.

“Está a baixar a inflação a nível europeu e baixou também um bocadinho em Portugal. Vamos lá ver se isso chega às mulheres e aos homens importantes das finanças da Europa e do Mundo para ajudarem naquilo que entenderem que devem ajudar”, declarou.

A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor terá sido de 3,6% em setembro, taxa inferior em 0,1 pontos percentuais à de agosto, segundo a estimativa rápida divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A taxa de inflação homóloga da zona euro abrandou, em setembro, para os 4,3%, face à de 5,2% de agosto, segundo uma estimativa rápida hoje publicada pelo Eurostat.

Sem abrigo

EM Faro, o Presidente afirmou que o país tem de fazer um esforço para “reduzir drasticamente” o número de sem-abrigo até 2026, que aumentou nos últimos anos devido à pandemia, inflação e crise na habitação.

“Naquilo que depender de nós – eu sei que o governo está muito empenhado, a senhora ministra está muito empenhada e estas equipas são sensacionais –, vamos fazer tudo para até 2026 reduzir bastante o número” de pessoas em situação de sem-abrigo, disse.

Depois de, em 2019 ter assumido o compromisso de, em conjunto com o Governo, acabar com as situações de sem-abrigo até 2023, o chefe de Estado admitiu que essa meta se tornou “impossível” de cumprir após a pandemia de covid-19.

“Na transição de 2020 para 2021, eu disse: isto vai apontar, vamos lá ver se, para 2026. Vamos fazer um esforço para conseguir em 2026 ter uma cobertura nacional em termos de prevenção e de resposta e, por outro lado, reduzir drasticamente o número”, reiterou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o número de sem-abrigo em 2019 “estava aquém” das atuais 10.773 pessoas nessa situação, identificadas pelas autarquias e associações que trabalham na área.

“Veio a guerra, veio este problema da habitação, veio o problema da inflação que deitou para a rua muita gente de várias idades, obrigou-os realmente a essa situação de sem-abrigo”, prosseguiu.

Na atualidade, frisou o Presidente da República, “o que tem havido sobretudo é problemas de habitação, custos de habitação”, além dos “problemas de migrações”, que “aumentaram ligeiramente também por causa da guerra”, e, em terceiro lugar, a inflação, que “teve consequências em todas as famílias portuguesas ao longo de 2022 e 2023”.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou que é necessário “uma corrida contrarrelógio” aos fundos europeus para a habitação.

“Estes fundos comunitários que temos agora até ao final da década, provavelmente não voltaremos a ter na mesma forma. Também aqui há que utilizá-los para encontrar uma solução justa, digna e humana para um fenômeno que, na parte que depende de nós, tem de ter essa resposta. Prevenindo e depois arranjando maneira de intervir na habitação, na saúde, no emprego. Na parte que não depende de nós, estamos sempre muito condicionados pela economia internacional, pelos juros que sobem ou não sobem”, sublinhou.

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